Rio Grande do Sul atrai mais de R$ 50 bilhões em investimentos em 2021

Volume de aportes anunciados ou realizados ao longo de 2021 no RS registra forte crescimento e supera somas de anos anteriores à pandemia

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O ano passado encerrou cercado pela expectativa em torno da vacinação da população contra a Covid-19 e de como seria a retomada econômica. Veio o ano de 2021 e o Rio Grande do Sul alcançou um dos mais altos índices de imunização da população no País, dado que foi acompanhado por uma promissora recuperação de aportes em diversos setores.
Levantamento realizado pelo Jornal do Comércio para o

Incentivos para receber investimentos

"Hoje temos empresas saindo do Oeste de Santa Catarina e investindo no Rio Grande do Sul, porque lá não tem estradas e aqui estamos investindo neste sentido." A afirmação é do secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Edson Brum, que destaca iniciativas para atrair investimentos ao Estado.
Uma delas é o Fundo Operação Empresa (Fundopem), programa de incentivo fiscal do Estado. Foram R$ 357,84 milhões em 29 projetos aprovados. Na reta final de 2021, o governo anunciou uma nova roupagem, o chamado Fundopem Express, que vai destinar incentivos com utilização direta do abatimento no ICMS devido, dispensando garantias bancárias, desde que sejam recursos para indústrias de pequeno e médio porte, com faturamento anual de até R$ 300 milhões por ano.
"Para recuperar a economia depois de um 2020 tão afetado pela pandemia, precisávamos agir para facilitar. O setor do varejo, por exemplo, nos procurou porque o endividamento estava acabando com muitos negócios. Criamos o RS Garante, oferecendo até R$ 180 mil em financiamentos pelo Badesul, e isso fez com que os pequenos conseguissem buscar dinheiro. Tivemos o decreto do e-commerce, o ICMS diferenciado para o milho, para o aço dos silos. Além da extinção do Difal, que eram 6% perdidos na entrada do Estado", lista o secretário.
Conforme a Junta Comercial, 188.744 empresas foram criadas no Rio Grande do Sul entre janeiro e setembro de 2021. Um saldo positivo de 117.902 empresas.
Brum ainda considera como um ativo a privatização da Sulgás. Ele projeta que a gestão da Compass, que venceu o leilão, trará mais investimentos. "Por mais de uma vez, empresas interessadas em se instalar no Estado calcularam quanto seria seu custo com gás. O problema é que o gás não chega na região de interesse deles. E o Estado não conseguiria dar conta deste avanço, nada melhor do que vender à iniciativa privada, que vai recuperar este tempo perdido na infraestrutura", avalia.

Empresários demonstram otimismo com o cenário atual

O presidente da Federasul, Anderson Trautman Cardoso, analisa como positivo o ano de 2021 para o Estado e aposta em crescimento para o próximo ano. "Espero que o Rio Grande do Sul cresça em 2022, e bastante. Excelentes sinais foram a nossa recuperação de empregos, o fortalecimento do agronegócio e a agenda de ajustes nas contas públicas estaduais. Claro que o cenário nacional é desafiador e a pandemia ainda deixará uma conta a ser paga. Mas creio que o Rio Grande do Sul sai em vantagem", avalia.
Os bons sinais, aponta Cardoso, podem ser vistos no aquecimento do setor de varejo e serviços. "Depois do impacto fortíssimo da pandemia, com o avanço da vacinação vimos o setor que depende do consumo, das pessoas nas ruas, reaquecer fortemente. Isso gera confiança e impulsiona naturalmente o comércio e o serviço. E se formos considerar o setor alimentício, melhor ainda."
Para a indústria de transformação, aponta a Fiergs, os resultados de 2021 também indicam crescimento. Nos primeiros nove meses do ano, as exportações totalizaram US$ 10,1 bilhões. É superior até mesmo ao acumulado no mesmo período de 2019, antes da pandemia. Em agosto, a utilização da capacidade instalada nas indústrias gaúchas chegou a 85%, o maior nível nos últimos 11 anos. Conforme levantamento da Fiergs, 64% das indústrias gaúchas ouvidas em setembro estavam dispostas a aumentar investimentos nos seis meses seguintes.

Mercado imobiliário está aquecido

O recorte dos aportes no Rio Grande do Sul em 2021 mostra um avanço de lançamentos importantes de empreendimentos imobiliários. Os grandes investimentos deste ano somam R$ 4,934 bilhões, aponta o Anuário de 2021. "Foi um ano atípico. Iniciamos com um cenário de créditos facilitados pela taxa de juros em baixa, e por isso, um grande número de lançamentos e vendas. Depois, mesmo com a questão da alta nos juros, surpreendentemente, o setor não esfriou", observa o vice-presidente do Sinduscon, Cláudio Teitelbaum.
Segundo o dirigente, especialmente alguns nichos se mostram aquecidos, mesmo com maior dificuldade de acesso a crédito pelo consumidor. "O Litoral, a Serra e pontos específicos de Porto Alegre, como a orla e o Centro estendido, em direção ao 4º Distrito receberão muitos projetos", aponta. Teitelbaum destaca ainda a agilidade em licenciamentos, especialmente em Porto Alegre. O sindicato contabiliza 326 empreendimentos em obras ou anunciados. Só em setembro, foram R$ 814 milhões em valor geral de vendas (VGV).
"Para 2022, temos alguns cenários que exigem atenção, como a possibilidade de taxa de juros em dois dígitos, mas possivelmente já teremos uma estabilidade nos custos de materiais de construção, que chegaram a 120% de aumento em alguns casos. Depois da recuperação, não temos mais como voltar. Os próximos anos serão de crescimento para o setor", projeta.