Incentivos para receber investimentos
"Hoje temos empresas saindo do Oeste de Santa Catarina e investindo no Rio Grande do Sul, porque lá não tem estradas e aqui estamos investindo neste sentido." A afirmação é do secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Edson Brum, que destaca iniciativas para atrair investimentos ao Estado.
Uma delas é o Fundo Operação Empresa (Fundopem), programa de incentivo fiscal do Estado. Foram R$ 357,84 milhões em 29 projetos aprovados. Na reta final de 2021, o governo anunciou uma nova roupagem, o chamado Fundopem Express, que vai destinar incentivos com utilização direta do abatimento no ICMS devido, dispensando garantias bancárias, desde que sejam recursos para indústrias de pequeno e médio porte, com faturamento anual de até R$ 300 milhões por ano.
"Para recuperar a economia depois de um 2020 tão afetado pela pandemia, precisávamos agir para facilitar. O setor do varejo, por exemplo, nos procurou porque o endividamento estava acabando com muitos negócios. Criamos o RS Garante, oferecendo até R$ 180 mil em financiamentos pelo Badesul, e isso fez com que os pequenos conseguissem buscar dinheiro. Tivemos o decreto do e-commerce, o ICMS diferenciado para o milho, para o aço dos silos. Além da extinção do Difal, que eram 6% perdidos na entrada do Estado", lista o secretário.
Conforme a Junta Comercial, 188.744 empresas foram criadas no Rio Grande do Sul entre janeiro e setembro de 2021. Um saldo positivo de 117.902 empresas.
Brum ainda considera como um ativo a privatização da Sulgás. Ele projeta que a gestão da Compass, que venceu o leilão, trará mais investimentos. "Por mais de uma vez, empresas interessadas em se instalar no Estado calcularam quanto seria seu custo com gás. O problema é que o gás não chega na região de interesse deles. E o Estado não conseguiria dar conta deste avanço, nada melhor do que vender à iniciativa privada, que vai recuperar este tempo perdido na infraestrutura", avalia.
Empresários demonstram otimismo com o cenário atual
O presidente da Federasul, Anderson Trautman Cardoso, analisa como positivo o ano de 2021 para o Estado e aposta em crescimento para o próximo ano. "Espero que o Rio Grande do Sul cresça em 2022, e bastante. Excelentes sinais foram a nossa recuperação de empregos, o fortalecimento do agronegócio e a agenda de ajustes nas contas públicas estaduais. Claro que o cenário nacional é desafiador e a pandemia ainda deixará uma conta a ser paga. Mas creio que o Rio Grande do Sul sai em vantagem", avalia.
Os bons sinais, aponta Cardoso, podem ser vistos no aquecimento do setor de varejo e serviços. "Depois do impacto fortíssimo da pandemia, com o avanço da vacinação vimos o setor que depende do consumo, das pessoas nas ruas, reaquecer fortemente. Isso gera confiança e impulsiona naturalmente o comércio e o serviço. E se formos considerar o setor alimentício, melhor ainda."
Para a indústria de transformação, aponta a Fiergs, os resultados de 2021 também indicam crescimento. Nos primeiros nove meses do ano, as exportações totalizaram US$ 10,1 bilhões. É superior até mesmo ao acumulado no mesmo período de 2019, antes da pandemia. Em agosto, a utilização da capacidade instalada nas indústrias gaúchas chegou a 85%, o maior nível nos últimos 11 anos. Conforme levantamento da Fiergs, 64% das indústrias gaúchas ouvidas em setembro estavam dispostas a aumentar investimentos nos seis meses seguintes.
Mercado imobiliário está aquecido
O recorte dos aportes no Rio Grande do Sul em 2021 mostra um avanço de lançamentos importantes de empreendimentos imobiliários. Os grandes investimentos deste ano somam R$ 4,934 bilhões, aponta o Anuário de 2021. "Foi um ano atípico. Iniciamos com um cenário de créditos facilitados pela taxa de juros em baixa, e por isso, um grande número de lançamentos e vendas. Depois, mesmo com a questão da alta nos juros, surpreendentemente, o setor não esfriou", observa o vice-presidente do Sinduscon, Cláudio Teitelbaum.
Segundo o dirigente, especialmente alguns nichos se mostram aquecidos, mesmo com maior dificuldade de acesso a crédito pelo consumidor. "O Litoral, a Serra e pontos específicos de Porto Alegre, como a orla e o Centro estendido, em direção ao 4º Distrito receberão muitos projetos", aponta. Teitelbaum destaca ainda a agilidade em licenciamentos, especialmente em Porto Alegre. O sindicato contabiliza 326 empreendimentos em obras ou anunciados. Só em setembro, foram R$ 814 milhões em valor geral de vendas (VGV).
"Para 2022, temos alguns cenários que exigem atenção, como a possibilidade de taxa de juros em dois dígitos, mas possivelmente já teremos uma estabilidade nos custos de materiais de construção, que chegaram a 120% de aumento em alguns casos. Depois da recuperação, não temos mais como voltar. Os próximos anos serão de crescimento para o setor", projeta.