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Reportagem Especial

- Publicada em 05 de Dezembro de 2021 às 20:43

Rio Grande do Sul atrai mais de R$ 50 bilhões em investimentos em 2021

Levantamento do JC mapeia 150 grandes aportes no Estado; CMPC, que tem fábrica em Guaíba investirá R$ 2,76 bilhões

Levantamento do JC mapeia 150 grandes aportes no Estado; CMPC, que tem fábrica em Guaíba investirá R$ 2,76 bilhões


FABIANO PANIZZI/DIVULGAÇÃO/JC
O ano passado encerrou cercado pela expectativa em torno da vacinação da população contra a Covid-19 e de como seria a retomada econômica. Veio o ano de 2021 e o Rio Grande do Sul alcançou um dos mais altos índices de imunização da população no País, dado que foi acompanhado por uma promissora recuperação de aportes em diversos setores.
O ano passado encerrou cercado pela expectativa em torno da vacinação da população contra a Covid-19 e de como seria a retomada econômica. Veio o ano de 2021 e o Rio Grande do Sul alcançou um dos mais altos índices de imunização da população no País, dado que foi acompanhado por uma promissora recuperação de aportes em diversos setores.
Levantamento realizado pelo Jornal do Comércio para o Anuário de Investimentos do Rio Grande do Sul aponta que foram anunciados ou realizados R$ 50,27 bilhões neste ano. É mais do que o dobro do ano passado, e cerca de 60% a mais do que os R$ 31,2 bilhões de 2019, antes da pandemia.
É o melhor resultado nos quatro anos em que a pesquisa do JC foi realizada. O dado também acompanha a carteira de investimentos, que inclui projetos anunciados em anos anteriores que ainda não saíram do papel, mas seguem em tramitação ou em busca de recursos. Nessa lista, são R$ 76,807 bilhões. É uma soma bem maior do que os R$ 55,6 bilhões de 2020. O dado também supera o número de 2019, anterior à pandemia, quando havia uma carteira de R$ 65,6 bilhões.
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O secretário estadual do Desenvolvimento Econômico, Edson Brum, celebra a retomada e cita alguns investimentos de indústrias de peso. "O Rio Grande do Sul voltou ao radar dos grandes players mundiais. Foi um ano com anúncios de grandes investimentos da JBS, BRF, Stihl, CMPC. O índice de vacinação foi fundamental - mais de 77% ao final de outubro -, sempre estivemos na dianteira no Brasil, e isso estimulou a retomada econômica. Além disso, o governo foi pró-ativo na atração dos investimentos", completa.
O otimismo se reflete no Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), da Fiergs, acima dos 60 pontos durante todo o ano até outubro. Para o economista Fernando Cruz, do Departamento de Economia e Estatística (DEE), porém, o momento não pode ser confundido com euforia, porque o horizonte, no contexto nacional e internacional, ainda é nebuloso. Para ele, 2021 pode ser interpretado como um ano de recuperação, com retomada dos padrões econômicos anteriores à pandemia.
"É preciso compreender que em 2020 tivemos quedas de PIB no mundo inteiro, e no Rio Grande do Sul, atingimos a maior queda histórica, com -7%. Em 2021, as safras, por exemplo, ajudaram muito e o Estado já recuperou o nível do PIB pré-pandemia. É o início da recuperação, mas o cenário futuro ainda é desafiador", explica o especialista.
Segundo Cruz, a receita escolhida pelo Estado foi a melhor possível, "vendendo bem o seu 'produto', seja como um investidor direto ou preparando o terreno com infraestrutura para o investidor privado, e isso pode fazer a diferença no próximo ano".
No entanto, ele adverte que os investidores estão atentos ao que se desenha para 2022. "Tem o cenário eleitoral, obstáculos logísticos, inflação em alta, o furo do teto de gastos federais e a influência disso na confiança dos investidores, além da perspectiva de uma crise energética. Hoje, mesmo que o Estado faça a sua parte, prepare o terreno para investimentos e não tenhamos problema com a safra, os fatores nacionais serão preponderantes", avalia.

Incentivos para receber investimentos

Secretário Edson Brum elenca ações, como os financiamentos do Badesul

Secretário Edson Brum elenca ações, como os financiamentos do Badesul


/MARCO QUINTANA//arquivoJC
"Hoje temos empresas saindo do Oeste de Santa Catarina e investindo no Rio Grande do Sul, porque lá não tem estradas e aqui estamos investindo neste sentido." A afirmação é do secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Edson Brum, que destaca iniciativas para atrair investimentos ao Estado.
Uma delas é o Fundo Operação Empresa (Fundopem), programa de incentivo fiscal do Estado. Foram R$ 357,84 milhões em 29 projetos aprovados. Na reta final de 2021, o governo anunciou uma nova roupagem, o chamado Fundopem Express, que vai destinar incentivos com utilização direta do abatimento no ICMS devido, dispensando garantias bancárias, desde que sejam recursos para indústrias de pequeno e médio porte, com faturamento anual de até R$ 300 milhões por ano.
"Para recuperar a economia depois de um 2020 tão afetado pela pandemia, precisávamos agir para facilitar. O setor do varejo, por exemplo, nos procurou porque o endividamento estava acabando com muitos negócios. Criamos o RS Garante, oferecendo até R$ 180 mil em financiamentos pelo Badesul, e isso fez com que os pequenos conseguissem buscar dinheiro. Tivemos o decreto do e-commerce, o ICMS diferenciado para o milho, para o aço dos silos. Além da extinção do Difal, que eram 6% perdidos na entrada do Estado", lista o secretário.
Conforme a Junta Comercial, 188.744 empresas foram criadas no Rio Grande do Sul entre janeiro e setembro de 2021. Um saldo positivo de 117.902 empresas.
Brum ainda considera como um ativo a privatização da Sulgás. Ele projeta que a gestão da Compass, que venceu o leilão, trará mais investimentos. "Por mais de uma vez, empresas interessadas em se instalar no Estado calcularam quanto seria seu custo com gás. O problema é que o gás não chega na região de interesse deles. E o Estado não conseguiria dar conta deste avanço, nada melhor do que vender à iniciativa privada, que vai recuperar este tempo perdido na infraestrutura", avalia.

Empresários demonstram otimismo com o cenário atual

Anderson Cardoso, da Federasul, diz que os bons sinais são visíveis

Anderson Cardoso, da Federasul, diz que os bons sinais são visíveis


/LUIZA PRADO/JC
O presidente da Federasul, Anderson Trautman Cardoso, analisa como positivo o ano de 2021 para o Estado e aposta em crescimento para o próximo ano. "Espero que o Rio Grande do Sul cresça em 2022, e bastante. Excelentes sinais foram a nossa recuperação de empregos, o fortalecimento do agronegócio e a agenda de ajustes nas contas públicas estaduais. Claro que o cenário nacional é desafiador e a pandemia ainda deixará uma conta a ser paga. Mas creio que o Rio Grande do Sul sai em vantagem", avalia.
Os bons sinais, aponta Cardoso, podem ser vistos no aquecimento do setor de varejo e serviços. "Depois do impacto fortíssimo da pandemia, com o avanço da vacinação vimos o setor que depende do consumo, das pessoas nas ruas, reaquecer fortemente. Isso gera confiança e impulsiona naturalmente o comércio e o serviço. E se formos considerar o setor alimentício, melhor ainda."
Para a indústria de transformação, aponta a Fiergs, os resultados de 2021 também indicam crescimento. Nos primeiros nove meses do ano, as exportações totalizaram US$ 10,1 bilhões. É superior até mesmo ao acumulado no mesmo período de 2019, antes da pandemia. Em agosto, a utilização da capacidade instalada nas indústrias gaúchas chegou a 85%, o maior nível nos últimos 11 anos. Conforme levantamento da Fiergs, 64% das indústrias gaúchas ouvidas em setembro estavam dispostas a aumentar investimentos nos seis meses seguintes.

Mercado imobiliário está aquecido

Grandes empreendimentos imobiliários somam investimentos de R$ 4,9 bilhões

Grandes empreendimentos imobiliários somam investimentos de R$ 4,9 bilhões


LUIZA PRADO/JC
O recorte dos aportes no Rio Grande do Sul em 2021 mostra um avanço de lançamentos importantes de empreendimentos imobiliários. Os grandes investimentos deste ano somam R$ 4,934 bilhões, aponta o Anuário de 2021. "Foi um ano atípico. Iniciamos com um cenário de créditos facilitados pela taxa de juros em baixa, e por isso, um grande número de lançamentos e vendas. Depois, mesmo com a questão da alta nos juros, surpreendentemente, o setor não esfriou", observa o vice-presidente do Sinduscon, Cláudio Teitelbaum.
Segundo o dirigente, especialmente alguns nichos se mostram aquecidos, mesmo com maior dificuldade de acesso a crédito pelo consumidor. "O Litoral, a Serra e pontos específicos de Porto Alegre, como a orla e o Centro estendido, em direção ao 4º Distrito receberão muitos projetos", aponta. Teitelbaum destaca ainda a agilidade em licenciamentos, especialmente em Porto Alegre. O sindicato contabiliza 326 empreendimentos em obras ou anunciados. Só em setembro, foram R$ 814 milhões em valor geral de vendas (VGV).
"Para 2022, temos alguns cenários que exigem atenção, como a possibilidade de taxa de juros em dois dígitos, mas possivelmente já teremos uma estabilidade nos custos de materiais de construção, que chegaram a 120% de aumento em alguns casos. Depois da recuperação, não temos mais como voltar. Os próximos anos serão de crescimento para o setor", projeta.