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Publicada em 31 de Dezembro de 2019 às 23:03

Educação financeira começa cedo: 4 exemplos de como fazer isso na prática

Alunos de colégio de Porto Alegre vão ao súper e à feira para aprender como gastar o dinheiro

Alunos de colégio de Porto Alegre vão ao súper e à feira para aprender como gastar o dinheiro

PATRÍCIA COMUNELLO /ESPECIAL/JC/
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Patrícia Comunello
Onde começam as lições básicas sobre como gastar o dinheiro? O assunto ganhou em 2019 tamanha relevância que, claro, foi parar na sala de aula e também virou tema de primeira necessidade em instituições que atuam com crédito. Para ajudar quem ainda tenta ou quer dar os primeiros passos, o #fin buscou quatro iniciativas que focam educação financeira. Confira!
Onde começam as lições básicas sobre como gastar o dinheiro? O assunto ganhou em 2019 tamanha relevância que, claro, foi parar na sala de aula e também virou tema de primeira necessidade em instituições que atuam com crédito. Para ajudar quem ainda tenta ou quer dar os primeiros passos, o #fin buscou quatro iniciativas que focam educação financeira. Confira!

Da sala de aula para a feira

Em julho de 2019, a professora do Colégio Batista Karen Prestes Henrique Linck, em Porto Alegre, teve uma ideia. Por que não buscar fora da sala de aula ensinamentos sobre o que estava tratando no projeto de educação financeira que a instituição adotou? Foi o que ela fez, e a turma embarcou na aventura, que o #fin teve a chance de acompanhar
Raquel conta que a ideia de levar a turma do 4º Ano do Ensino Fundamental buscou inserir comparações de preços entre o que é praticado no supermercado e na feira. "Estamos em um projeto que visa ao consumo consciente. A ideia é que eles possam comparar e criticar", cita a professora. "É muito fácil ir ao súper com os pais e ir pegando o que quer. É importante valorizar o dinheiro", reforça ela. 
#finVÍDEO: Alunos encaram pesquisa de preço em súper e na feira 

Olimpíada testa gestão financeira de crianças e adolescentes

Eles não podem nem trabalhar, não ganham seu próprio dinheiro, no máximo, têm de gerir a mesada, mas já estão testando conhecimentos básicos de como fazer a melhor gestão financeira. Este foi o clima entre os 40 finalistas da 1ª Olimpíada Brasileira de Educação Financeira (OBEF), que ocorreu em 9 de novembro, em Porto Alegre e outras capitais pelo País.
A iniciativa foi liderada por um grupo da Faculdade de Ciências Econômicas (FCE) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e atrair professores e pais de participantes classificados nas duas etapas anteriores de diversas cidades gaúchas.
#finVÍDEO: Crianças e pais falam sobre impactos de saber lidar com o dinheiro
Nas três fases, mais de 2 mil alunos das redes de Ensino Básico testaram suas habilidades em responder a questões com temas como juros, o uso do dinheiro, perfil de gastos e outras questões para avaliar o conhecimento em cada nível escolar. De São Luis Gonzaga, quase na fronteira com a Argentina, vieram mães com seus filhos de sete a nove anos. "Aprendendo desde cedo, eles vão saber valorizar mais o dinheiro e saber economizar", diz Ritieli Ferreira Cantini, mãe de Eduarda, oito anos. "A gente aprende o que tem de comprar por necessidade e o que é supérfluo", explica Eduarda.
A coordenadora do projeto e professora da FCE, Wendy Carraro, cita que os temas básicos justamente ajudam a preparar mais os pequenos e até as famílias, pois muitos levam para casa o que aprendem nas escolas. Mais e mais estabelecimentos adotam as lições de educação financeira, seja como uma disciplina ou  e como conteúdo que é inserido em outras áreas do conhecimento.
"Estamos formando indivíduos que vão estar mais preparados para tomar decisões sobre o seu dinheiro", destaca Wendy.

Disciplina extracurricular ensina a estudantes o valor do dinheiro

Severo (em pé) confere como os alunos planejaram férias com limite de dinheiro para gastar

Severo (em pé) confere como os alunos planejaram férias com limite de dinheiro para gastar

CLAITON DORNELLES /JC
Qual é o melhor jeito de começar a aprender sobre o valor do dinheiro? Uma escola de Porto Alegre atendeu aos pedidos dos próprios alunos e criou uma disciplina extracurricular sobre educação financeira. E o resultado já está aparecendo.
De quanto custam todos os meses para os pais à taxa que se paga de anuidade do cartão de crédito, os estudantes de Ensino Médio do Colégio Marista Ipanema, na zona sul da Capital gaúcha, descobriram que nada é de graça. Aliás, a primeira lição que receberam na sala de aula do educador financeiro Adriano Severo foi fazer a conta das despesas que cada um gera à família.
"A minha mãe somou os gastos com viagem, comida, transporte, etc e deu uns R$ 4 mil por mês comigo", contabilizou Giulia Rillo Rocha. "É bastante", concluiu, fazendo uma autoavaliação e admitindo que "gastava com coisas desnecessárias, comprando roupa que não preciso ou produto mais caro no súper".
"Parei para pensar e dá para pagar muita coisa com esse dinheiro. Falei com ela (minha mãe) e vamos dar uma 'ajeitada'. Vou economizar porque quero fazer intercâmbio fora do País e investir no meu inglês. Tudo isso custa dinheiro, né", concluiu a jovem.
#finVÍDEO: As primeiras lições sobre finanças os alunos não vão esquecer  
O conteúdo de seis encontros teve muitos exemplos práticos, como o exercício de quanto cada um deles custa à família. Severo aposta que é o melhor jeito de aprender finanças pessoais para quem está na faixa dos 14 aos 17 anos.
As atividades também incluíram levantar objetos que não eles não usam mais e que podem ser vendidos gerando um dinheiro extra, até como montar viagens de férias de 30 dias para quatro pessoas, com destinos no Brasil e no exterior, com limite de gasto de R$ 40 mil.  
"É tanto dinheiro que não sabemos bem o que fazer, por onde começar", admite Gabriel de Borges Sattler, sobre o desafio de fazer caber os desejos das férias no limite do orçamento dado pelo professor. "O segredo é fazer os roteiros e montar as opções de lazer com o dinheiro que se tem", orientou o educador. "Tem de caber no orçamento", resume Severo, citando uma regra de ouro do planejamento das finanças pessoais. 
Isabela Maria Martins Brum diz que foi o exercício de que mais gostou. "Descobri que a gente gasta muita coisa no impulso e também que, dependendo da data em que se comprar a passagem aérea, a diferença pode ser de até R$ 2 mil!", cita Isabela.
Além disso, Gabriel também já decidiu vender o violão que não toca mais. O colega Arthur Pinto Lages reuniu uma bicicleta e um mouse de computador para o mos fim. Os dois vão fazer um 'dinheirinho'. "Não sabia muito bem como fazer isso, aí surgiu essa aula na escola e agarrei a chance para aprender", valoriza Arthur.
"Tem de aprender a priorizar", completa Lucas Rodrigues Madeira, que abriu o jogo durante a reportagem do #fin - Finanças e Investimentos. "Torrava toda a mesada de R$ 350,00 que recebia. Agora quero guardar um pouco. Ah, e quero trabalhar com investimentos na bolsa de valores no futuro. Meu avô já faz isso", completa.   
A capacidade da turma de rapidamente assimilar as estratégias surpreendeu Severo, que vê na geração dos millenials, que identifica o comportamento da faixa etária dos alunos da turma, novas formas de encarar a relação com o dinheiro. O acesso à internet é uma das influências, acredita.          

Quatro passos para gerir as finanças pessoais e realizar sonhos

Fernanda aponta que o método prevê controle de gastos, sonhos, orçamento e poupança

Fernanda aponta que o método prevê controle de gastos, sonhos, orçamento e poupança

LUIZA PRADO/JC
É possível organizar a vida financeira de forma rápida? Como, por exemplo, saber onde está gastando o dinheiro e como pode sobrar também para projetos futuros? Sim, é possível, mas é preciso ter método.
Seguindo a ideia de levar informações sobre educação financeira e finanças aos jovens - e a quem estiver buscando estes conhecimentos - o #fin - Finanças e Investimentos apresenta agora o método com quatro passos para começar a colocar certa ordem na vida vida financeira, independentemente do tipo de trabalho, fonte de renda e planos futuros das pessoas.
O método vem sendo disseminado pela cooperativa de crédito Sicredi Sul às suas unidades e comunidades onde estão. O Sicredi é um banco cooperativo, que segue regras específicas para o setor, mas onde as pessoas têm conta bancária, buscam crédito, investem etc. E a instituição percebeu que as pessoas precisavam adotar estratégias de educação financeira para conseguir ter uma vida melhor. 
A educadora financeira Fernanda Chidem da Costa é uma das multiplicadoras do método DSOP. Cada letra equivale a uma ação: D de Diagnóstico, S de Sonhos, O de Orçamento e P de poupar. A cooperativa conversou com o autor do método, Reinaldo Domingues, educador e terapeuta financeiro, sobre a ideia de aplicar a metodologia, e Domingues deu o sinal verde. Em 2018, o Jornal do Comércio mostrou o impacto desse programa na Serra Gaúcha. Confira mais aqui.
#finVÍDEO: Confira no cana do JC no YouTube o passo a passo do DSOP
O DSOP é uma estratégia para que as pessoas incorporem educação financeira no dia a dia. O Sicredi montou até um kit do DSOP para que a pessoa possa se organizar e ler sobre o tema. 
Tudo começa com o diagnóstico (D). O Sicredi criou um material didático para quem quiser se aprofundar na metodologia. Um dos itens do kit é um caderninho verde chamado de Apontamentos de despesas. E tudo começa com o preenchimento das páginas com dia, mês e tipo de gasto, explica Fernanda.
"A ideia do caderninho é fazer um diagnóstico das despesas. Todo mundo sabe quanto ganha e quanto gasta ao mês, mas as pessoas perdem o controle com as pequenas despesas", adverte a educadora financeira. A anotação é por tipo de despesa e mês, desde a conta de cada ida ao supermercado, à farmácia, posto de combustível e lojas. "A ideia é fazer por 30 dias para ter um raio-x dos gastos", orienta Fernanda.
No segundo passo, define-se o sonho (S), que pode dividido em três etapas - curto prazo (de um a dois anos), de médio prazo (até 10 anos) e de longo prazo, acima dos dez anos, explica a educadora. "A gente vai vendo os desejos e sonhos e colocando no papel para poder concretizá-los depois."
O orçamento (O) é o terceiro passo e reúne as receitas, os gastos (lançados no caderninho) e os sonhos (quanto é preciso de dinheiro para realizá-los). "E atenção: o orçamento antigo de receita menos despesa não existe mais. Agora é receita - sonhos - despesas = orçamento total", ensina ela.
O quarto e último passo é poupar (P). E não interessa onde a pessoa vai aplicar o dinheiro definidos para este fim (fundo de investimentos, ações, plano de previdência ou até poupança). "Preciso saber onde estou guardando o meu dinheiro para realizar os sonhos que defini no segundo passo." 

Terapia com o Educador Financeiro (TEF): 

Ficou com alguma dúvida sobre o método do DSOP, tem dificuldades para começar a fazer essa organização geral das finanças. Achou impossível aplicar em sua vida ou adota outro tipo de estratégia? O #fin quer conversar sobre estas dúvidas e ideias sobre como lidar com este assunto. Comente aqui na matéria, traga perguntas que vamos ouvir educadores financeiros como a Fernanda Chidem da Costa para ampliar as informações.   

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