Incertezas de ano eleitoral podem travar crédito para investimentos

Dúvidas ocasionadas pelo cenário político devem contribuir para a hesitação do agricultor no momento de contratar linhas relacionadas a investimentos

Por Carolina Hickmann

Instabilidade político-econômica pode frear intenção de compra dos agricultores, mas bancos apostam no crédito direcionado
As dúvidas ocasionadas pelo cenário político em um ano eleitoral devem contribuir para a hesitação do agricultor no momento de contratar linhas relacionadas a investimentos. Essa é a projeção do vice-presidente e presidente da Comissão de Crédito Rural da Farsul, Elmar Konrad. "É um ano de muita cautela, recomendaria apenas investimentos de última necessidade para a safra vigente", pondera.

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Condições para armazenagem estão mais atrativas

Estocagem na fazenda pode ganhar fôlego com novas condições do Plano Safra, a juros de 5,25% ao ano
O gargalo do armazenamento de grãos na propriedade rural é histórico no País e também no Rio Grande do Sul. No Brasil, de acordo com estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), cerca de 15% da produção consegue ser estocada em silos e armazéns nas fazendas. Enquanto isso, países europeus têm índices bastante superiores ao brasileiro, que podem chegar a 70% da produção. Localidades mais próximas, como a vizinha Argentina, contam com 35%.
Em vista à questão, o atual plano safra expandiu de 10 para até 15 anos o prazo para os financiamentos ligados à armazenagem, a juros de 5,25% ao ano. Atentos à questão, instituições financeiras prometem foco no segmento. O Badesul planeja destaque para linhas que promovem a modernização e consolidação do agronegócio, entre elas, a armazenagem (PCA), com investimentos individuais e coletivos.
Apesar de recomendar cautela nos investimentos em função da insegurança causada por um ano eleitoral, o presidente da Comissão de Crédito Rural da Farsul, Elmar Konrad, lembra o episódio da paralisação dos caminhoneiros para mostrar que a logística no País é bastante prejudicada. "Este é um programa que vem a contento, para sanar o impacto no frete na hora da colheita", explica.
Ainda assim, o Badesul não cobrará taxa de análise nas operações captadas durante a feira. Além disso, para clientes AA e A, o banco de desenvolvimento oferecerá a possibilidade de realizar operações de crédito de equipamentos isolados nos Programas Moderinfra, Moderfrota e Pronamp com as condições abaixo do mercado, garantia apenas de alienação fiduciária das máquinas, prazo de cinco anos de amortização, sem carência, e financiamento de até 90% do valor do equipamento, condicionada à disponibilidade de recursos dos programas do Bndes.
O diretor de crédito do Banrisul, Oberdan de Almeida, lembra que a tomada de crédito na Expointer também dependerá das condições de oferta por parte das empresas em produtos de armazenamento e demais maquinários. "Se houver promoções, o produtor precisará aproveitar", acredita. Por outro lado, diz, o agronegócio está estável após cinco safras cheias. Por isso, a expectativa para a feira é boa, apesar de cautelosa. "Com o ano eleitoral, se repetirmos os números do ano passado, estaremos felizes."
Konrad, porém, destaca o aspecto negativo trazido pela possibilidade de taxas pós-fixadas e indica prudência na contratação dessa modalidade. "A ideia é que o juro pós-fixado seria menor do que o pré-fixado, mas não é garantia", afirma. Em um período curto, diz, a modalidade pode ser vantajosa. Por outro lado, a estabilidade econômica está à prova com o pleito de outubro, o que torna o mercado incerto. Assim, optar pelos juros pré-fixados, que nesta safra estão em patamar aceitável, seria o mais indicado pelo dirigente.