China e UE são fontes de estímulos e incertezas

Por Thiago Copetti

Plantio pode ser feito a partir de 11 de outubro em todo o Estado
Os produtores que irão à Expointer circularão pelo parque pisando em muitas incertezas sobre o mercado internacional, mas também com algumas boas perspectivas. Os dilemas atuais e de curto prazo estão relacionados aos preços da soja e à guerra comercial entre Estados Unidos e China, que é repleta de altos e baixos, afetando tanto o câmbio quanto a demanda do gigante asiático pela oleaginosa. As dúvidas de médio e longo prazos estão centradas no mercado europeu e no recente acordo feito entre União Europeia (UE) e Mercosul.

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Farsul não espera ganhos com o acordo entre os dois blocos em pouco tempo

Coordenador da área de relações internacionais da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), o também presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Gedeão Pereira, é bastante cético quanto aos impactos do acordo da União Europeia com o Mercosul. Ao contrário do secretário da Agricultura, Covatti Filho, Gedeão afirma que ainda é muito cedo para esse tratado ter reflexos no agronegócio gaúcho. "Debates sobre o acordo, sim, podem ocorrer, mas, para os negócios, ainda não vejo como ter influência na Expointer", pondera Gedeão.
Um ponto positivo do acordo, diz o produtor - que, em agosto, esteve na Argentina representando a CNA em um encontro sobre o tema -, é que o tratado com a UE vai obrigar todos os países do bloco latino a se modernizar. Essa seria a grande vantagem do acordo, que também permitirá a aquisição de máquinas mais modernas com custos menores.
"Se tu tirar a parte dos grãos, o Brasil não consegue ser competitivo. O Paraguai, com a menor carga tributária, hoje, é mais competitivo. Em geral, temos alta carga tributária, ineficiência em diversos setores e logísticas precária. Se não melhorarmos esses itens de competitividade, perderemos a corrida para o mercado europeu, especialmente o setor industrial", resume o presidente da Farsul.
As boas expectativas estão mesmo centradas em possíveis ganhos para o sojicultores com o conflito norte-americano com a China. Para Gedeão, qualquer faísca que ocorra nessa briga tem impacto no agronegócio brasileiro, para cima e para baixo. Mas o produtor deverá ir para a feira com mais critérios, sem tanta ambição, como tinha no passado, para fazer negócios e comprar máquinas.
"Ele vai com os pés mais no chão, temos um crise em parte da Metade Sul, uma região importante, com 1 milhão de hectares de arroz, com perdas recentes, e 1,5 milhão também de problemas na soja. Ou seja, são 2,5 milhões de hectares que foram afetados pelo clima na safra de verão passada", lamenta Gedeão. Ainda no cenário interno, a preocupação é com o possível fim da Lei Kandir, que desonera as exportações, afetando diretamente o agronegócio.