As terapias integrativas - como a acupuntura, a ozonioterapia, a quiropraxia e a homeopatia - têm conquistado cada vez mais adeptos entre os criadores de equinos, bovinos e ovinos. Além de tratar diversas patologias, elas melhoram a qualidade de vida dos animais. As técnicas são chamadas de integrativas, pois se autocomplementam, além de também poderem atuar em conjunto com a terapia alopática tradicional.
A médica-veterinária e professora da Faculdade de Veterinária da Ulbra, Viviane Machado Pinto, que trabalha com ozonioterapia e acupuntura, afirma que, quanto mais técnicas se usar para tratar o paciente, mais rápido ele se recupera. "Essa é a ideia da medicina integrativa, unir técnicas diferentes para ter o melhor resultado", destaca Viviane.
Segundo a médica-veterinária, o uso de acupuntura em equinos está muito difundido, em função de os animais serem muito exigidos no exercício, o que gera dor e processos inflamatórios. A terapia tem um benefício analgésico, tira as tensões musculares e melhora a qualidade de tranquilização para feiras e exposições. "Tem efeitos neuromusculares e sistêmicos, para cavalos com cólica, com problemas neurológicos e dor", explica.
Viviane também trabalha com ozonioterapia e diz que utiliza a técnica para doenças sistêmicas, como cólica, para cicatrização de feridas e preparo de animais atletas para as provas, pois melhora a vascularização. "O animal se sente melhor e começa a treinar com mais vontade, vai melhorando sua performance tanto pela melhora da oxigenação tecidual como pelo bem-estar que ele sente", explica.
O ginete Fabricio Brunelli Barbosa, Freio de Prata categoria fêmeas em 2019, diz que, entre os animais de alto desempenho, o uso do ozônio tem dado ótimos resultados. "Esses animais ficam doloridos pelo excesso de treinamento e, com a baixa da imunidade, ficam debilitados e com aspecto feio. Com o ozônio, eles melhoram muito e rápido, inclusive na cicatrização de feridas."
Viviane revela que ainda há um pouco de resistência entre os criadores, mas que, quando eles veem o resultado, começam a acreditar. "Muitas vezes, chegam para tratamento pacientes que já tentaram de tudo em alopatia, sem resultado. Quando eles tratam com terapias integrativas, passam a usar menos medicamentos, o animal consegue ficar com saúde por mais tempo."
A presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-RS), Lisandra Dornelles, conta que a entidade criou a primeira comissão específica para as terapias integrativas do Brasil, em função de sua importância no tratamento veterinário. "É preciso ampliar o debate sobre essas técnicas para desmistificar alguns temas relacionados a elas, pois há muita falta de informação. A intenção é conscientizar as pessoas sobre como essas técnicas funcionam", disse.
Quiropraxia trata problemas locomotores e sistêmicos
A quiropraxia é outra opção de terapia integrativa, muito difundida na medicina de equinos. O objetivo da técnica é restaurar a função da coluna vertebral que, por algum motivo, perdeu seu movimento natural, auxiliando também no fluxo dos impulsos nervosos.
Médico-veterinário e quiropaxista, Eduardo Geyer diz se tratar de uma terapia manual holística que analisa o problema como um todo, agindo de forma preventiva e curativa. O veterinário trabalha com equinos atletas, para tratar de problemas locomotores, mas também usa a quiropraxia para enfermidades sistêmicas, como cólicas, problemas reprodutivos, cardíacos e urinários. "Ajusto o cavalo 30 minutos antes de ele competir, e ele nota na hora. A terapia ajuda, também, a reduzir o uso de medicações alopáticas que podem mascarar as lesões e, com o tempo, piorá-las."
Viviane Machado Pinto afirma que a técnica que faz com que o movimento articulado retorne ao normal, com a retirada de pontos-gatilho e relaxamento muscular. "Quando faço ajuste, estimulo o sistema nervoso a mandar informação para o cérebro e 'dizer' isto é melhor."
Para bovinocultura, homeopatia traz benefícios na produção animal
Lisiane Feck Avila (e) e Beatriz Abreu da Silva optaram pelo tratamento
/LUIZA PRADO/JCA bovinocultora de leite, Beatriz Abreu da Silva, proprietária do Rancho do Chiquinho de Viamão, já estava desacreditada quanto à possibilidade de suas novilhas ficarem prenhes. Depois de muito tentar resolver o problema com medicações convencionais, ela optou pelo tratamento com homeopatia, e os resultados foram surpreendentes. "Eu queria prenhez rápida para as novilhas, e a medicação não estava sendo eficiente, a homeopatia funcionou, e já tenho resultados com terneiros ao pé", disse Beatriz.
Lisiane Feck Avila, veterinária homeopata e extensionista rural da Emater, afirma que, além dos benefícios para a saúde dos animais, a homeopatia também colabora para redução de custos, já que pode ser usada para diversas enfermidades, como mastites, infestação por carrapatos, entre outros. Lisiane conta a experiência que teve no tratamento de ovinos que tinham problema de verminose e que, depois de usar homeopatia, ficaram quatro meses sem precisar utilizar medicação alopática. "Fiz o nosódio, um bioterápico preparado a partir de amostras patológicas de animais. No caso, usei o verme que causou a doença no rebanho, e o problema foi sanado."
A veterinária, que também trabalha com aves de postura orgânica, diz que, nesse caso, o foco é a prevenção. "Esses animais só podem usar fitoterápicos e homeopatia para verminose, e isso traz agregação de valor ao produto final, além de fomentar o bem-estar animal."