O segmento alimentício opera entre altos e baixos desde o ano passado. Apesar de ter aumentado o faturamento em 2%, somadas as exportações e as vendas no mercado interno e gerado 13 mil novos empregos, a fabricação de alimentos tem sofrido com fortes quedas na produção, conforme levantamento de março do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados apresentam uma retração de 1,4% e, se levado em conta o período de 12 meses, a redução é ainda maior, de 5,4%.
Uma das explicações é a elevação nos estoques das indústrias, fruto do baixo consumo no País. A expectativa gerada sobre uma possível elevação nos gastos das famílias impactaria diretamente o setor, um dos principais alvos de compras dos brasileiros durante o período de crise. Contudo, a previsão não se confirmou e o setor voltou a amargar resultados abaixo do que imaginava.
Os setores que mais se destacaram positivamente em vendas foram óleos e gorduras (12%), conservas de vegetais, frutas e sucos (11,2%), desidratados e supergelados (5,3%), bebidas (4,3%) e proteína animal (4,1%). Quanto ao faturamento, o destaque foi para óleos e gorduras (13,5%), conservas de vegetais, frutas e sucos (12,8%), bebidas (5,8%), proteína animal (5,6%) e desidratados e supergelados (6,8%).
Em relação ao Rio Grande do Sul, em janeiro e fevereiro a retração somada chegou a 9,3% na produção industrial. Por ser um dos setores que mais movimentam a economia brasileira, a queda do segmento ajudou também a reduzir projeções em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, que chegou a ser de 2,5% e sofreu redução até 1,49%, segundo a última projeção feita pelo boletim Focus, do Banco Central.
Para o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Alimentos (Abia), João Dornelles, o ano de 2018 foi bastante positivo, apesar da perda de fôlego nos meses finais. "Alguns fatores condicionaram positivamente o desempenho do setor de alimentos no ano passado, como o saldo de empregos que ficou positivo em 0,5%, gerando novos postos de trabalho e indicando que as indústrias de alimentos estavam alinhadas com a expectativa de um novo ciclo de expansão. Também é importante destacar a força do setor, com uma contribuição significativa na balança comercial brasileira, respondendo por 50,3% do saldo total", avalia o presidente.
As exportações também não apresentaram um panorama muito animador. As vendas para o exterior tiveram uma queda de 9,8%, fechando 2018 em US$ 35,1 bilhões (R$ 138,6 bi) de alimentos industrializados contra US$ 38,9 bilhões (R$ 153,6 bi) registrados em 2017. Um dos motivos é o menor volume na exportação de carne, por conta de embargos ao frango e à carne bovina. China, Hong Kong, Holanda e Estados Unidos apareceram como os principais compradores dos produtos brasileiros, enquanto Emirados Árabes Unidos, Índia e Japão tiveram redução de dois dígitos nas importações de alimentos.