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Um Harmonia vivo durante o ano todo
Parque fica às moscas na maior parte do ano; prefeitura aposta em concessão para dar novo fôlego ao espaço
A avenida Edvaldo Pereira Paiva (Beira-Rio) é uma espécie de divisa entre dois aspectos distintos da convivência dos porto-alegrenses com o Guaíba. De um lado da via, junto às águas, o trecho já revitalizado da orla atrai milhares de pessoas diariamente, em um ambiente convidativo e em boas condições. Atravessando a avenida, porém, o parque Maurício Sirotsky Sobrinho - ou Harmonia, como é conhecido - passa seus dias quase às moscas, com poucos visitantes e estruturas carentes de cuidado. A intenção da prefeitura de Porto Alegre para mudar essa situação é uma concessão à iniciativa privada, que transformaria o espaço em uma área de valorização permanente da cultura gaúcha.
A ideia dialoga com a vocação do parque para sediar eventos ligados ao espírito do pampa, como rodeios e exposições. O mais notório deles é o Acampamento Farroupilha, que ocorre em setembro e chega a levar 800 mil visitantes ao local a cada edição.
No restante do ano, porém, o ambiente não conta com o mesmo cartaz. Dados do Executivo municipal apontam que a área de 17,5 hectares recebe, nos fins de semana em que não há eventos programados, algo em torno de 250 pessoas. Atualmente, os frequentadores podem usar as estruturas disponíveis para churrascos, além de fazer caminhadas e relaxar nos amplos espaços verdes do local. Fora isso, porém, o Harmonia é um grande potencial à espera de um maior estímulo à convivência.
Na segunda metade de abril, foi publicada no Diário Oficial de Porto Alegre a autorização para a realização de estudos referentes à futura concessão. A ideia é que o grupo autorizado - formado pelas empresas Tavares Eventos, Ecoreal Engenharia e Cincobrás Estratégias Corporativas - promova a revitalização e as reformas necessárias, além da operação do parque e atividades de manutenção, entre outras.
Segundo Thiago Barros Ribeiro, secretário de Parcerias Estratégicas da prefeitura de Porto Alegre, reuniões periódicas entre a prefeitura e o grupo que elabora o estudo vêm sendo realizadas, como forma de ir validando etapas e evitar surpresas desagradáveis. Entre as premissas, além da continuidade do Acampamento Farroupilha e o incentivo a eventos associados à cultura gaúcha, está a previsão de pelo menos uma estrutura capaz de gerar receitas para a futura concessionária.
"Pode ser um parque de diversões, restaurante, museu de cera, um aquário", enumera Ribeiro. O pagamento de ingresso, reforça, seria exclusivo para essas atrações de caráter privado. "Não há, de forma alguma, possibilidade de cobrança para acesso ao acampamento ou ao parque, de maneira geral", frisa o secretário.
Após a aprovação dos estudos pela prefeitura, deve ser realizada uma consulta pública, com duração de um mês, para que a sociedade em geral exponha suas visões para o Harmonia. A incorporação de sugestões também deve tomar algum tempo, de forma que a expectativa do Executivo é de colocar o edital na rua no segundo semestre deste ano. Para evitar que o certame resulte deserto, ou que contestações atrasem o anúncio do futuro resultado, a estratégia é oferecer um material "extremamente completo", acompanhando o edital de anexos jurídico e econômico-financeiro e, se possível, estudos ambientais para eventuais intervenções.
Atuais estruturas podem mudar de posição, mas não serão excluídas, garante secretário
A visão da pasta de Parcerias Estratégicas é preservar as estruturas já existentes, mas oferecendo uma certa liberdade para a futura concessionária decidir quais melhorias cabem melhor em seu plano de negócios. Os pontos aptos estariam delimitados previamente ao processo licitatório, na planta que será anexada ao edital. A ideia de manter os espaços atuais não exclui, porém, que estruturas como o centro de eventos Casa do Gaúcho e a área de rodeios mudem de local, deslocando-se para outros pontos do Harmonia.
"Pode ser que se julgue mais pertinente retirar a Casa do Gaúcho do espaço onde está hoje e erguê-la em outro ponto, dentro do próprio parque. Um reposicionamento, que dê uma inteligência maior para a logística interna. Mas eliminar (essas estruturas) sem recompô-las não está dentro das nossas premissas", assegura Ribeiro. No caso da cancha de rodeio, que às vezes passa mais de 12 meses sem uso efetivo, a expectativa é associá-la com atividades relacionadas, como escolas de equitação, que ofereçam uma agenda mais cheia no decorrer do ano.
Atualmente, o pouco público acaba fazendo com que a área não seja das mais interessantes para comerciantes. Fora alguns negócios já estabelecidos, como a churrascaria Galpão Crioulo, há pouca oferta de lanches rápidos ou pequenos serviços no espaço. Luis Rogério Alves Coruja mantém no local, há 13 anos, uma banca que vende chapéus, pelegos, alpargatas e outros produtos ligados à cultura gaúcha. O negócio vai razoavelmente bem, mas o vendedor deixa claro que poucos compradores são, de fato, visitantes do Harmonia.
"O pessoal passa por aqui para ir na orla ou no Gasômetro", explica ele, que acaba conquistando alguns clientes que estão de passagem para outros locais. As vendas, é claro, ganham fôlego extra durante as festividades gaúchas - o que faz Coruja ver uma eventual parceria temática como boa solução. "Acho que pode melhorar (se houver uma concessão), ia deixar o parque mais interessante, reforçar o turismo", opina.
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