O Rio Grande do Sul identificou dois casos suspeitos de circulação da variante Delta do coronavírus, a cepa indiana, considerada mais perigosa e transmissível da Covid-19. De acordo com o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) do Estado, as amostras foram colhidas em exames realizados nas cidades de Gramado e Santana do Livramento, na primeira semana de julho.
O material foi encaminhado nesta segunda-feira (12) para análise da Fiocruz, no Rio de Janeiro, e os resultados são aguardados ainda para esta semana. Esta é a primeira vez que se levanta a possibilidade de a linhagem ter chegado ao Rio Grande do Sul.
Na Fiocruz, as amostras - de secreção de naso-faringe - passarão por exames mais detalhados para a confirmação. Aqui no Estado, as análises foram feitas no Laboratório Central do Estado (Lacen/RS) e no Centro de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CDCT), em testes preliminares. No Rio de Janeiro, as amostras passarão por um sequenciamento genômico, que fornece detalhes do perfil de mutações e permite classificar com precisão a linhagem de cada amostra, por meio de um sequenciamento completo.
Os testes que vêm sendo aplicados pela Secretaria da Saúde (SES) indicam se determinada amostra é uma provável VOC (variante de preocupação, da sigla em inglês, que identifica mutações e mudança no comportamento do vírus) a partir da identificação genes específicos que são diferentes entre os tipos de vírus.
Nos últimos dias, as vigilâncias municipais de Gramado e Livramento adotaram as medidas sanitárias necessárias, com a identificação das pessoas e rastreamento de contatos dos casos, além do isolamento e coleta das amostras para RT-PCR (inclusive de contactantes), enviadas ao Lacen para análise.
Se forem confirmados os casos positivos, serão realizados testes para identificar a provável linhagem.
Além desses dois prováveis casos da Delta, três possíveis registros da variante Alfa (B.1.1.7, origem no Reino Unido) também foram identificados e estão em investigação para confirmação.
Variantes do coronavírus
Algumas linhagens do SARS-CoV-2 preocupam quanto a alterações no seu comportamento, por carregarem algumas mutações específicas. A maioria dessas mutações está concentrada na proteína Spike, a responsável por reconhecer as células humanas e ajudar o vírus a penetrar nessas células do indivíduo. Quando comprovadas essas alterações e identificada uma ameaça à saúde pública ou ao controle do vírus, temos as Variantes de preocupação (VOC), aquelas para as quais há evidências científicas de uma mudança no comportamento do vírus.
As principais mudanças que requerem atenção são: aumento da transmissibilidade, aumento dos casos graves, redução significativa da neutralização por anticorpos gerados durante infecção prévia, eficácia reduzida de tratamentos ou vacinas ou, ainda, falhas de detecção no diagnóstico.
Os exemplos mais conhecidos e de maior preocupação entre as VOCs já identificadas são: Alfa (B.1.1.7, origem no Reino Unido), Beta (B.1.351, origem na África do Sul), Gama (P.1, origem no Brasil), e a Delta (B.1.617, origem na Índia).