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Aumento no número de pacientes com Covid-19 pressiona hospitais de Porto Alegre
Seis Unidades de Tratamento Intensivo da Capital estavam lotadas neste domingo
O forte crescimento de casos de Covid-19 nos últimos dias, seis hospitais restringiram atendimentos, com suspensão de cirurgias não urgentes. Foi o que fez o Clínicas, Moinhos de Vento, São Lucas, Conceição, Divina Providência e Santa Casa.
O crescimento de casos já se reflete no trabalho dos profissionais de saúde. “Na sexta-feira fui trabalhar deprimido com essa situação. O número de casos está chegando a um caos assustador, e deve piorar com a falta de restrições à mobilidade”, alerta Eduardo Sprinz, chefe do Serviço de Infectologia do Hospital Clínicas.
Prefeitura aumenta leitos, mas especialista quer restrição de mobilidade
Para remediar o crescimento de casos, a prefeitura de Porto Alegre tem incentivado o aumento do número de leitos nos hospitais do município. Apenas neste sábado (20), mais 80 leitos foram liberados para melhorar a capacidade de absorção de emergências. A prefeitura anunciou que, nos próximos dias, vai disponibilizar quase cem novos leitos.
Segundo o prefeito Sebastião Melo, o município tem feito a sua parte no combate à pandemia e no respeito aos protocolos. “Estamos abrindo leitos e seguiremos fiscalizando e orientando a população no combate às aglomerações clandestinas, que têm sido uma dificuldade série no Estado, especialmente no Litoral, o que impacta diretamente o sistema de saúde da Capital”, destacou Melo na sexta-feira.
Melo também afirmou que as atividades econômicas em Porto Alegre foram reabertas com muita responsabilidade. “E temos muita certeza e clareza que não foi a reabertura dos negócios a causa do aumento dos casos de Covid”, sustenta o prefeito.
No entanto, para o médico Eduardo Sprinz, chefe do Serviço de Infectologia do Clínicas, focar a política de combate à Covid-19 no aumento de leito ao invés de reduzir o risco de contágio com medidas de restrições é um erro. “Estamos falhando na prevenção, expondo a população a um risco desnecessário”, afirmou.
Segundo Sprinz, apesar de boa parte da população e das autoridades colocar a culpa do aumento de casos apenas nas aglomerações, como as causadas pelos feriados de Ano Novo e Carnaval e o veraneio nas praias, o problema é mais complexo. “Ninguém fala sobre a recepção de turistas, que podem ter trazido uma nova cepa do vírus para o Estado. Também não se fala sobre reduzir a circulação de pessoas no dia-a-dia. É mais fácil para o poder público abrir leitos, pressionando o sistema de saúde, do que restringir a mobilidade das pessoas”, afirma.