Atualizada às 12h50
"Pronto", foi o aviso da técnica de enfermagem logo após aplicar a dose no aposentado Abilio Prates, com 90 anso, na unidade de saúde santa Cecília. A orientação também foi clara: ele deve voltar ao posto em 28 dias para receber a segunda dose da Coronavac, que foi o imunizante aplicado.
“Estou muito feliz. Estava desde o ano passado aguardando por este momento e finalmente chegou”, disse Prates, que recebeu a dose sentado no banco de passageiro do carro. Foi mesmo no sistema de drive-thru. O posto adotou a sistemática para agilizar as aplicações.
A familiar que levou de carro o aposentado contou que ele estava com receio até de ir se vacinar com medo da aglomeração. O drive-thru acabou afastando o temor e, em poucos minutos, ele saiu da unidade devidamente imunizado. Como tem a segunda dose para ser aplicada, os cuidados seguindo com distanciamento físico, uso de máscara e álcool em gel.
Antenor e Edith Cassini estão juntos há 66 anos e tomaram a primeira dose da vacina lado a lado nesta manhã Foto: Luiza Prado/JC
Casados há 66 anos, Antenor José e Edith Cassini, de 91 anos, foram juntos se vacinar. "A gente quer continuar convivendo com a família, fazer planos e seguir vivendo. Esse é o objetivo", disse Antenor, de mãos dadas com a esposa.
Em torno de 200 idosos acima de 90 anos foram vacinados no posto Santa Cecília em cerca de uma hora. Em meio à correria para dar as informações sobre possíveis efeitos adversos e o retorno em 28 dias, a enfermeira Cristiane Silvino de Barros revela a emoção em poder vacinar os idosos.
“Faz o trabalho valer a pena”, resumiu Cristiane.
A família de Silvéria, de 94 anos, teve de se organizar para garantir o lugar na fila sem prejudicar a saúde da idosa Foto: Roberta Mello/Especial/JC
Para alguns casos, o jeito foi se precaver já que a espera seria inevitável. Silvéria Chagas Soll, acompanhada da filha Sulani, tem dificuldade para ficar em pé e aguardou sentada a sua hora de entrar para vacinar. O neto guardou seu lugar na fila e chamou na hora da sua vacinação.
No Santa Cecília, a reportagem do Jornal do Comércio conversou com pessoas que haviam ido antes ao drive-thru do Sindicato Médico do RS (Simers), que não fica muito longe da unidade. Lá a fila se formou cedo, mas o começo da aplicação só ocorreu a partir das 10h.
De acordo com o presidente do Simers, Marcelo Matias, o atraso ocorreu porque as vacinas demoraram para chegar ao local. "Nossa estrutura estava pronta para começar a aplicar as vacinas desde as 8h, mas a chegada dos lotes encaminhados pela prefeitura de Porto Alegre atrasou", disse. Nos próximos dias, a expectativa do sindicato médico é que a situação se normalize e população não tenha que esperar tanto tempo dentro dos carros.
No Posto de Saúde Modelo, distribuição de senhas e aglomeração
No Posto Modelo, um dos mais procurados,
houve registro de aglomeração. No início da manhã, a fila chegava à Rua Laurindo, se estendendo por mais de uma quadra. Às 10h, o número de idosos aguardando com as senhas em mão era menor.
Em duas horas, 140 moradores da Capital com 90 anos ou mais receberam a primeira dose da vacinas em uma das quatro salas destinadas à aplicação da Coronavac no local. Outros 40 aguardavam sua vez do lado de fora do posto, em cadeiras e bancos. E as pessoas não paravam de chegar.
Graça Lemos e a mãe, Maria Guiomar de Assis, de 98 anos, recém-vacinada, estão mais esperançosas Foto: Roberta Mello/Especial/JC
Recém vacinada, Maria Guiomar de Assis resumiu os sentimentos de quem saía do posto de saúde. "Aliviada, grata, alegre e cheia de esperança. Eu estava esperando por isso e não tive nenhuma dúvida de que me vacinar assim que pudesse", disse Maria Guiomar. "A vacina é nossa esperança", completou a filha Graça Lemos.
A gerente do Posto Modelo, Aline Medeiros, pediu que os idosos e seus acompanhantes tenham em mãos documentos e comprovante de residência para que o cadastro seja feito corretamente. "E pedimos também para que as pessoas venham hidratadas e alimentadas por que tem uma fila". Muitos levaram suas próprias cadeiras de casa também.