Enquanto o governo federal sinaliza falta de interesse em comprar a primeira vacina brasileira contra a Covid-19 produzida pelo Instituto Butantan, representantes da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) e do Consórcio de Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (Granpal) trabalham com um "plano B" para imunizar os gaúchos. Dirigentes das duas entidades estiveram nesta quinta-feira (10) em São Paulo,
participando do lançamento da Coronavac, produzida pelo Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, e que, apesar de ainda estar em fase de testes, já conta com quatro milhões de doses prontas para serem aplicadas em profissionais de Saúde de todo o País.
Após o evento, o grupo assinou um protocolo de intenção da aquisição da vacina pelos municípios. Documento idêntico foi assinado pela Federação Catarinense de Municípios (Fecam) na mesma ocasião.
"Estamos aguardando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) certificar a vacina (o que deve ocorrer se a análise da terceira etapa de testes constatar que a Coronavvac é, de fato, eficaz) e esperamos que o governo federal se decida por inserir a vacina no plano de imunização nacional", pondera o presidente da Famurs e prefeito de Taquari, Maneco Hassen. Ele explica que o objetivo da assinatura do protocolo de intenções é "garantir de que a população do Rio Grande do Sul, principalmente os grupos vulneráveis, irá ter acesso à vacinação" de forma célere.
"O Covid-19 tem trazido problemas econômicos, sociais e psicológicos para a nossa população e precisamos resolver isso o mais rápido possível", emenda o prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi, que acompanhou a delegação, representando o Consórcio Público de Saneamento Básico da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (Pró-Sinos).
Estudos de fases 1 e 2 da vacina, realizados na China, já demonstraram que ela não provoca efeitos colaterais graves. Também no Brasil, outro estudo feito com voluntários comprovou que a Coronavac é segura. O governo de São Paulo já recebeu da Sinovac 120 mil doses prontas para uso da vacina e mais 1 milhão de doses que serão envasadas pelo Instituto Butantan. Pelo termo de compromisso assinado pelo gestor do estado, João Doria, com a Sinovac no final de setembro, o Butantan
vai fornecer 46 milhões de doses da Coronavac, sendo que 6 milhões de doses já chegarão prontas da China.
No anúncio de lançamento da produção da vacina pelo Butantan, Doria disse que 11 estados e 912 municípios já manifestaram interesse em adquirir doses da vacina. "Por isso a importância de termos assinado este protocolo, isso nos coloca no topo da lista de compradores, caso seja necessário agirmos de forma independente", explica o diretor da Granpal e prefeito de Esteio, Leornado Pascal. Segundo o dirigente, se for preciso, os municípios vão "dar um jeito" de assumir a compra. "O prazo é o início da vacinação. Se o governo federal mantiver a omissão, não iremos ficar parados."