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Coronavirus

- Publicada em 23 de Novembro de 2020 às 15:56

'Não é distanciamento social, mas físico', orienta infectologista, para conter pandemia

'A pandemia não acabou, e esse "bicho" vai estar com a gente por muito tempo', avisa Sprinz

'A pandemia não acabou, e esse "bicho" vai estar com a gente por muito tempo', avisa Sprinz


EDUARDO SPRINZ/ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO/JC
Patrícia Comunello
Duas afirmações do chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Eduardo Sprinz, merecem atenção redobrada da população do Rio Grande do Sul, em meio à aceleração do aumento de casos e internações por Covid-19.
Duas afirmações do chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Eduardo Sprinz, merecem atenção redobrada da população do Rio Grande do Sul, em meio à aceleração do aumento de casos e internações por Covid-19.
Ao falar ao quadro de vídeo JC Explica, Sprinz pontuou: "não é distanciamento social, mas distanciamento físico", sobre uma das medidas defendidas por ele como mais eficazes na proteção das pessoas. Um gesto que depende de cada gaúcho.
Sobre a tese de uma segunda onda do novo coronavírus no Brasil e no Estado, Sprinz descarta e esclarece que não é possível falar em novo momento da pandemia, pois não chegou a ter queda de casos, mas uma estabilização em patamar elevado.
"Por isso, insistimos em dizer que não existe segunda onda. A pandemia não acabou, e esse "bicho" vai estar com a gente por muito tempo", reforça Sprinz.    
As internações em UTIs, como Porto Alegre, alcançam níveis que não eram verificados desde fim de outubro, mantendo a escalada. O efeito desse quadro, que as autoridades estaduais admite como preocupante, é o mapa preliminar das bandeiras do distanciamento controlado, que tem 13 regiões, uma delas Porto Alegre, com bandeira vermelha, de alto risco.
Após análise dos pedidos de reconsideração, o Comitê de Dados, que acompanha os indicadores estaduais da pandemia, definiu que oito regiões do Estado ficam em bandeira vermelha a partir desta terça-feira (24) no mapa definitivo. Porto Alegre permanece em laranja.     
A seguir as explicações do infectologista do HCPA sobre cuidados, segunda onda e até reinfecção do novo coronavírus.
Assista à íntegra do JC Explica:
JC Explica - O que significa este aumento de casos e internações de Covid-19 no Rio Grande do Sul e, afinal, é ou não segunda onda da pandemia?
Eduardo Sprinz - Na verdade, não terminamos a primeira onda. Estamos em uma onda gigantesca que tem longa duração e é cheia de ondulações, que serão tanto mais frequentes, enquanto as pessoas não conseguirem se proteger de forma adequada. Os seres humanos são suscetíveis. É de se esperar que o número de novos casos venha a aumentar, com a flexibilização que vem sendo adotada. Mais importante é que se consiga instruir e educar a sociedade na melhor forma possível na direção de como tentar se prevenir desse vírus. Mais importante é saber se proteger de forma adequada.
JC Explica - Como se proteger de forma adequada?
Sprinz - São cinco mandamentos básicos: (1) distanciamento físico - a gente não quer distanciamento social, mas distanciamento físico; (2) use a máscara sempre que puder; (3) use álcool em gel ou lave as mãos; (4) tente evitar aglomerações; e (5) dê preferência para ambientes externos a ambiente fechados internos. Se a gente conseguir fazer isso, metade ou mais da metade das infecções seriam evitadas.  
JX Explica - Se as pessoas conseguirem seguir estas orientações, não será necessário retomar restrições como já se teve desde março e que hoje são flexibilizadas?
Sprinz - Num mundo ideal, além das medidas protetoras, teria também de fazer o diagnóstico das pessoas suspeitas e rastrear os contatos de quem teve contato com esses suspeitos. Isso tudo seria mais do que suficiente.
JC Explica - O senhor traz o tema da testagem: qual é o exame mais adequado e qual a importância de a população ter a percepção para buscar os testes?
Sprinz - Uma pessoa que é suspeita não deve sair por aí, de um lugar para outro, amentando a circulação no ambiente. Teria de disponibilizar em um local mais próximo para a realização do teste. Os exames que são utilizados para documentar a infecção aguda são os que medem partículas do vírus. Podem ser de RT-PCR ou podem ser, mesmo que não são tão bons mas que dão resultado rápido, os de detecção de antígeno. Testes que medem anticorpos não devem ser empregados nesta situação, pois demoram mais tempo para darem positivos, portanto não detectam a fase aguda da doença e também podem dar falsos positivos e negativos.
JC Explica - Como está a demanda de pacientes para os hospitais?
Sprinz - A demanda aumenta para a rede pública e privada. Existe um momento em que os casos deixaram de diminuir e se estabilizaram, mas em um número elevado. E isso não é bom! Por isso, insistimos em dizer que não existe segunda onda. A pandemia não acabou, e esse "bicho" vai estar com a gente por muito tempo. A vacina vai ajudar a controlar e a salvar populações. Para quem aguentou até agora, mais três a quatro meses seria o tempo máximo para começar a planejar a chegada da vacina. Estamos falando em março ou um antes. mas temos de nos cuidar um pouco mais. 
JC Explica - Alguém que foi infectado pode ser recontaminado pelo vírus?
Sprinz - Também quero saber isso (risos). O que sabemos é que existem pessoas com casos documentados (com diagnóstico de Covid-19), foram ter suas vidas e foram recontaminadas. A gente imagina, e isso não é certeza, é que quanto mais séria for a infecção, mais tempo a pessoa fica com anticorpos. Na maior parte das reinfecções, as pessoas ficam mais sintomáticas. Baseado em outros coronavírus, a imunidade não é permanente e os anticorpos não são duradouros. Teoricamente, quanto mais grave for o quadro, provavelmente maior vai ser a duração dos anticorpos, maior proteção e por mais tempo.
JC Explica - Nos países com segunda onda, como na Europa, observa-se que o vírus não estaria sendo tão agressivo. Isso mudou?  
Sprinz - O que se imagina é que muitas pessoas da população vulnerável já tenham morrido, infelizmente, e outros vulneráveis estão sendo protegidos pelos seus (familiares) ou estão sendo menos expostos. Se partir destas premissas, podemos imagina que na "segunda onda" na Europa, a mortalidade seja menor porque afeta pessoas mais jovens. Faz todo o sentido. É uma associação bem simples: pessoas mais jovens com menos comorbidades. Obviamente, a chance de gravidade da infecção será menor. 
   
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