Nos shoppings, também fica permitido o acesso apenas a serviços essenciais, com apenas 25% dos funcionários. Fora isso, os shoppings devem permanecer fechados, sem circulação de pessoas. Restaurantes e lancherias ficam proibidos de receber clientes no local, mas podem atender em sistemas tele-entrega, drive-thru e pegue e leve.
“Não tem sentido o fechamento integral do comércio em bandeira vermelha”, afirma o presidente da Federação do Comércio de Bens e de Serviços (Fecomércio-RS), Luiz Carlos Bohn. Segundo o dirigente, as lojas já adotam várias medidas de segurança, e não são responsáveis pelo aumento no número de casos de Covid-19.
Bohn também critica o que considera uma “falta de previsibilidade” dos anúncios de mudança de nível de restrições. “Os empresários que reabriram seus negócios há poucos dias se prepararam para um retorno, chamaram de volta funcionários. E agora, na segunda-feira, vão ter que dispensar todos de novo”, lamenta. Segundo o presidente da Fecomércio-RS, as novas restrições devem aumentar o número de demissões do setor no Estado, que hoje estariam em torno de 89 mil pessoas.
“Estamos preocupados com a pandemia, mas também com a saúde econômica das empresas. Sempre que há um novo fechamento mais pessoas são demitidas, e fica comprometida a recuperação financeira do comércio”, afirma Paulo Kruse, presidente do Sindilojas Porto Alegre.
Segundo Kruse, a “instabilidade” na abertura do comércio, alternando entre períodos fechados e abertos, prejudica as finanças das empresas. “Essa situação gera descontrole de pagamentos. Quando houve o retorno de atividades as empresas voltaram a fazer aquisições de estoque. Mas não há condições de comprar os produtos de uma semana para outra, isso depende da produção das industrias e da cadeia de fornecimento. Esse fechamento terá repercussões econômicas graves”, destaca o dirigente, que defende um tempo maior de adaptação antes da implementação de medidas restritivas.
Essa também é a preocupação de Irio Piva, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL-POA). “Ficar abrindo e fechando chega a ser pior do que se tivesse mantido fechado. Quando a empresa está parada, ela corta gastos e suspende contratos de trabalho. Com a reabertura, as lojas tiveram que repor estoques e, em alguns casos, recontratar funcionários”, afirma.
Piva lembra que, em alguns casos, como empresas que vendem produtos perecíveis, os novos estoques terão que ser descartados ou doados. “A falta de previsibilidade é muito ruim para os negócios. Nossa situação, que já estava indo mal, vai ficar ainda pior”, afirma.
A Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL-RS) voltou a manifestar contrariedade ao "fechamento arbitrário e sumário" dos estabelecimentos comerciais. "Reafirmamos que o comércio não é o ambiente que contribui para a disseminação da Covid-19 no Estado", diz a nota assinado pelo presidente Vitor Koch. Segundo ele, o abre e fecha, fecha e abre está causando prejuízos gravíssimos ao setor. "A quebra da arrecadação será infinitamente maior que os investimentos necessários para a infraestrutura de atendimento aos infectados sintomáticos. O que falta é mais investimento em leitos hospitalares."
O presidente do Sindha - Sindicato de Hospedagem e Alimentação de POA e Região, Henry Chmelnitsky, apoia o trabalho de controle que está sendo feito pelos gestores, ressaltando que existem critérios que devem ser levados em conta, "e é isso que Estado e município vêm fazendo". "Precisamos ser coerentes e não tomar o papel de apoiar quando nos agrada e criticar quando não nos convém. Somos parte do todo. Mas é importante que exista uma atualização e revisão responsável para que se corrijam as oportunidades e orientações", destacou.