Bagé, na Campanha gaúcha, vem despontando como o
segundo município no Rio Grande do Sul com o maior número de casos de coronavírus no Estado, atrás apenas da capital Porto Alegre. No Brasil, o município é o 42º da lista com mais infectados, com 24 casos confirmados até o último balanço da Secretaria Estadual da Saúde (SES), divulgado domingo (5).
Desde a confirmação do primeiro caso, no dia 18 de março, a cidade vem implementando ações restritivas ao fluxo de pessoas e montando estrutura necessária para atender um possível pico da pandemia. O primeiro teste positivo "veio de avião", diz o secretário de Saúde de Bagé Mario Mena, e foi contraído por um médico ortopedista que estava no Rio de Janeiro. A partir daí, a doença teria se espalhado entre outros profissionais da Saúde, configurando transmissão comunitária da Covid-19. Um dos registros foi dentro do presídio de Bagé. O caso foi "rapidamente isolado", disse Mena, e homens da Força Nacional foram deslocados para suprir servidores da segurança que precisaram ser afastados.
No dia seguinte à confirmação do primeiro caso, a prefeitura implementou restrições de circulação que foram intensificadas nas últimas semanas, incluindo comércio fechado e toque de recolher a partir das 22h. "Não perdemos o timing e saímos na frente ao adotar medidas de isolamento. Estamos prontos para uma nova onda", garantiu o secretário de Saúde do município.
Bagé dispõe de 77 leitos para o tratamento da doença e se prepara para receber outros 50 esta semana, com a entrega de estrutura montada no Ginásio Corujão. O local, no entanto, só deve ser utilizado quando os hospitais estiverem saturados e sem condições de atendimento. Além disso, são cerca de 25 respiradores na cidade, entre aparelhos remanejados na rede pública e de municípios da região.
Os leitos do hospital de campanha em vias de liberação foram cedidos pelo Exército Brasileiro e itens como lençóis e travesseiros vieram de doações da comunidade. A gestão ficará a cargo do Hospital Universitário da Universidade da Região da Campanha (Urcamp).
Outras medidas são a aquisição de kits de teste rápido e um estudo que será realizado com a Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), em pesquisa independente à que será elaborada em
convênio com o governo do Estado. Um questionário será utilizado para levantar dados e responder questões sobre o contágio. "Vamos tentar conhecer a real disposição do vírus e disparar uma pesquisa com 400 testes aleatórios para conhecer como se deu a real exposição do processo", explica Mena.