Após uma semana de muitos anúncios de ajuda a empresas com dificuldades ocasionadas pela pandemia _ como para quitar a folha de pagamento que se avizinha _ empresários de todos os setores esperam por sinalização concreta do governo federal sobre como, e quando, poderão acessar os recursos.
Os mais ansiosos por uma definição, claro, são pequenos e médios negócios, em alguns casos já com restrições grandes para pagar os salários de março, como bares e restaurantes, que estão
entre os primeiros setores afetados pelas restrições sociais. Como a regra é fazer esses depósitos até o quinto dia útil de abril, o prazo termina no dia 7 de abril _ início da próxima semana, por tanto.
A dificuldade imediata, explica Marlos Schmidt, coordenador do Conselho da Pequena e Média Indústria (Copemi) da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), se deve ao já fragilizado capital disponível após praticamente duas semanas de negócios combalizados e sem ingresso de dinheiro em caixa ou com dificuldade para receber neste mês, em muitos casos.
“Nos últimos dias, tivemos anúncios diversos (por parte do governo federal), mas nada de prático, até o momento, chegando na ponta. O que as empresas têm relatado é dificuldades de acesso ao crédito, que parece mais restrito, porque bancos estão vendo riscos maiores em fazer empréstimos”, alerta Schmidt.
Ainda que exista uma expectativa grande quanto à disponibilidade oficial de dinheiro, as medidas divulgadas pela União na semana passada precisam agora ser regulamentadas e de tempo para entrar em vigor. Ou seja, dificilmente estarão disponíveis para quitar os débitos que vencem em abril.
“Para os salários que devem ser pagos até sete de abril não há um crédito já efetivo. Muito provável é que os anúncios da semana passada só vigorem para os valores que serão pagos em maio e junho”, lamenta o executivo da Fiergs.
Schmidt alerta, porém, que mesmo os recurso futuros serão limitados em seus objetivos e efeitos. Isso porque, de acordo com o divulgado pelo Banco Central e BNDES, por exemplo, o recurso seria apenas para salários a serem pagos por empresas com faturamento de até R$ 10 milhões anuais.
“Mas as médias empresas têm faturamento entre R$ 10 milhões e R$ 90 milhões. E se elas não conseguem arcar seus compromissos, desaceleram também as pequenas, que são fornecedoras”, lembra Schmidt.
Augusto Martinenco, coordenador do núcleo de acesso a serviços financeiros do Sebrae/RS, Augusto Martinenco, avalia que existe apenas um recurso já disponível com algumas vantagens a empresário. E a linha de crédito anunciada pelo BNDES, em meados de março, para ampliar o capital de giro de micro e pequenas empresas com taxa de cerca de 1% ao ano _ ante entre 2% e 3% oferecidos normalmente.
“Há vários bancos comerciais oferecendo essa linha emergencial do BNDES, com operações já feitas por pelo menos sete bancos no Rio Grande do Sul”, assegura Martinenco.
O coordenador do Sebrae recomenda monitorar no site www.bndes.gov.br/atuacaoagentes quem já opera com o serviço no Estado, por exemplo.
“O que recomendamos é negociar aos máximo prazos e carências, no caso de necessidade realmente imediata, para que esses empréstimo, ainda que necessário, não seja um baque nas contas da empresa logo ali na frente”, destaca Martinenco.