O Departamento de Custos Operacionais da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (Decope) está monitorando diariamente o impacto do volume de cargas desde o início da pandemia da Covid-19 no Brasil.
A atividade da transportadora corresponde a cerca de 65% de tudo o que circula no País e tem influência no abastecimento de cidades e na circulação de tudo o que é produzido.
De acordo com a entidade, diante das medidas de restrição que impactaram o consumo geral da população com o fechamento de serviços não essenciais, o transporte de cargas vem sofrendo as consequências, segundo os dados colhidos pelo Decope.
O departamento irá acompanhar as empresas até o fim da crise, divulgando os resultados semanalmente através da pesquisa.
Após a apuração durante os dias 23 e 24 de março com empresas de vários tamanhos e segmentos de Brasil todo, ligadas à NTC&Logística e às suas entidades parceiras, o departamento apurou uma queda geral de 26,14% no volume de cargas em relação à operação normal das transportadoras.
Segundo o presidente da NTC, Francisco Pelucio, "os dados são preocupantes, mas dentro do esperado, tendo em vista que, após o decreto de vários governadores para o fechamento do comércio em geral e das empresas, era bem provável que chegasse perto desse número. Precisamos ficar atentos às medidas restritivas orientadas pelas autoridades públicas e pelos órgãos de saúde à população, para que possamos retornar às nossas atividades, que dependem do não agravamento da pandemia".
Os dados demonstram também que, para cargas fracionadas, aquelas que contêm pequenos volumes, a queda chegou a 29,81%, número que corresponde a entregas para pessoas físicas, distribuidores, lojas de rua e de shoppings, além de supermercados e outros estabelecimentos.
Já para cargas lotação, que ocupam toda a capacidade dos veículos, a pesquisa aponta queda de 22,91%, demonstrando desaceleração do agronegócio, do comércio geral e de grande parte da indústria.
"O número ainda pode aumentar, uma vez que esse índice considera apenas a partir do início da mudança de rotina das empresas e foi feito durante apenas dois dias. Esses dados impactam de forma considerável as empresas, que trabalham com altos custos para manter suas operações", destacou o assessor técnico da NTC&Logística, responsável pela pesquisa.
O presidente da NTC, ainda ressaltou mesmo com os números, há setores que continuam sendo abastecidos. "Não houve recuo na entrega de medicamentos. As farmácias estão sendo atendidas", destacou. O índice será monitorado constantemente e divulgado toda semana até o fim da crise. O dirigente solicita que todos os empresários de transporte respondam diariamente para que os números sejam atualizados e divulgados.
Na semana passada, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) publicou a Resolução nº 5.876/2020, que flexibiliza regras para o transporte rodoviário de cargas como medida para enfrentamento emergencial da crise. Entre as alterações está a ampliação do prazo de validade dos certificados do Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas (RNTRC) até o dia 31 de julho deste ano. Os vencimentos estavam previstos para ocorrer entre 1º de março e 30 de junho.
A normativa também suspende, até o dia 31 de julho, a exigência do Certificado de Inspeção Técnica Veicular (CITV) para circulação de caminhoneiros autônomos ou por empresas do ramo de logística; além de dispensar a emissão do Código Identificador da Operação de Transporte (CIOT), realizada pelo cadastramento da Operação de Transporte, nos casos de contratação de TAC ou TAC-equiparado por pessoas físicas para o transporte de cargas.
Além disso, Ministério da Infraestrutura e a ANTT anunciaram que vão suspender as atividades dos postos com balanças de pesagem nas rodovias federais concedidas. Sob a competência da ANTT, a medida vale para as rodovias administradas pelas concessionárias privadas. A Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), assim como entidades representativas do transporte de cargas, já foram comunicadas.
O objetivo é evitar um maior tempo de retenção e de contato entre profissionais do transporte de cargas. O governo federal também prepara, junto a entidades que representam o setor, uma série de medidas de orientação e de triagem em pontos estratégicos dos principais corredores logísticos do País.