Empresários do setor informam que a queda das taxas de ocupação na hotelaria da Capital foi de 12%, após as medidas de contenção do avanço da epidemia de Covid-19 (Novo Coronavírus). Segundo um levantamento do Sindicato de Hotéis de Porto Alegre (SHPoa), alguns empreendimentos chegam a registrar taxa de ocupação de 2% e apenas aguardam que os hóspedes façam o check-out para suspender as atividades. O proprietário do Ritter Hotéis, Ricardo Ritter, complementa que algumas empresas inclusive já fecharam as portas. “Não vi o estudo do SHPoa, mas falando com colegas do setor, acredito que mais de 50% deve entrar na quarentena.”
“Decretar calamidade pública era inevitável. No entanto, os impactos ao setor hoteleiro serão preocupantes”, afirma o presidente do Sindicato, Carlos Henrique Schmidt. “O momento exige muita resiliência dos gestores para que, após a turbulência, possamos nos reestruturar.” A pesquisa feita também aponta que alguns hotéis estão indicando hóspedes uns para os outros para suspenderem as atividades. “É um momento delicado que exigirá criatividade e dedicação”, destaca o dirigente do SHPoa. De acordo com Schmidt, algumas operações estão fazendo preços promocionais para sobreviver durante o período. “Inclusive há casos onde oferecem valores especiais para profissionais da saúde”, ressalta.
Presidente do SHPoa, Schmidt reforça que impactos ao setor hoteleiro serão preocupantes. Foto: Fredy Vieira/Arquivo/JC
Para a pesquisa, foram entrevistados 12 hotéis de diferentes bairros de Porto Alegre. Localizado no Centro, o Hotel Plaza São Rafael foi o empreendimento que apresentou a maior taxa de ocupação (cerca de 30%). A empresa é uma das que implementaram tarifas promocionais para enfrentar a crise. No caso do Plaza, os descontos superam os 30%. Para que isso fosse viabilizado, o hotel reduziu e simplificou o café da manhã. Segundo a direção do empreendimento, “neste momento, as tarifas promocionais já não estão mais surtindo muito efeito” e a empresa já avalia a possibilidade de pausar as atividades na semana que vem.
Contando com 237 apartamentos divididos em duas torres, o Ritter Hotéis já fechou 200 unidades habitacionais desde a semana passada. Na noite desta terça-feira contava com hóspedes distribuídos em 14 quartos. “Na verdade, estamos trabalhando com uma ocupação de 10 apartamentos/dia nos últimos sete dias, o que dá uma taxa menor que 5%”, informa Ricardo Ritter. “Ficamos num certo dilema de manter as portas abertas, porque a operação não se torna viável. Estamos analisando dia a dia, e se chegarmos em um numero crítico teremos que encerrar as atividades.”
O diretor do Eko Residence Hotel, Daniel Antoniolli, afirma que no dia do levantamento do SHPoa, a empresa estava operando com 10% de ocupação. “Hoje (quarta-feira) a ocupação caiu ainda mais e estamos pausando as atividades” até o final do dia, avisa o empresário.