A Justiça decretou no fim da tarde deste sábado (21) a prisão domiciliar do jovem de 18 anos que foi o
primeiro caso confirmado de coronavírus em Torres, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. A decisão foi repassada delegado Adriano Koehler Pinto, que responde pela delegacia da cidade e que fez o pedido.
O jovem, que é da cidade mas estuda na Irlanda, onde contraiu o vírus, terá de comparecer à Justiça mediante qualquer solicitação e atender às determinações da Secretaria da Saúde.
A prisão só foi pedida devido ao comportamento do jovem. A Delegacia de Polícia instaurou inquérito para apurar denúncia de que um "suspeito de infecção pelo coronavírus" na cidade teria descumprido propositalmente recomendação de isolamento social, medida para evitar a propagação do vírus, explicou o delegado. Exame do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) confirmou depois a doença.
A história veio a público a partir de relatos de conservas em grupos de WhatsApp. Entre as atitudes que ele teria tido, mesmo com a orientação do isolamento, foi ter ido a um jogo de futebol, a uma festa e a um tratamento em salão de beleza. As postagens foram "amplamente divulgadas em redes sociais", diz Pinto, indicando que os atos poderiam ter sido propositais.
"O clima é de revolta com a atitude do jovem", descreve o delegado.
O inquérito e pedido de prisão se baseou no artigo 267 do Código Penal, que prevê penalidade para crime que envolvem epidemia, neste caso de propagar vírus. A pena é de reclusão de dez a 15 anos, em caso de condenação.
Torres, por ser uma cidade litorânea,
entrou no regime de restrição para frequentar a faixa de praia, determinada em decreto do governador Eduardo Leite, nessa sexta-feira (20). Nas praias, guarda-vidas fazem o monitoramento e pedem que as pessoas fiquem em casa. Guardas municipais fazem rondas usando máscara. No acesso à cidade, motoristas que vêm da BR-101 e da Estarda do Mar passam por uma barreira sanitária onde recebem orientações e o alerta para ficar em casa.