A pandemia do coronavírus (Covid-19) vem mudando radicalmente os hábitos da população brasileira e mundial - entre eles, o de consumo. O medo e a incerteza fazem com que muitas pessoas comecem a comprar itens básicos de saúde e alimentação, mas, por outro lado, a recomendação é que as pessoas não saiam de casa, para evitar o contágio. Em meio a esse novo cenário, o e-commerce aparece como uma alternativa eficaz para abastecer a população e evitar frear ainda mais a economia. A Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) já registrou impactos causados pela crise do novo coronavírus.
"Desde o dia 12 de março, algumas lojas virtuais chegaram a registrar um aumento de mais de 180% em transações nas categorias alimentos e bebidas, e beleza e saúde", afirma Mauricio Salvador, presidente da entidade. O dirigente acredita que o e-commerce está em condições de atender a um eventual crescimento da demanda. "O setor está preparado para aumentos sazonais, como acontece no caso da Black Friday, quando algumas lojas virtuais recebem, em apenas um dia, o equivalente aos pedidos do mês inteiro", diz Salvador. E acrescenta: "Mas nem todos estão preparados, pois algumas lojas virtuais já estão comunicando em seus sites que há possibilidade de atrasos e substituição de produtos por conta de ruptura de estoques".
Nesse sentido, o presidente recomenda negociar com fornecedores para reduzir quebras de estoques, e manter atenção aos pronunciamentos oficiais e restrições de mobilidade que haverá nos centros urbanos. A entidade se preocupa com o fato de que governantes determinem o fechamento de centros de distribuição e proíbam a circulação de entregadores nas cidades. "Caso isso aconteça, as lojas virtuais terão que operar em regime de emergência, fazendo entregas somente de bens de consumo de primeira necessidade, paralisando diversas categorias", diz Salvador.
O presidente da ABComm chama a atenção para o quadro econômico. "A crise não beneficiará ninguém. Se, por um lado, as vendas estão aumentando no e-commerce, por outro, as pessoas ficam mais reticentes em gastar, e, por isso, a economia toda está sendo prejudicada." Muitas empresas só agora estão procurando migrar seus negócios para o digital.
Segundo dados da ABComm, existem cerca de 90 mil lojas on-line no Brasil. Antes da crise do novo coronavírus, a entidade previa que o comércio eletrônico deveria fechar 2020 gerando um volume financeiro de R$ 106 bilhões, o que representa um aumento de 18% sobre o ano anterior. "Vamos aguardar mais algumas semanas antes de refazer as previsões de faturamento para 2020", afirma Salvador.
Pesquisa revela que vendas virtuais em função da pandemia já aumentaram em fevereiro
A procura dos brasileiros por itens relacionados à limpeza, produtos para bebê e alguns mantimentos cresceu de forma significativa entre janeiro e fevereiro, período em que começaram a ser confirmados os primeiros casos de coronavírus no País. As vendas de álcool em gel seguem em forte expansão em março. As informações são da Ebit/Nielsen, especializada em análises do comércio eletrônico no Brasil.
As vendas on-line de "gel antisséptico higienizador de mãos" no Brasil, após o anúncio de pandemia, atingiram o maior nível do mês de março. Elas já haviam crescido quatro vezes no mês passado e ultrapassado faturamento total de R$ 1 milhão.
A subcategoria "álcool gel" - que, antes, representava menos de 1% da categoria "saúde" -, no dia 16 de março deste ano, chegou a 9% do faturamento. Ou seja, o total comercializado - dado nominal - ultrapassou o montante comercializado durante todo o mês de fevereiro do ano corrente.
O aumento no volume de compras on-line de produtos, como termômetros e desinfetantes, também foi resultado direto da crise decorrente do novo coronavírus. O primeiro item cresceu 45% e o segundo, 14% no período, com faturamentos de R$ 793,140 mil e de R$ 828,037 mil, respectivamente.
Já fraldas (26%), papinhas (51%) e lenços umedecidos (10%) também tiveram destaque no crescimento das vendas em fevereiro na comparação com janeiro, segundo a Ebit/Nielsen. Destaque também para o aumento de 10% nas compras de comidas enlatadas e conservas, para um valor total de quase R$ 1,5 milhão em fevereiro.
Os itens que registraram crescimento estão na contramão da média do mês, que apontou queda de 20% no faturamento na comparação com janeiro. As compras desses itens chamam atenção, portanto, porque, historicamente, o segundo mês do ano tem faturamento menor do que o primeiro, que, além de ter mais dias, é marcado por saldões.
Sebrae alerta sobre a importância logística para o comércio on-line
Antes de partir para a criação do comércio eletrônico, é necessário ter uma estrutura empresarial e um planejamento logístico que tem peculiaridades se comparado ao do comércio tradicional. A advertência é do Sebrae, que destaca a importância logística no processo, o que inclui planejar, executar e controlar eficientemente o transporte, a movimentação e o armazenamento de produtos dentro e fora das empresas, garantindo a integridade e os prazos de entrega dos produtos aos clientes.
Manter um site na internet sem se preocupar com estrutura de logística significa não esperar retorno algum e, talvez, ter prejuízos enormes. O processo de atendimento dos pedidos e entrega dos produtos (a logística de distribuição) é um dos principais problemas do comércio eletrônico.