A pandemia de Covid-19 está levando as empresas a um processo seletivo e o Sindicato do Comércio Atacadista no Estado do Rio Grande do Sul (Sindiatacadistas-RS) avalia que vão sobreviver as empresas que estiverem muito bem estruturadas, com capacidade de gerenciamento e planejamento no momento de crise.
De acordo com o presidente do Sindiatacadistas-RS, Zildo De Marchi, as empresas que superarem esta crise terão pela frente a possibilidade de ampliar negócios a partir de novas práticas, com o uso da tecnologia para acessar clientes. Por outro lado, a falta de adaptação levará muitas à falência ou a se afastarem do seu setor original, para retornar em novo segmento.
De Marchi diz que os empresários têm de ser cautelosos e trabalhar de modo a empreender esforços no ajuste dos negócios para uma nova realidade em que as relações comerciais estão se transformando em função de novos hábitos de consumo.
O dirigente observa que o Sindiatacadistas-RS reúne sete sindicatos que representam setores responsáveis por uma fatia de cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul. E destaca que a instituição está orientando associados, tanto em questões econômicas quanto jurídicas. Ações do Sindiatacadistas-RS também são direcionadas à estrutura do negócio e com base no planejamento econômico e social para o enfrentamento das dificuldades.
Conforme explica De Marchi, o segmento econômico do atacado deve conviver dentro das necessidades que se impõe no momento. A função do sindicato também é orientar, coordenar e dar informações no que diz respeito à atividade dos seus associados.
De Marchi observa que, mesmo com as adversidades, os setores de abastecimento alimentícios, serviços e farmácias estão se esforçando para manter a normalidade das atividades. Já setores como os de vestuário, de calçados e o turismo apresentam maior grau de dificuldades para manterem suas operações funcionando. "Estamos dando a nossa contribuição da melhor forma possível para que a sociedade tenha atendimento", explica o dirigente.
Em relação a inovações, necessárias no atual momento, segundo o dirigente, para continuar interagindo com a sociedade, De Marchi aponta mudanças positivas, porém, também há experiências que não têm sido satisfatórias.
Diz que os empresários vêm se adaptando às novas circunstâncias na medida do possível, entretanto, a falta de caixa, em alguns casos, provoca até mesmo a desistência de manter a operação, por impossibilidade de recursos. De um modo geral, De Marchi acredita que os empresários estão conformados e enfrentando estes desafios com muito ânimo e bom desempenho, apesar das restrições impostas pela pandemia de coronavírus.
O presidente do Sindiatacadistas-RS lembra que os restaurantes são um exemplo de como continuar as atividades na área dos alimentos, fazendo, em muitos casos, o atendimento domiciliar, via delivery. Mas para isto, conforme salienta Zildo De Marchi, é necessário estar estruturado corretamente, muito bem capitalizado e com boa credencial no mercado em que pretende oferecer o serviço.
"Quem tiver competência irá sobreviver no mercado", diz De Marchi
Jornal do Comércio - O que o Sindiatacadistas-RS está fazendo para auxiliar os associados neste momento de adversidade?
Zildo De Marchi - Diante deste quadro mundial que afeta a todos os setores produtivos e sociais, estamos agindo de acordo com nossas atribuições. Este é um sindicato de alimentos, de vestuário, de serviços. Estamos prestando nossa contribuição dentro das necessidades e limitações do momento. Tem alguns setores que atuam não precariamente, mas com mais dificuldade, funcionam, como farmácias e setores de abastecimento alimentício e serviços. Estamos dando a nossa contribuição da melhor forma possível para que a sociedade tenha o mínimo de atendimento. Setores de vestuário, calçados e turismo tem mais dificuldades em corresponder às expectativas.
JC - Qual é a orientação do Sindiatacadistas neste momento de restrições ao funcionamento de estabelecimentos?
De Marchi - O Sindiatacadista-RS tem que dar orientação jurídica, econômica, um suporte para manutenção dos setores, mas alguns casos tem mais dificuldades. A função do sindicato é orientar, dar informações. No âmbito trabalhista, existe uma flexibilização para poder manter o máximo possível, de acordo com as circunstâncias do momento. Qualificamos o empreendedor com orientação, para que ele, com planejamento econômico, tenha suporte e condições para o enfrentamento das dificuldades. Sempre tem aqueles que entram em um setor sem estar bem-estruturado. Esse naturalmente passa por muitas dificuldades. Mas o que está bem-estruturado, consegue sobreviver e enfrentar este desafio. O empresário tem que ter planejamento e programa estratégico para conviver de acordo com a sua atividade.
JC - Os empresários buscam inovações para vencer as dificuldades do momento atual?
De Marchi - Na área de alimentos, por exemplo, os restaurantes não estão funcionando abertos, mas já fazem um atendimento domiciliar. Quem está bem estruturado e capitalizado, o que está bem credenciado no mercado, atende ao seu cliente e continua operando, não digo, com resultado econômico, mas com o suficiente para cumprir e atender as suas necessidades no momento. Estão sendo criadas certas alternativas, naturalmente. Vamos passar por essa turbulência. Nós vamos ter inovações positivas, passar por algumas situações negativas, mas a economia e a sociedade continuam interagindo.
JC - Como será o empresário pós-pandemia da Covid-19?
De Marchi - O empresário vem se adaptando às novas circunstâncias. Mas aqueles que estão desprovidos de previsão de orçamento, de recursos, esses poderão até desistir de operar. Acredito que vai haver um processo seletivo. O que tem competência de passar por esta turbulência, vai sobreviver e até, às vezes, crescer. Outros estão sujeitos até a ser suprimidos e se afastar do setor. Acredito que (os empresários) vão trabalhar com mais cuidado, de forma mais bem administrada.