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Um olhar especial sobre o Quarto Distrito de Porto Alegre
Coordenador enxerga Pacto como o movimento ideal para tornar região mais atrativa
A implementação do Instituto Caldeira no Quarto Distrito de Porto Alegre - área que compreende os bairros Floresta, São Geraldo, Navegantes, Humaitá e Farrapos, na Zona Norte da cidade - é um passo para a revitalização da área, pretendida há pelo menos 30 anos por governantes e pela sociedade.
É assim que enxerga o coordenador de Inovação da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico de Porto Alegre, Roberto Moschetta. Apesar de o projeto ser inteiramente financiado por instituições privadas, o representante da prefeitura entende que é o momento para a o poder público aproveitar e realizar as modificações pretendidas na região a partir dessa iniciativa.
Para Moschetta, a chegada do Pacto Alegre irá "fatalmente" contribuir para tornar a região mais atrativa. Tomada por prédios onde outrora fábricas se instalavam e compunham um distrito industrial, há anos a área sofre com a degradação e o abandono. "A chegada dessa iniciativa traz energia para mudarmos o Quarto Distrito. Já existem subprojetos por lá, e qualquer ação voltada à inovação trará benefícios", salienta o coordenador.
Como um dos agentes do Pacto, a prefeitura trabalha para viabilizar até o dia 26 de março, data de aniversário de 247 anos de Porto Alegre, a assinatura dos termos de compromissos com as empresas que começarão os trabalhos. Para isso, desde novembro trabalha junto com as universidades, entidades da sociedade civil e com o consultor, o espanhol Josep Piqué, em reuniões e workshops para levantar informações sobre projetos e apresentar à mesa diretora as necessidades da cidade.
Moschetta entende que a mobilização da sociedade para com o Pacto Alegre será o propulsor do desenvolvimento na cidade, e pede aos participantes um "olhar para o século XXI" em prol de novas iniciativas. "Historicamente, não conseguimos convergir esforços. Temos potencial para inovar, mas talvez nos falte orientação", explica. Por isso, vê a presença do espanhol como fundamental nesse processo, com a experiência apontar os principais gargalos para desencadear os projetos.
Educação e governança recebem programas
Dois projetos relacionados à educação municipal e à eficiência governamental já estão sendo desenvolvidos pela prefeitura junto às empresas para aumentar a rapidez e estimular a criação de soluções práticas para os problemas de gestão de dados nestas pastas.
O Start.Edu foi lançado em agosto do ano passado e oportunizou a 28 startups habilitadas trabalharem para solucionar 20 desafios propostos pela Secretaria Municipal de Educação (Smed) em três áreas: Promoção da Aprendizagem, Gestão Escolar e Gestão das Aulas e Melhoria dos Serviços Públicos na Educação. Em dezembro, foram convocadas 10 dessas empresas para defenderem suas ideias em uma apresentação, realizada no Paço Municipal, e em janeiro, a comissão de seleção do programa elaborou o relatório final, no qual as empresas serão convidadas a fazerem testes em escolas municipais para validarem suas ideias.
Algumas soluções apresentadas envolvem aplicativos para comunicação dos pais com as escolas, plataformas online de livros didáticos e orientações pedagógicas aos professores, ferramentas de acessibilidade aos alunos com necessidades especiais e também manutenção das escolas, como serviços de eletricista, hidráulico e de limpeza. As escolas que inicialmente receberão os testes devem ser divulgadas em breve pela secretaria.
Com um viés semelhante, o e-Gov também passa por implementação em todos as secretarias municipais. As ações do programa priorizam o uso das tecnologias da informação e comunicação para democratizar o acesso à informação, além de ampliar a participação popular na construção das políticas públicas e aprimorar a qualidade dos serviços e informações públicas prestadas.
O modelo utilizado para seleção das startups será o mesmo do Start.Edu e terá como enfoque principal a implementação de processos que resolvam impasses em toda a administração pública, com o foco em eficiência.
Modelo deve ser adaptado para todo o Estado
Durante a assinatura do Pacto Alegre, realizada em novembro, o governador Eduardo Leite manifestou o interesse em ver replicado o modelo proposto na cidade para todo o Rio Grande do Sul. E uma das medidas para obter sucesso na iniciativa foi convidar Luís Lamb, coordenador da Aliança pela Inovação - ação construída pelas universidades - para ser o secretário de Inovação, Ciência e Tecnologia. Ele também atua como pró-reitor de Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Com a experiência na articulação do projeto em âmbito municipal, Lamb afirma que trabalhará em um modelo adaptado nas diversas regiões do Estado. O intuito é criar clusters - concentração de empresas e/ou instituições que colaboram entre si - regionalizados, mas com a mesma essência do Pacto: gerar desenvolvimento a partir da inovação e criar uma matriz de conhecimento espalhado pelo RS.
Lamb explica que a distância entre as cidades gera uma complexidade para implementar o modelo porto-alegrense de inovação, por isso, é necessário criar algo diferente, ainda que com a mesma essência. Ele prega a participação da iniciativa privada como fundamental para alavancar os projetos. "As empresas do setor precisam estar conosco, o Estado, para desenvolver essas parcerias. São atores fundamentais em todas as regiões", explica.
Para ele, o diferencial será observar o potencial de cada área para obter maior sucesso. "Somos referência nacional em muitos setores. Agricultura e a indústria metalmecânica são alguns exemplos. A partir desse conhecimento, iremos modernizar nossa economia", analisa o secretário.
Em relação à questão econômica do Estado, Luís Lamb vê o planejamento das ações desses clusters como tão importantes quanto os investimentos a serem feitos. Por mais que os recursos sejam escassos, o secretário observa que a situação em Porto Alegre, também impactada por seguidos déficits nas contas públicas, não foi empecilho para a união de esforços e enxerga esse como fator fundamental para solidificar as ações por todo o interior do Estado.