A revitalização proposta pelo BNDES para o Cais Mauá, em Porto Alegre, terá investimento de R$ 1,3 bilhão. A maior parte desse valor, cerca de R$ 1,1 bilhão, ficará no setor das Docas, trecho mais próximo da rodoviária e onde
serão construídas torres corporativas e residenciais. O restante será destinado ao restauro dos armazéns históricos e da área livre entre eles e o setor próximo da Usina do Gasômetro. Os números foram apresentados na quinta-feira, 25 de novembro, em coletiva de imprensa no Palácio Piratini. As informações são da
coluna Pensar a cidade.
Nos primeiros cinco anos do edital, devem ser investidos R$ 300 milhões, com três anos para desenvolver a área da concessão e até 15 anos para a área das torres. Ao todo devem ser gerados 45 mil empregos diretos e 5 mil indiretos durante a obra e 4 mil após a revitalização, para atender um público estimado de 15 mil visitantes por dia.
A base para estes valores é o projeto arquitetônico e urbanístico apresentado pelo Consórcio Revitaliza, contratado pelo BNDES para realizar os estudos que servirão de base para a licitação que o governo do Estado vai lançar no primeiro semestre de 2022.
Para garantir o caráter público do Cais Mauá, a ideia é bancar o restauro com os recursos obtidos com a alienação no setor das Docas – são três e cada uma terá matrícula própria, para que possam ser vendidas separadamente. Ainda não está definido se essa compensação será direta (quem comprar vai se encarregar pelo restauro) ou indireta, por exemplo destinando o recurso a algum fundo com essa finalidade. O que também não está definido é o período que vai durar a concessão dos armazéns, que poderá variar de 25 a 35 anos.
Considerado referencial, o projeto não será necessariamente construído como foi apresentado. O secretário extraordinário de Parcerias do Estado, Leonardo Busatto, enfatiza que o edital definirá o que da proposta será obrigatório ou servirá apenas como base do que vai ser realmente feio.
Por exemplo, será obrigatória a retirada do muro entre o pórtico central e o Gasômetro e a construção de um novo sistema para proteção contra cheias nos três quilômetros de extensão do Cais Mauá. Porém, o modelo desse novo sistema é referência, ou seja, a empresa que for executar poderá apresentar uma solução diferente da proposta do consórcio.
Também está confirmado que será obrigatório destinar 70% da área construída no setor das Docas para uso residencial, com 30% destinado a uso corporativo, hotelaria e comércio no térreo dos edifícios. O estilo dos prédios e a altura vão ser definidos caso a caso. Não foi informado se terá altura mínima – a máxima, de acordo com o secretário municipal de Meio Ambiente e Urbanismo da Capital, Germano Bremm, será “o limite que a engenharia permitir”. A prefeitura trabalha com projeções de
prédios com até 200 metros de altura. A confirmação dessas exigências virá somente com o edital.
Usos previstos
O projeto indica ainda o que construir nas docas, os usos para cada um dos armazéns e ocupação para as áreas livres. O governo não informou se vai manter a sugestão apresentada pelo consórcio.
Praça do Gasômetro: estrutura para esportes náuticos
Armazéns 5, 6 e 7 (onde hoje está o Cais Embarcadero): gastronomia, comércio, cultura e entretenimento
Armazéns 3 e 4: pavilhões para exposições e eventos
Entre os Armazéns 2 e 3: Praça dos Guindastes
Armazéns 1 e 2: complexo tecnológico
Armazéns A e B (junto ao pórtico central): arte, cultura, comércio local, artesanato e gastronomia
Prédio administrativo: coliving (aluguel no estilo airbnb)
Armazém B1: Alimentação e conveniência
Armazém B2: SPH e Bombeiros
Armazém B3: Operadores Náuticos
Doca 1: 2 prédios residenciais
Doca 2: 2 prédios residenciais e 2 prédios corporativos
Doca 3: 2 prédios residenciais, 1 hotel/corporativo e restauração do prédio do antigo frigorífico para uso cultural ou multiuso