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Energia solar cresce com diversificação de modelos de implantação
Parcerias para instalação de painéis incentivam aproveitamento da solução
Em franca ascensão no Brasil, a geração distribuída (em que o consumidor produz sua própria energia) fotovoltaica começa a ver mais caminhos abertos para uma difusão ainda maior. Essa expansão está acontecendo na forma de viabilizar economicamente os projetos e também com as pesquisas de novos materiais para a fabricação dos painéis solares.
No segmento rural, onde a fonte solar fotovoltaica tem se inserido cada vez mais, a BRF (detentora de marcas como a Perdigão e a Sadia) vem incentivando os produtores que atuam com a empresa a adotarem a solução, contribuindo para o aumento dessa geração. O diretor corporativo de Agropecuária da companhia, Guilherme Brandt, detalha que o modelo de integração da BRF prevê a parceria com o produtor integrado, que entra com a sua área rural e a empresa sugere a formatação do projeto de criação de aves ou suínos. “Ele constrói a granja dentro do padrão que a gente recomenda e a partir daí nós alojamos na propriedade dele os nossos animais, fornecemos a ração, insumos e o suporte técnico”, explica o dirigente.
Dentro desse conceito, a BRF tem orientado seus produtores integrados para utilizarem a energia fotovoltaica como uma forma de diminuir custos e ter uma atividade mais sustentável. Com esse propósito, a BRF firmou com o Banco do Brasil um convênio que prevê recursos na ordem de R$ 200 milhões para financiamentos que podem ser usados pelos seus parceiros na elaboração de empreendimentos fotovoltaicos.
O especialista Agro da Gerência de Projetos e Gestão Agropecuária da BRF, Fábio Rosa Abrahão, argumenta que, ao optar pela solução, o produtor torna sua matriz energética mais limpa e melhora sua performance. Ele detalha que se o produtor resolver fazer o investimento através do programa da BRF, além da questão do financiamento, contará com vantagens como suporte técnico para adquirir o sistema fotovoltaico de um fornecedor homologado. “Ele tem a garantia de comprar um equipamento que passou pelo crivo da nossa engenharia e a possibilidade de captar um recurso, através do Banco do Brasil, com um prazo mais alongado e taxas diferenciadas”, enfatiza.
Antes mesmo da parceria com o Banco do Brasil, Abrahão comenta que vários produtores já adotavam a geração fotovoltaica. Segundo ele, no que diz respeito à produção de frangos de corte, a BRF trabalha com cerca de 6 mil produtores e, desse total, em torno de 25% possuem uma usina solar instalada. “Esses 1,5 mil produtores deixam de jogar na atmosfera mais de 30 mil toneladas de CO2 e economizam algo em torno de R$ 130 milhões ao ano que deixam de pagar para as distribuidoras em faturas de energia elétrica”, afirma.
O custo foi o principal motivo da implementação do sistema fotovoltaico na propriedade do produtor integrado da BRF Eduardo Ferla no município de Marques de Souza. Ele instalou o equipamento no final de 2021 para alcançar uma geração de cerca de 12,3 mil kW mensais, o que permite atender até 172 mil aves alojadas em três aviários. A iniciativa possibilita uma redução de R$ 9 mil a R$ 11 mil ao mês na conta de luz do produtor.
Ferla argumenta que, em cerca de três anos e meio, os R$ 340 mil investidos nas placas solares serão pagos com o retorno em economia de luz. Ele reforça que está satisfeito com a iniciativa, tanto que irá instalar mais um sistema fotovoltaico em uma nova granja, com capacidade para 110 mil aves, que será construída ainda em 2022. “Eu sempre digo que quem não colocou (a geração solar), coloca logo, pois é um ganho ambiental e tu economizas”, conclui.
Pesquisas buscam novos materiais para fabricação de módulos fotovoltaicos
Apesar de ser uma ação ecologicamente correta, a geração de energia solar ainda pode representar um retorno ao meio ambiente mais efetivo no futuro. Essa evolução passa por uma maior eficiência dos painéis fotovoltaicos e a utilização de novos materiais na produção dos equipamentos.
O professor dos cursos de Engenharia Elétrica e Engenharia de Energia da Universidade Positivo (UP), José Frederico Rehme, lembra que a base da eletrônica, de uma forma em geral, é o silício. O material também é fundamental dentro da indústria de painéis fotovoltaicos. “Mas, já há muitos anos que se vem estudando a possibilidade do aproveitamento de outros compostos”, diz o professor. Ele ressalta que o silício não é raro ou de alto custo, porém representa alguns impactos ambientais, pois a sua obtenção implica mineração.
Rehme informa que um dos ramos das pesquisas para substituição do silício envolve cadeias carbônicas sintetizadas. Outro tópico que deve avançar é a eficiência dos equipamentos atuais. Hoje, conforme o integrante da Universidade Positivo, os painéis fotovoltaicos apresentam um rendimento de 16% a 25% de conversão de energia. “Ou seja, 16% a 25% da energia que chega do sol é transformada em geração elétrica, ainda precisa melhorar muito”, aponta.
A coordenadora estadual da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) no Rio Grande do Sul, Mara Schwengber, atesta que os estudos científicos estão buscando novas alternativas ao silício. No entanto, a dirigente enfatiza que a tecnologia atual é predominantemente baseada nesse material. “As pesquisas estão trabalhando fortemente para que novos produtos sejam economicamente viáveis e eficientes”, ressalta Mara.
Ela adianta que outro ponto que deverá ser foco de estudos nos próximos anos serão as baterias que poderão armazenar a produção de energia solar durante o dia para aproveitá-la em períodos em que não há radiação solar. No momento, de acordo com dados da Absolar, o Brasil conta com cerca de 15,3 mil MW de capacidade de geração solar, entre geração distribuída e centralizada (grandes usinas), o que representa 7,6% da matriz elétrica nacional. Já o Rio Grande do Sul registra uma potência instalada de aproximadamente 1,1 mil MW.