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Executivos destacam aprendizado com eólicas
Comitiva gaúcha conhece mais sobre modelos de parques de energia e maneiras de minimizar impactos ambientais
Cinco empresários e executivos ligados ao setor de energia eólica integram a delegação gaúcha nos Países Baixos para conhecer a experiência holandesa com produção energética através dos ventos. Em dois dias, foram visitados três parques eólicos com propostas distintas.
O primeiro foi um megaempreendimento de energia que tem como base um porto e abriga aerogeradores em terra e no mar (Porto de Eemshaven); outro parque eólico visitado na quarta-feira (1) tem parte dos cataventos gigantes instalados em uma lagoa (Windpark Emmeloord).
E a terceira experiência foi a de um parque eólico criado por duas cooperativas de moradores, que fica em uma área de diques, junto a rodovias e hidrovia (Windpark Kramer), onde a comitiva do Rio Grande do Sul esteve na manhã desta quinta-feira (2). Trata-se de um complexo de 34 aerogeradores construído sobre diques, em uma área a uma hora de distância em carro a partir da cidade de Haia.
Além de impressionantes obras de engenharia, em áreas com pouco espaço de terreno e próximas a rodovias e águas, o grupo gaúcho cita diferentes tipos de observações e aprendizados nas visitas técnicas às usinas eólicas.
O conhecimento vai de formatos de projetos e modelos de negócios, passando por soluções para minimizar impactos ambientais e sociais com a instalação de aerogeradores, e depois o monitoramento durante sua operação.
Um exemplo de iniciativa que não existe no Brasil - e que foi obrigatória para o licenciamento de um parque na Holanda - é a instalação de sensores que identificam a aproximação de pássaros em áreas em que há rotas migratórias de aves. A partir dos aerogeradores, são emitidos alarmes para afastar os pássaros. Em último caso, o catavento é parado quando a ave se aproxima muito.
Para evitar acidentes aéreos, luzes sinalizam a pilotos de helicóptero ou avião que passam perto do parque eólico. E comunidades do entorno, e não só os donos de terras arrendadas, recebem compensação financeira pela instalação da usina eólica. Esses foram alguns exemplos vistos em dois dias de visitas. Também houve observações interessantes em relação a necessidades logísticas e de tecnologia para a instalação de parque eólico offshore.
Outros impactos questionados e analisados nas visitas trataram de sombreamento e ruído na operação e poeira durante as obras, especialmente em regiões onde há residências próximas aos parques. Também foram conhecidos formatos de financiamento e debates com pessoas que se consideram prejudicadas ou discordam da instalação das torres eólicas.
As engenheiras ambientais Verônica Casagrande e Michele Avrella, da coordenação técnica da empresa Napeia Consultoria e Projetos, de Caxias do Sul; o consultor de inspeção eólica Dieter Soares, da empresa 8.2 Renewables Brasil; a diretora de operações da empresa DGE, Daniela Cabral, e o presidente do Sindienergia, Guilherme Sari, eram os executivos do mercado eólico do RS presentes na missão - todos, aliás, estão atualmente com mais trabalhos no Nordeste do que em solo gaúcho na aérea de energia eólica.
Um dos interesses da comitiva - e aí também para integrantes da área ambiental e de infraestrutura do governo do Estado - é sobre a operação de eólicas em lagoas e no mar. O Rio Grande do Sul já tem vários projetos do tipo em licenciamento, e o Executivo gaúcho planeja avançar com a iniciativa na Lagoa dos Patos, tema que passou por consulta pública.
A instalação de aerogeradores em águas doces e mais rasas é considerada com maiores chances de ser viabilizada em breve do que os projetos offshore em mar, que são mais desafiadores e também mais caros.
Notas de Haia
Perigo nas ciclovias
As bicicletas são um meio de transporte nacional na Holanda. E as ciclovias são disputadíssimas, com gente andando a uma boa velocidade. O perigo é o turista atravessar distraído.
Obra de arte
O famoso quadro Moça com brinco de pérola, de Johannes Vermeer, está exposto em museu no centro de Haia. Reproduções da obra também são vistas em paredes e muros na cidade.
Kleiton e Kledir
Ao fim do segundo dia da missão na Holanda, a delegação gaúcha foi recebida na Embaixada do Brasil em Haia. Foi um momento de descontração. Um mal entendido no caminho fez com que a entrada ocorresse pelos fundos. Mas o embaixador Paulo Roberto Caminha de Castilhos França, gaúcho de Porto Alegre, deixou todos a vontade. O quebra-gelo foi sobre a divisão da delegação entre gremistas e colorados. E a trilha sonora de fundo teve Kleiton e Kledir e Elis Regina.
Da Netflix para o mundo
O representante das relações exteriores dos Países Baixos em um seminário que ocorreu sobre relações comerciais e oportunidades de negócios entre Rio Grande do Sul e Holanda disse que não teve a oportunidade de conhecer o Brasil. "Conheço através de Coisa mais linda", disse, referindo-se à série na Netflix, que tem como pano de fundo o início da bossa nova no Rio de Janeiro.
Efeitos da guerra
O embaixador do Brasil nos Países Baixos, Paulo Roberto Caminha de Castilhos França, comentou os efeitos econômicos da guerra da Ucrânia no dia a dia da Holanda. A inflação está em 9%. E o país tem grande dependência de gás russo.
Especialistas em logística
Além de energia eólica e navegação, os holandeses são especialistas em logística. A integração entre modais é vista tanto no transporte de cargas quanto no dia a dia. Na rampa da estação principal de trens de Haia, há espaços para subida de quem está de bicicleta. E o fluxo é constante.
Visita ao Porto de Roterdã
A missão gaúcha na Holanda será concluída nesta sexta-feira (3) com uma visita ao Porto de Roterdã. Referência mundial, o terminal é responsável por mais de 10% do PIB dos Países Baixos.
Reforço espanhol
Duas representantes do grupo espanhol Enerfin chegaram ontem à noite em Haia. Elas irão se juntar à comitiva gaúcha na visita do Porto de Roterdã. A Enerfin é parceira no projeto piloto de produção de hidrogênio verde em Rio Grande.