Executivos de mais de 30 indústrias gaúchas participam da Feira de Hannover

Delegação brasileira está na 75ª. edição da maior feira global da indústria, que ocorre na Alemanha

Por Guilherme Kolling

Cerimônia de abertura ocorreu neste domingo à noite no centro de eventos de Hannover
Cidade com pouco mais de 500 mil habitantes no centro-norte da Alemanha, Hannover tem uma boa infraestrutura, com aeroporto, metrô e uma movimentada estação central de trens. Arborizada com plátanos, reúne em sua área central belezas arquitetônicas e naturais, atrações culturais e históricas, como uma igreja destruída na Segunda Guerra Mundial, cujas paredes que restaram foram mantidas para marcar o episódio.
A localidade se diferencia de outras muitas cidades alemãs, com as mesmas características por abrigar o maior evento da indústria do mundo, a Hannover Messe (feira em alemão), que apresenta todos os anos as novidades tecnológicas do setor. Esta edição está sendo muito celebrada por dois aspectos: primeiro, por marcar o retorno das atividades presenciais, após dois de pandemia.
Outro fator é a efeméride de 75 anos, celebrada por autoridades neste domingo à noite – a feira foi um estímulo para a recuperação da Alemanha no pós-guerra, com a indústria tendo um papel de destaque no milagre econômica europeu, como destacou o prefeito de Hannover, Belit Onay.
Faixas destacam pioneirismo de Hannover e Portugal, país parceiro neste ano. Crédito da Guilherme Kolling/Especial/JC
Neste cenário, a feira, que teve a primeira edição em 1947, logo se firmou como uma uma das maiores delegações de sua história em Hannover, com mais de 100 pessoas, tendo o Rio Grande do Sul como principal representante. No grupo que integra a missão oficial prospectiva brasileira, dos 97 integrantes, 65 são do Rio Grande do Sul, seguido por Goiás, com 23 integrantes, Santa Catarina (5), Paraná (2), Minas Gerais (1) e Ceará (1). Outros empresários, que vieram à Alemanha de forma independente, fazem o número chegar a mais de 100.
A Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) lidera e organiza a missão, por meio do Centro Internacional de Negócios, com a parceria da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Sebrae-RS. Além de ser um estado com indústria forte, a representação gaúcha superior a de outros estados também é explicada pelo fato de a Fiergs organizar missões a Hannover há mais de 30 anos.
Nesta edição, haverá a presença 40 executivos de mais de 30 indústrias no Rio Grande do Sul. Há grandes empresas centenárias, como a CMPC, que atualmente tem fábrica de celulose em Guaíba, e que será representada pelo seu diretor-geral, Mauricio Harger, e a Copelmi Mineração, que terá na Alemanha o seu diretor-superintendente, Carlos Faria.
Também integram a comitiva companhias mais jovens, como a Alfamet, fundada em 2007, com prestação de serviços de calibração de peças para equipamentos robotizados de solda. Os industriais do Rio Grande do Sul que irão buscar tendências e prospectar negócios na Alemanha atuam em diversas áreas, como automação e controle, robótica, refrigeração, caldeiras, infraestrutura de TI e energias renováveis, tema que vai concentrar as atenções na segunda parte da missão, aos Países Baixos.
Após a abertura oficial, a Feira de Hannover terá quatro dias de atividades, desta segunda-feira (30) até o dia 2 de junho. Na cerimônia com autoridades, neste domingo à noite, dois temas dominaram todos os discursos: guerra na Ucrânia e busca de soluções sustentáveis para enfrentar a crise climática global.
Em uma fala dura contra o presidente russo, Vladimir Putin, o chefe de governo alemão criticou o imperialismo que busca ditar novas fronteiras contra pequenos países, e destacou a unidade da reação europeia, que inclui sanções econômicas e a revisão orçamentária, com mais recursos para a compra de armas. Finalmente, conclamou a união do mundo em busca de inovações em produtos e soluções sustentáveis para superarmos a crise climática.