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Ministro das Relações Exteriores projeta que Hidrovia da Lagoa Mirim pode sair do papel em 2023
Chanceler Carlos França reuniu-se com o colega uruguaio Francisco Bustillo, em Montevidéu
Em visita ao Uruguai, nesta terça-feira (3), o ministro das Relações Exteriores, embaixador Carlos Alberto Franco França, reforçou ao chanceler uruguaio Francisco Bustillo a estimativa de que o projeto da
O ministro brasileiro também se encontrou em Montevidéu com o secretário-geral da Associação Latino-americana de Integração (Aladi), onde debateu maneiras de impulsionar o comércio e a integração regional no contexto político latino-americano.
O Brasil ocupa papel de destaque no comércio exterior uruguaio, tendo sido em 2021 o segundo principal parceiro comercial do país vizinho, sendo o primeiro fornecedor e o segundo consumidor. A corrente comercial é composta sobretudo por produtos industrializados (81%).
De acordo com o Itamaraty, o fluxo comercial bilateral experimentou forte recuperação em 2021, com crescimento de 35,2% em relação ao ano anterior, alcançando US$ 3,8 bilhões. Da mesma forma, as exportações entre Brasil e Uruguai aumentaram 17,5%, atingindo o valor de US$ 2 bilhões, enquanto as importações brasileiras cresceram 63,3%, somando US$ 1,8 bilhão.
Impacto do transporte hidroviário
O projeto voltado à consolidação do transporte de cargas pela Lagoa Mirim é o primeiro voltado ao transporte hidroviário qualificado no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do governo federal. A Hidrovia, que também será a primeiro pedagiada do Brasil, é vista como fundamental para impulsionar o desenvolvimento econômico regional, reduzir custos logísticos e fortalecer ainda mais as relações binacionais.
Seu funcionamento permitirá o escoamento de embarcações oriundas do Uruguai ao Porto de Rio Grande pela hidrovia, que conectará as Lagoas Mirim e dos Patos. O ponto de partida da obra será a dragagem e sinalização da hidrovia pelo Canal de São Gonçalo, que conecta as duas lagoas, no trecho entre o Canal do Sangradouro (Extremo Norte) e o Canal de Acesso ao Porto de Santa Vitória do Palmar (Extremo Sul).
No estudo que confirmou a viabilidade da obra, elaborado pela empresa paulista DTA Engenharia e entregue às autoridades em 13 de abril, está prevista a concessão da hidrovia por 30 anos (25 anos com possibilidade de renovação por mais cinco) à iniciativa privada. A obra terá 30 metros de largura, 3,80 metros de profundidade e 254 quilômetros de extensão, e está avaliada em US$ 10 milhões.
Atualmente, o estudo de viabilidade da Hidrovia está em fase de revisão e análise pelos órgãos federais. Se aprovado, segue para lançamento do edital da obra e agendamento do leilão. O objetivo do governo brasileiro é conseguir lançar a licitação até o final de 2022.
Do lado uruguaio, o ponto de partida do projeto é o Terminal Tacuarí. Para o país vizinho, a hidrovia terá potencial de maximizar o agronegócio, resgatar o desenvolvimento de pelo menos quatro regiões - Tacuarembó, Cerro Largo, Rocha, Treinta y Tres- e ainda reduzir os custos logísticos do transporte terrestre, já que essas áreas estão distantes da capital Montevidéu, o que acarreta gastos altos para o transporte de cargas até o porto da capital uruguaia.
Em visita ao Jornal do Comércio nesta segunda-feira (2), comitiva uruguaia liderada pela cônsul Lilana Buonomo expressou confiança e otimismo com o projeto de concessão da Hidrovia da Lagoa Mirim, que poderá reduzir em quase 400 quilômetros o transporte de grãos, calcário e outras mercadorias até o Porto de Rio Grande.
Produtos que poderão ser transportados pela hidrovia
- Do lado brasileiro
Madeira renovável
Insumos agropecuários
Fertilizantes
Açúcar
Derivados de petróleo
Arroz - Do lado uruguaio
Soja
Madeira
Calcário
Cevada
Cimento
Sorgo