As repetidas altas no preço do óleo diesel têm complicado a operação das empresas de logística no Brasil. Uma sugestão apresentada pelos transportadores para amenizar esse cenário é que o governo federal elabore um fundo que atenue as oscilações do custo do combustível, fazendo com que as elevações nas refinarias não sejam transferidas direta e imediatamente para as bombas dos postos.
O assessor técnico da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), Lauro Valdívia, argumenta que essa espécie de “colchão” para amortecer e segurar as variações de preços do diesel daria mais tempo para o transportador negociar o repasse dos incrementos de custos. O especialista comenta que esse fundo poderia ser criado a partir de parte dos tributos arrecadados ou até mesmo por uma parcela do lucro que o governo recebe da Petrobras, da qual é acionista majoritário.
Valdívia destaca que, em média, o combustível tem um peso de cerca de 35% nos custos das transportadoras e, nos últimos quinze meses, já verificou um aumento de mais de 80% em seu preço. “A gente tem alta quase todo o mês. Então é muito difícil para o transportador administrar esse tipo de coisa, porque ele tem que negociar com o cliente dele todo o mês”, salienta. Conforme o assessor técnico da NTC&Logística, a indicação das entidades que representam o setor é que as companhias, na medida do possível, introduzam a figura do “gatilho” em seus contratos.
Ou seja, estabelecer no acordo firmado com a empresa contratante que, a partir de um determinado percentual de aumento no diesel, o valor do serviço seja atualizado. Esse mecanismo já é adotado na tabela de frete criada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que estipula valores mínimos para os transportes realizados e é revisada se a alta do combustível passar de 5%.
Valdívia esteve nesta terça-feira (24), em Porto Alegre, a convite do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (Setcergs), para ministrar o curso prático de Gestão de Tabela de Frete. Na ocasião, o integrante da NTC&Logística também comentou sobre o Projeto de Lei Complementar (PLP) 18/22, proposto pelo deputado federal Danilo Forte (União-CE), que limita a alíquota de tributos sobre energia e combustível. Para Valdívia, toda a ação tomada para reduzir custos é benéfica para a sociedade como um todo. A opinião é compartilhada pelo diretor de gestão do Setcergs, Roberto Machado, que considera justa a diminuição da carga tributária, pois o transporte é uma atividade essencial.
O dirigente frisa que o mercado logístico hoje está bastante tumultuado diante da permanente elevação do preço do diesel. “Quando você está ajustando um valor de repasse do diesel, logo em seguida tem outro. Isso é desgastante para os transportadores e para os embarcadores que têm que colocar isso nos custos de suas mercadorias”, enfatiza o diretor do Setcergs. Ele ressalta que, além do incremento do combustível, estão aumentando os custos de insumos como pneus, caminhões, peças de reposição, entre outros.
Apesar dessas dificuldades, as perspectivas são otimistas para a 22ª Feira e Congresso de Transporte e Logística que será realizada nos dias 13 a 16 de junho, na Fiergs, em Porto Alegre. Machado lembra que, devido à pandemia de coronavírus, o evento não foi realizado nos últimos dois anos. A expectativa para o encontro deste ano é que cerca de 18 mil pessoas compareçam e que seja movimentado em torno de R$ 1 bilhão em negócios.