A Câmara Empresarial Argentino-Brasileira do Rio Grande do Sul (Ceab-RS) elegeu em assembleia, na quarta-feira, 19 de janeiro, a sua nova diretoria para os próximos quatro anos (2022 a 2025). A escolha da nova gestão ocorreu a partir de chapa única. Quem assume o cargo de presidente é o despachante aduaneiro Fabio Ciocca, no lugar do empresário Pedro De Marchi Calazans.
Ciocca ocupava o cargo de conselheiro na primeira administração da Ceab-RS, entidade que tem só quatro anos de existência. Agora, Calazans passa a assumir o posto de vice-presidente da Ceab-RS.
Em função do agravamento da contaminação de Covid-19, com a nova variante Ômicron, não haverá cerimônia presencial de posse da nova diretoria, pelo menos neste momento.
A Câmara é integrada por empresas nacionais e binacionais, que operaram também no mercado exterior e principalmente, entre os dois países. “A composição da Câmara é feita pelas empresas e pelos próprios empresários que estão como conselheiros e diretores (da entidade), realizando um trabalho de facilitação do comércio, soluções, que venham para o desenvolvimento regional”, explica. De acordo com Ciocca, Brasil e Argentina são os terceiros maiores parceiros comerciais, para ambos, tanto na importação como na exportação.
“Hoje, temos um fluxo de mercadorias consideráveis (na balança comercial) e temos um mercado bastante aquecido, mesmo com a pandemia. Não tivemos nenhuma desaceleração neste sentido, até por questões de abastecimento”, explica.
Ciocca salienta que a Ceab-RS tem como uma de suas atribuições atuar com os players que operam no mercado internacional, tanto da iniciativa pública, quanto órgãos do governo, para buscar soluções imediatas, principalmente, quando existe algum entrave. A proposta é estimular o desenvolvimento econômico.
O dirigente explica, que a Câmara tem um papel importante em fazer com que o comércio internacional tenha mais celeridade entre esses dois mercados, bem como, segurança e previsibilidade, o que minimiza custos. “Existem muitas barreiras (tarifárias e não tarifárias) neste comércio exterior, e mesmo tendo um mercado como o do Mercosul, buscamos trabalhar para (solucionar) estes entraves”, comenta.
Atualmente, na visão do novo presidente da entidade, os principais entraves para o comércio internacional estão relacionados a algumas licenças, principalmente, por parte do governo argentino. “Hoje, a gente está muito atrelado, tanto ao controle fitossanitário, quanto ao controle sanitário devido à questão da pandemia e isso gera um custo. Hoje, a gente não tem um passaporte ‘verde’ para que se tenha um fluxo (rápido)”, diz. Ciocca lembra que a Argentina, por exemplo, exige dos motoristas de carga o exame PCR-RT para o coronavírus na passagem da fronteira. Isso, segundo ele, onera muito as operações.
Nas relações comerciais entre a Argentina e o Rio Grande do Sul, o Estado, conforme Ciocca, exporta mais mercadorias do que importa. "A Argentina também precisa muito dos nossos produtos. O setor automotivo é um setor que abastece muito este mercado Brasil-Argentina e o setor alimentício também", exemplifica.
Em relação aos portos, Ciocca diz que o avanço e os ganhos de competitividade estrutural viriam com a colocação em prática das áreas de controle integrado. "Hoje, até em decorrência da pandemia, essas áreas não estão funcionando. Temos uma área em São Borja (RS), que é o Centro Unificado de Fronteira, único pela formatação do porto, que funciona dentro do acordo das áreas de controle integrado", detalha.
As demais aduanas, conforme o dirigente, antes da pandemia já funcionavam de forma parcial e com o agravamento da crise sanitária deixaram de atuar. "As várias áreas de integradas de controle aduaneiro, se voltassem a funcionar e fossem colocadas em prática conforme a legislação vigente, trariam um ganho de competitividade. Aí é uma questão estrutural", explica.
Ciocca diz que, na sua administração na Câmara, irá dar sequência ao trabalho iniciado pelo presidente anterior. Diz que é necessário realizar eventos que produzam conhecimento para empresas e também para integração das relações binacionais. Também fala do posicionamento ativo da Câmara em situações que venham atrapalhar as operações do comércio exterior, como no caso das legislações. "É necessário um estreitamento das relações da Câmara com o poder público na busca de soluções tangíveis", reforça. O dirigente cita que a Câmara é nova e, por isto, necessita expandir o número de associados para ficar mais fortalecida.
A Câmara Empresarial Argentino-Brasileira do Rio Grande do Sul funciona na sede do Consulado Geral da República Argentina, na rua Coronel Bordini, 1.033, no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre. A entidade foi criada a partir de um iniciativa do governo Argentino com o apoio da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) e da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs).