Em live realizada na manhã desta quinta-feira (16), a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) divulgou a projeção de alta e de novos recordes de produção, exportação e consumo para os setores da avicultura e suinocultura entre 2021 e 2022. No caso do mercado interno, segundo a entidade, a retomada econômica nacional, o Auxílio Brasil e aumento do salário mínimo serão fatores determinantes para o incremento desse cenário, além da substituição da carne bovina pela de frango, de porco e ovos, mais atrativos ao bolso do consumidor.
Segundo o presidente da ABPA, Ricardo Santin, as dificuldades econômicas e limitações mercadológicas - como alta dos insumos, dificuldades na produção de milho pela estiagem no Sul e tendência mundial de elevação de preços- foram grandes ao longo do ano, mas as projeções para o fechamento de 2021 e início de 2022 são positivas.
"Foi um ano difícil, de superação, mas que mostra a resiliência do setor, que mais uma vez traz projeções positivas. O panorama é positivo para o setor avícola, de ovos e suínos para 2022, até porque esses produtos substituem a carne bovina, que ficou muito alta para o mercado interno", destacou Santin.
No caso da produção de frango, os números apresentados neste ano são 3,5% superiores aos registrados ano passado, com cerca de 14,3 milhões de toneladas produzidas. Já o volume projetado para 2022 pode chegar a 14,9 milhões de toneladas, 4% a mais do que o registrado em 2021. Nas exportações, a previsão é de superar em 8% os números do ano passado, chegando a 4,4 milhões de toneladas totais embarcadas. As vendas internacionais para 2022 podem alcançar 4, milhões de toneladas, um volume 5% maior do que as exportações projetadas para 2021.
O aumento do consumo per capita também foi destacado, com crescimento de 2% em 2021 ( 46 quilos por habitante) frente a 2020 (45,27 quilos). Esse índice deve alcançar a marca de 40 quilos per capita em 2022, 4% superior ao esperado para 2021. Segundo a ABPA, tanto a produção quanto as exportações projetadas para o período 2021-2022 atingirão recordes históricos. Paraná segue liderando as exportações, com 40% do mercado, seguido por Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com 23% e 16%, respectivamente.
No caso da carne suína, a produção nacional deve atingir em 2021 4,7 milhões de toneladas, 6% superior ao registrado no ano passado, com o Rio Grande do Sul se mantendo como o s egundo maior exportador (27%), atrás apenas de Santa Catarina (50%). Já o volume projetado para 2022 poderá chegar a 4,8 milhões de toneladas, 4% maior em relação a 2021.
Nas exportações, os embarques totais cresceram 10,5% em relação a 2020, com 1,1 milhão de toneladas direcionadas ao mercado externo, principalmente China, que devem chegar em 2022 a 1,2 milhão de toneladas, superando 7,5% as exportações projetadas para 2021.
ABPA defende maior inserção de suínos e frango nas festas de fim de ano, como alternativa para baratear o churrasco Fotos: Manol Petry/ABPA/Divulgação/JC
No consumo per capita de carne de porco, o índice deverá alcançar 16,8 quilos, 5% superior ao consumo registrado em 2020. Já em 2022, a procura per capita alcançará 17,3 quilos, 3% maior que o esperado para 2021. Assim, tanto a produção, quanto às exportações e o consumo per capita projetados para 2021 e 2022 atingirão recordes históricos. "O aumento de custos fez crescer os preços nas prateleiras, mas também vimos crescer a oferta do mercado interno, é um marco histórico muito positivo para o setor" complementa Santin.
Na produção de ovos, o aumento em 2021 deve ser 1,8% maior do que o apontado ano passado, chegando a 54,5 bilhões de unidades. Já o volume projetado para 2022 poderá chegar até 56,2 bilhões de toneladas, 3% maior em relação a 2021. O consumo per capita no Brasil deve chegar a 255 unidades, 1,55% maior que o registrado em 2020. Para 2022, a projeção é chegar a 262 unidades per capita, número 2,5% maior do que o esperado para 2021.
As exportações de ovos terão embarques totais neste ano de 9,5 mil toneladas, número 52,9% superior ao alcançado em 2020, com 6,2 mil toneladas- principalmente para os mercados dos Emirados Árabes e Japão. Em 2022, as vendas internacionais poderão chegar a 10,2 mil toneladas, volume que supera em 6,5% as exportações projetadas para 2021. Tanto a produção quanto o consumo per capita de ovos projetados para 2021 e 2022 também atingem recordes históricos.
Desafios e obstáculos
Entre os grandes desafios da cadeia produtiva para 2022, Santin destacou a disponibilidade de grãos, afetada principalmente pela estiagem no Estado. Segundo ele, não faltou milho em 2021, mas os preços ficaram muito altos, o que não deve se repetir para o próximo ano. Os elevados custos dos insumos, das embalagens e da produção em si também serão obstáculos para o mercado. "A estabilidade está em um patamar elevado de custos, e isso veio pra ficar, é uma realidade que também teremos em 2022", disse.
Os problemas logísticos, como as dificuldades de embarque das cargas nos portos brasileiros, também foram apontados como obstáculos a serem enfrentados. O tema será tratado em 2022, por um grupo de trabalho a ser formado, reunindo representantes setoriais e governo.
Segundo o dirigente, a desoneração da folha de pagamento das empresas e a desburocratização em prol da competitividade ajudaram a indústria a alcançar os resultados otimistas. Além disso, o incentivo ao consumo de frango, ovos e suínos - embalado pela alta da carne de gado -, que também se intensificará nas festas neste fim de ano. "Queremos maior inserção da carne suína e de frango nas festas de fim de ano e como alternativa para baratear o churrasco. E com a presença de ovos nas saladas e doces, já que não podem ir para o espeto, brincou Santin.