Para avançar na retomada do turismo, após a reabertura recente das fronteiras a visitantes internacionais, a Argentina estima a normalização de sua malha aérea até fevereiro de 2022, o que permitirá recuperar a movimentação do setor pré-pandemia. E com foco nos viajantes gaúchos, deverá reativar as rotas regulares entre Porto Alegre e Buenos Aires até meados de dezembro.
As ações do governo argentino voltadas à promoção do turismo e fortalecimento da aproximação com os países limítrofes estão sendo apresentadas nesta semana na Feira Internacional de Turismo de Gramado (Festuris), que iniciou nesta quinta-feira (4) e prossegue até sábado (6), no centro de eventos Serra Park. Além de mostrar as iniciativas voltadas à retomada gradual e segura do setor, a presença, pela primeira vez, de um representante do Ministério do Turismo da Argentina no evento mostra a importância dada ao mercado brasileiro, que ocupa o primeiro lugar no ranking de envio de turistas ao país vizinho, como destaca o secretário geral do Instituto Nacional de Promoção Turística da Argentina (Inprotur), Ricardo Sosa.
"O Brasil é o principal mercado em emissão de turistas para a Argentina, levou 1,5 milhão de visitantes ao país em 2019, e o Rio Grande do Sul é um dos mais representativos. Então, o nosso destino está sendo muito trabalhado para que isso se traduza em potencial turístico. Temos o Brasil como parceiro muito importante nessa retomada do turismo", afirma Sosa.
Ele destaca ainda que a reabertura aos estrangeiros só foi possível graças ao progresso da vacinação contra Covid-19 na Argentina, onde 76% da população já têm ao menos a primeira dose da imunização e 58% o esquema vacinal completo. Para o ingresso no país é exigida a apresentação do passaporte vacinal, e todos os imunizantes autorizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) são aceitos. Além disso, é preciso realizar o teste PCR negativo, emitido em até 72 horas antes do embarque. Pelos protocolos argentinos, as máscaras seguem obrigatórias em ambientes fechados, mas optativas em áreas abertas e para caminhar nas ruas.
Durante o Festuris, uma série de reuniões com companhias aéreas, operadoras e entidades representativas do turismo estarão debatendo a operacionalização dos roteiros, ainda prejudicados neste primeiro momento, em razão da necessidade de adequação da malha aérea. Segundo Sosa, impasses fronteiriços e questões de organização das companhias de aviação, entre elas a Aerolíneas Argentinas, que opera em Porto Alegre, já estão sendo resolvidos, e os aeroportos e companhias brasileiros voltam, aos poucos, a retomar as conexões com a Argentina.
A intenção do governo é recuperar o quanto antes a frequência dos voos e a capacidade de assentos nas companhias, com previsão de normalização até fevereiro do ano que vem.
Os roteiros que vêm sendo ofertados neste período pandêmico priorizam o contato com a natureza e as viagens de experiência- que incluem atividades como turismo de aventura e gastronomia, por exemplo - e mostram as potencialidades para além dos tradicionais ponto turísticos de Buenos Aires.
Cânions vermelhos e fósseis de dinossauros são atrações do Parque Provincial de Ischigualasto, Patrimônio Natural da Humanidade. Fotos: Inprotur/Divulgação/JC
Entre as opções, Sosa destaca os programas voltados ao enoturismo, na região de Mendoza, muito procurados pelos brasileiros também para a realização de casamentos; visita à Tierra del Fuego, na divisa com o Chile; a Rota dos Sete Lagos, nas proximidades de Bariloche; e ida ao Parque Nacional de Talampaya e ao Parque Provincial de Ischigualasto, de clima desértico (foto), cânions vermelhos e formações geológicas, e reconhecidos pela Unesco como Patrimônio Natural da Humanidade por abrigarem os mais antigos fósseis de dinossauros. "Os destinos para essa conjuntura da pandemia são preferencialmente os voltados à natureza, temos muitas opções, parques nacionais, a costa argentina, o enoturismo", complementa Sosa.
Livraria El Ateneo, em Buenos Aires, é um dos atrativos culturas da capital argentina.
Para ele, a retomada do setor é um desafio, mas que está sendo muito bem preparada, respeitando todos os protocolos de segurança e amparada no custo-benefício da moeda argentina em relação ao Real- nesta sexta(5), o peso está cotado a R$ 0,06. "Acreditamos que fatores como o câmbio favorável permitirão que essa recuperação do setor seja muito rápida. Estamos mostrando isso, principalmente ao turista brasileiro, e ansiosos para recebê-los", complementa o secretário.
Capital mais barata para viajar, Buenos Aires tem opções para todos os gostos
Calle Thames, no bairro Palermo, em Buenos Aires, é uma das "30 ruas mais legais" do mundo
INPROTUR/DIVULGAÇÃO/JC
Pesquisa publicada em junho pelo aplicativo americano Bounce, de armazenamento de bagagens, apontou Buenos Aires, na Argentina, como a capital mais barata do mundo para o viajante, à frente de Istambul (Turquia) e Rio de Janeiro. Com isso, a cidade se consolida, nessa retomada do turismo em meio à pandemia, como destino propício para programas gastronômicos, culturais e de compras.
Além disso, a capital portenha segue como o destino mais procurados pelos turistas brasileiros, segundo dados do Instituto Nacional de Promoção Turística da Argentina (Inprotur). E o motivo das viagens ao país vizinho são principalmente turismo/férias (69%), negócios (19%) e visitas a parentes e amigos (8%).
Aos gaúchos que preparam a volta ao circuito argentino, a dica é conhecer a Calle Thames, no bairro Palermo, um dos mais badalados de Buenos Aires e eleito pela revista inglesa Time Out, como uma das 30 ruas "mais legais" do mundo. Nela estão concentrados alguns dos restaurantes, bares e outlets mais procurados pelos portenhos e que encantam os turistas.
Já procurada pelos viajantes por abrigar opções gastronômicas inovadoras, a rua tem atrações para todos os gostos, que vão desde o tradicional churrasco argentino, aos churros e opções de gastronomia asiática. Bistrôs, locais para drinks e lanches diferenciados também podem ser facilmente encontrados na área.
Além disso, está localizada na rua a Todo Mates, uma loja especializada em chimarrão que, além da erva mate, tem ampla variedade de cuias e bombas, opção certeira para ser incluída no roteiro dos turistas gaúchos.