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Pesquisa revela perfil do consumidor brasileiro de vinhos
Informações mais detalhadas nos rótulos, como dicas de harmonização, estão entre as demandas dos apreciadores da bebida
Denominação de origem, tipo de uva, local de produção e preços não são os únicos itens observados pelos brasileiros no momento de comprar um vinho. Os consumidores também buscam nos rótulos dicas de harmonização, mas são raros os que apresentam esse tipo de informação.
“Parte expressiva do público decide suas compras com base na indicação de amigos, o que demonstra insegurança em escolher sozinho ou apenas com base nas descrições do rótulo”, revela Mauro Salvo em seu livro “Visitando o que pensa o consumidor de vinho no Brasil: um olhar pela lente de um economista traduzido em estatísticas e gráficos”.
Com base em mais de 600 entrevistas, o economista, que também tem formação como sommelier, desenvolveu uma ampla pesquisa para descobrir as preferências do público apreciador da bebida. O perfil da amostra levou em consideração gênero, faixa etária, grau de escolaridade, renda média mensal domiciliar e local de moradia. Os resultados apurados nas pesquisas qualitativas e quantitativas são esmiuçados em análises estatísticas.
A ideia da pesquisa surgiu a partir das respostas pouco conclusivas que Salvo recebia quando questionava agentes que atuam na vitivinicultura sobre o comportamento padrão do consumidor de vinho. Segundo o economista, faltava dados robustos sobre diversas questões vitais para a análise econômica da atividade. “Os vendedores, sejam eles lojistas ou produtores conhecem os números de suas vendas, mas na maioria das vezes não sabem porque demandam seus produtos”, relata no prefácio do livro.
O questionário aplicado a consumidores – e também a não consumidores – de vinhos no Brasil (e também aos não consumidores) buscou entender o que leva motiva a maneira de consumir e quais condições seriam necessárias para mudar o padrão de consumo. “A pesquisa visa delimitar as possibilidades para expansão da oferta e quais ações fomentadoras de vendas poderiam ser adotadas”, diz o autor da publicação.
Entre as curiosidades, Salvo aponta as preferências por gênero. O resultado desfaz o mito de que mulheres preferem espumantes quando mostra que cerca de 70% delas optam por vinhos tintos “Qual consumidora, ao entrar numa loja de vinhos, não ouviu como primeira oferta do vendedor um espumante quando estava em busca de um tinto?”, diz o economista.
Outro exemplo diz respeito ao cruzamento entre a faixa de renda do consumidor em relação à faixa de preço dos vinhos. A pesquisa mostrou a predominância dos vinhos com preços entre R$ 30,00 e R$ 50,00 em quatro das cinco faixas de renda.
Salvo acredita que a pesquisa, ao delimitar as possibilidades para expansão da oferta, oferece informações que ajudam a definir quais ações fomentadoras de vendas poderiam ser adotadas. “Sem conhecer os números, muitas iniciativas se tornam um ‘tiro no escuro’”, acredita. De acordo com o autor, há muito a ser feito no mercado de vinho no Brasil.
Sobre o autor
Mauro Salvo é Doutor em Economia pela Universidade Federal do RS (Ufrgs), trabalha no Banco Central e é um estudioso do mercado e da produção de vinhos. Disposto a entender os segredos de uma garrafa de vinho, já visitou vinícolas em vários países e frequentemente segue cursos sobre o tema.
Sobre o livro
Visitando o que pensa o consumidor de vinho no Brasil: um olhar pela lente de um economista traduzido em estatísticas e gráficos; Cinco Continentes Editora; R$ 15,00 no formato e-book pela Amazon.