{{channel}}
Hyperloop pode ligar Porto Alegre a Caxias do Sul
Meio de transporte promete percurso em cerca de 19 minutos
Por mais que pareça uma iniciativa fora da realidade brasileira pelo altíssimo custo, o hyperloop está nos planos do Rio Grande do Sul para instalar a primeira ligação comercial do sistema de transporte de alta velocidade entre duas cidades da América Latina - no caso, Porto Alegre e Caxias do Sul, com paradas em Novo Hamburgo e Gramado.
Em janeiro deste ano, o governo do Estado assinou um acordo com a Hyperloop TT (empresa que detém a tecnologia do sistema) e com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) para que fossem feitos estudos de viabilidade para aplicação da tecnologia no Estado.
Na sexta-feira passada, último dia da missão gaúcha à Europa, a comitiva visitou as instalações do hyperloop em Toulouse, na França. O sistema, quando em plena operação, irá transportar uma cápsula com passageiros ou com cargas, por meio de um túnel de aço. A velocidade máxima pode chegar a 1.200 km/h.
Para o futuro trecho entre a Capital e Caxias, devido ao terreno acidentando no percurso, a velocidade máxima seria de 800 km/h, o que permitiria fazer a viagem em cerca de 19 minutos. O custo estimado para implantação e manutenção do hyperloop no Rio Grande do Sul seria de R$ 7 bilhões, aproximadamente.
Por enquanto, o hyperloop está restrito a um campo de provas na cidade francesa, referência europeia em aeronáutica (é sede mundial da Airbus) e um importante centro de pesquisa francês. Lá foi construído um trecho inicial do tubo, de 320 metros, que passa por testes.
Agora, a próxima fase é iniciar, na prática, os testes com passageiros - o que deve acontecer no próximo ano. Para 2023, segundo os engenheiros responsáveis, está prevista a construção do primeiro trecho comercial do hyperloop em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.
Para que o transporte de passageiros ou de cargas via cápsula funcione, todo o ar é retirado de dentro do tubo. A ausência de ar remove o atrito e diminui o gasto de energia, o que possibilita o deslocamento em alta velocidade.
O conceito foi desenvolvido pelo dono da Tesla, Elon Musk, embora ele não tenha participação comercial nenhum no projeto desenvolvido em Toulouse. A Hyperloop TT foi criada há sete anos por um grupo de investidores. A empresa já investiu US$ 55 milhões no desenvolvimento e testagem da tecnologia. A ideia é que o hyperloop utilize apenas energia solar para seu funcionamento.
Confirme explicou o governador Eduardo Leite, o hyperloop deverá ser construído via iniciativa privada no Rio Grande do Sul. O Estado apoia o desenvolvimento, mas não deve entrar com aportes financeiros. "É um meio de transporte disruptivo, seguro. O deslocamento ocorre em um ambiente seguro, controlado, e tem tudo para ser o transporte do futuro", destacou Leite.
Resultados práticos devem fomentar economia gaúcha
Após sete dias de um roteiro pela Espanha e França, o resultado da missão gaúcha na Europa tem resultados que, caso confirmados na prática, poderão incrementar a economia do Rio Grande do Sul em áreas como energia, infraestrutura, tecnologia e inovação. Um projeto que passou de R$ 4 bilhões para R$ 6 bilhões ficou mais próximo da realidade: a construção de uma usina termelétrica a gás, em Rio Grande, liderada pelo grupo espanhol Cobra. O governo trabalha na concessão da licença de instalação para, enfim, permitir que as obras iniciem já em 2022. A operação comercial ocorreria a partir de maio de 2024.
Depois, viria uma segunda etapa: a construção de um gasoduto ligando Rio Grande até a Região Metropolitana de Porto Alegre. Também será possível transportar o gás via barcaças, pela Lagoa dos Patos, para abastecer a demanda do Polo Petroquímico de Triunfo.
Outro saldo positivo da viagem foi a confirmação de Porto Alegre como sede da primeira edição da South Summit fora da Europa, em março de 2022. Tanto governo gaúcho quando a prefeitura da Capital e o Parlamento abraçaram a ideia. A expectativa é que o evento, que une startups e investidores, aconteça em uma estrutura aberta, especialmente criada para a ocasião, na região da orla revitalizada, incluindo armazéns do Cais e Usina do Gasômetro (que depende de avanço nas reformas).
Com a agenda de privatização andando - caso de CEEE-G, Sulgás e Corsan - boa parte dos encontros do governador Leite na Espanha versou sobre este tema, principalmente com gigantes da área de infraestrutura, como a Sacyr (atual concessionária da RSC-287, entre Santa Maria e Taquari). A empresa tem uma divisão de água e saneamento e pode ser uma das interessadas na venda de ações da Corsan, prevista para ocorrer em fevereiro de 2022.
Já a Elecnor é dona da Enerfin, responsável pela implantação do Parque Eólico de Osório, ainda hoje um dos maiores da companhia no mundo. A Iberdrola, por sua vez, pretende erguer um megaparque eólico offshore (no mar), próximo da costa de Tramandaí. Caso concretizado em sua totalidade, o investimento deverá chegar a R$ 30 bilhões, o maior da história do Rio Grande Sul. Leite conversou com estas empresas, ainda, sobre projetos do setor eólico que o governo pretende desenvolver na Lagoa dos Patos.
As reuniões incluíram também conversas com empresas que já mantêm forte relacionamento com o Rio Grande do Sul, caso do Santander. O banco espanhol opera, em Novo Hamburgo, seu maior call-center de vendas do Brasil, com 4,5 mil vagas de trabalho, e deve ampliar a operação. O governador visitou ainda a sede da Telefônica para conhecer as funcionalidades da rede 5G da empresa, a maior da Europa. No Brasil, a Telefônica é dona da Vivo, maior operadora de telefonia móvel.
Instituto de Educação será sede de Museu Escola do Futuro
Uma das reuniões realizadas em Madri promete instalar, no Rio Grande do Sul, o projeto Museu Escola do Futuro, que ficará localizado no Instituto de Educação Flores da Cunha, em Porto Alegre.
A ideia é fomentar a ciência e a tecnologia, além da cultura e da educação, por meio de atividades de promoção de políticas públicas, organização e realização de eventos, pesquisas e estudos.
Para tanto, na capital espanhola, o governo gaúcho assinou um protocolo de entendimento com a Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Tecnologia (OEI) e o Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG). A formalização é necessária para que a OEI remunere os serviços do IDG. Não haverá custos para o Estado durante a etapa de concepção.
"Esta assinatura é cheia de significado. Daremos direcionamento a um dos prédios icônicos que temos na capital do Estado, o Instituto de Educação, que se tornará o Museu da Escola do Futuro", ressaltou Leite, na ocasião. Agora, tanto a OEI e o IDG, responsável pela gestão do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, devem realizar workshops para pensar o museu no RS.