O Rio Grande do Sul passa a ter esta semana a maior malha regional da Azul, voando de uma capital para localidades do interior, no País. A condição foi exaltada pela Azul como um feito em mais de 60 anos e ainda mais na terra da precursora ex-Varig. Nesta segunda-feira (2), o
primeiro voo dos sete novos que vão começar a ser feitos partiu do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, para Bagé, na Campanha.
A empresa também ativa em outubro mais cinco destinos ligando Porto Alegre diretamente a cidades no interior do Paraná, São Paulo e Minas Gerais.
Pontualmente, por volta das 9h30min, a aeronave com apenas nove assentos Cessna Grand Caravan, que serve o programa Conecta, para voos nas ligações regionais, com todos os lugares ocupados, deixou a pista do aeródromo. O tempo ajudou.
Apesar do céu fechado, não havia o nevoeiro que marca o inverno. Jatos de água lançados por caminhões da brigada de combate a incêndio do Salgado Filho fizeram o tradicional batismo do voo, dando banho no Cessna.
Estreia do voo para Bagé teve o tradicional batismo com jatos de água sobre a aeronave Cessna. Fotos: Luiza Prado/JC
A previsão era de um voo de uma hora e meia - o Caravan tem velocidade de 300 quilômetros por hora -, mas um pequeno contratempo adiou um pouco o pouso no destino.
Nevoeiro no aeroporto de Bagé obrigou uma parada em Pelotas às 11h05min. Às 11h25min, o avião decolou e aterrissou às 12h18min na cidade da campanha. Depois, o Cessna partiu para Alegrete. Excepcionalmente nesta segunda, foi feita a escala. Nos demais dias, os voos serão diretos da Capital para as duas cidades, ida e volta, segundo a Azul.
O contratempo que aumentou em mais de uma hora o tempo da viagem mão incomodou os passageiros:
"Viajo muito de avião e é um fato corriqueiro", comentou o fotógrafo e administrador de sistemas Rogério Jacques, que comprou o bilhete logo que abriu a venda. Jacques foi até Alegrete, onde vai visitar a famíia. "Estou com um familiar doente, e o voo agilizou muito a minha ida", comentou o fotógrafo. De ônibus ou carro, seriam mais de cinco horas na estrada. Mas outra razão pesou ainda mais na escolha do meio aéreo:
Silva (à esquerda) e Jacques esstão entre os passageiros precursores no voo para a Campanha e Alegrete
"Este é um voo bem emocional para mim. Morei muito tempo perto do antigo aeroporto em Alegrete. Sempre via os aviões descerem e subirem e pensava: 'Um dia, quem sabe, vou estar em um deles. Hoje estou realizando este sonho".
Já outro passageiro, o comerciante Dario Dario Micael Aurelio da Silva, mora em Farroupilha e fez o trajeto de carro da cidade na Serra Gaúcha para embarcar na Capital.
"Estou indo a passeio para Alegrete. Conheço diversos aeroportos pelo mundo, mas pela primeira vez estou indo para a minha cidade de avião. É uma alegria muito grande chegar em Alegrete de avião", resumiu o comerciante, que bolou uma frase bonita para marcar o momento:
"Um voo simples para um homem, mas um grande voo para uma comunidade". No portão de embarque, após validar a passagem, Silva gritou sobre o destino: "Vou para Alegrete, a capital do mundo".
Companhia planeja mais voos e ressalta capilaridade da malha gaúcha
"Nunca inauguramos tantas bases de uma vez só", destacou Ronaldo da Silva Veras, assessor para assuntos institucionais da Azul, reforçando a relevância da conexão feita a partir de Porto Alegre. O assessor observou ainda que a reativação da malha no Estado já foi feita 100%, considerando voos para outras regiões, e agora a empresa vislumbra novos mercados, ampliando destinos para o público gaúcho.
"Isso vai implicar em mais frequência e aeronaves maiores. Nos últimos 60 anos, o Estado nunca teve uma malha tão capilarizada", reforça Veras, que apontou a mobilização do governo, cidades e Assembleia Legislativa, por meio da Frente Parlamentar da Aviação, como decisiva na ativação das rotas.
O governador Eduardo Leite, que cortou a fita azul inaugural do embarque, apontou que a nova oferta deve ser buscada por segmentos como universidades, executivos, empresas com negócios no Estado ou fornecedores e até mesmo investidores que podem escolher aportar recursos no Estado devido à condição de transporte.
Leite, representantes da aérea, deputados e integrantes do governo cortaram a fita azul da estreia do voo
Leite lembrou que a ampliação que torna a malha gaúcha a maior no País foi efeito de uma negociação por meses com a Azul. O principal impulso veio da redução do ICMS sobre o querosene de aviação, medida que teve os primeiros dispositivos no governo de José Ivo Sartori (MDB, 2015-2018) e passou por revisão no atual. O uso do incentivo está condicionado à maior oferta de assentos e frequência de voos.
O governador citou que o Estado negocia com a companhia GOL a oferta de mais opções regionais. "É grande a perspectiva de que a aérea seja a próxima a anunciar novas rotas no interior do Estado e até para outras cidades de fora do Estado, com ligação direta de municípios gaúchos", adiantou Leite.
As ligações da Capital pela Azul são, além de Bagé e Alegrete, Erechim, Santa Cruz do Sul, Santa Rosa, São Borja, Vacaria e Canela. A oferta será ativada ao longo da semana, diz a aérea. A Azul também oficializou cinco novos mercados partindo de Porto Alegre, a partir de outubro: Maringá e Londrina, no interior do Paraná, Uberlândia, no Triângulo Mineiro, e São José do Rio Preto e Ribeirão Preto, no interior paulista.
A inclusão das novas operações fará com que a Azul tenha, em média, 54 decolagens diárias a partir do Estado, sendo 12 pela Azul Conecta.