A fabricante de calçados femininos Bottero deu aviso prévio para cerca de 150 funcionários em sua unidade em São José do Hortêncio, no Vale do Caí. O anúncio foi feito na semana passada. Segundo o presidente da Associação do Comercio, Indústria e Serviços do município (Acis), Gerhard Koch, os trabalhadores seguem em atividade por mais 30 dias, período em que a empresa deverá avaliar se manterá o funcionamento da planta.
Além disso, outros 40 funcionários da unidade da Bottero em Parobé também foram demitidos. De acordo com João Nadir Pires, presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Calçado e do Vestuário do Rio Grande do Sul (Feticvergs), o total de demissões na empresa deve passar de 200 funcionários, incluindo alguns trabalhadores nas unidades de Agudo e Travesseiro.
Nesta segunda-feira (5), a unidade de Parobé realizou feriado prolongado. A medida, segundo Pires, foi programada para ajustes na produção. A reportagem do Jornal do Comércio tentou entrar em contato com a empresa, mas não obteve respostas. Em seu site, a Bottero informa que possui 2,5 mil funcionários e produz 20 mil pares de sapatos .por dia em suas fábricas de Parobé, Travesseiro, Arroio do Meio, São José do Hortência e Agudo
Em 1998, a Bottero já
havia fechado quatro fábricas e demitido 630 funcionários. Na época, foram encerradas as atividades nas unidades produtivas de Osório, Santo Antônio da Patrulha, Nova Petrópolis e em um dos pavilhões de Parobé. Apesar do corte, a empresa manteve 2,4 mil funcionários em outras 14 fábricas, sediadas em Parobé, Agudo, Arroio do Meio, São José do Hortêncio e Travesseiro.
Segundo o presidente da Acis de São José do Hortêncio, a esperança é de que a fábrica não feche as portas, devido ao forte impacto econômico que a medida teria no município. É uma das poucas empresas de grande porte que temos, com um número grande de funcionários, o que impacta em toda uma cadeia que gira ao redor desses trabalhadores”, alerta Koch.
O anúncio das demissões na Bottero não foi uma surpresa para o presidente da Feticvergs, diante da insegurança geral do setor calçadista com a situação econômica gerada pelos efeitos das medidas de isolamentos social para o combate da pandemia de Covid-19. “Os pedidos de compradores estão mais baixos, e isso foi sentido agora durante a Páscoa, que foi uma data perdida. Até mesmo as vendas para o Dia das Mães, que está para chegar e é um dos picos de comercialização do ano, já preocupam”, alerta Pires.
Em 2020, devido aos efeitos econômicos gerados pela pandemia de Covid-19, o setor calçadista perdeu 21 mil postos de trabalho em todo o Brasil, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). Entretanto, em 2021, o emprego nas empresas do setor vem apresentando recuperação. De acordo com a entidade, as calçadistas brasileiras geraram 18,6 mil postos de trabalho no primeiro bimestre. Desse total, 6,26 mil vagas foram criadas no Rio Grande do Sul.
Apesar dessa recuperação de vagas, as empresas calçadistas encerraram os dois primeiros meses do ano empregando 265,9 mil pessoas, 6,4% menos do que no mesmo período de 2020. No Rio Grande do Sul, principal empregador do setor no Brasil, respondendo por 30,8% do total de postos gerados na atividade, as indústrias de calçados fecharam o primeiro bimestre com 81,9 mil postos diretos gerados, 11,4% menos do que no mesmo período de 2020.