Com base na ação civil pública feita pelo Ministério Público do Estado, justificado sobre a teoria de que as propostas da Prefeitura estavam em desacordo com as regras da bandeira preta do Sistema de Distanciamento Controlado, a decisão judicial inviabilizou o decreto e mandou fechar as lojas não essenciais nos finais de semana. "Entendemos que o comércio é um lugar seguro, visto que os protocolos são cumpridos de forma rígida, mas a entidade orienta que os empresários cumpram a decisão judicial", afirma o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, Irio Piva.
"No entanto, defendemos a reabertura das atividades essenciais no sábado e no domingo, uma vez que entendemos que quanto mais horário disponível para as pessoas realizarem suas compras, menor o risco de aglomeração e de contágio", pondera o dirigente da CDL-POA. "O prefeito Sebastião Melo avisou que a Prefeitura vai recorrer desta decisão judicial, então vamos aguardar."
Durante três semanas, desde que Porto Alegre foi classificada com a bandeira preta, as lojas de comércio não essencial da Capital ficaram de portas fechadas. Na última segunda-feira (22), com a
adoção das medidas de cogestão pela Prefeitura, os empresários do comércio e dos serviços não essenciais puderam retomar as atividades, porém com dias e horários restritos: somente de segundas a sextas-feiras, até às 20h (tanto na rua como nos shoppings-centers).
No caso de bares e restaurantes, o horário definido para fechamento é 18h. "Isso é um problema sério para este segmento, que já está com a economia bastante debilitada, porque à noite é justamente onde os bares e restaurantes mais faturam. Os prejuízos para estas empresas serão grandes", avalia Irio Piva. Ele destaca ainda que o sábado é o principal dia para todo o comércio. "Representa às vezes o faturamento de dois ou três dias da semana", compara. "E mesmo que o domingo não seja tão importante, quanto o sábado, neste momento de crise, cada pouquinho ajuda, porque muitas atividades estão em sérias dificuldades."
O dirigente ainda opina que se o cenário não mudar, a tendência é de que parte das empresas não resistam a mais um período de prejuízos. "Em 2020, o setor sofreu grandes perdas, com as lojas de produtos e serviços não essenciais fechadas por mais de quatro meses", recorda.
O vice-presidente do Sindilojas Porto ALegre, Arcione Piva, concorda. "As empresas do varejo trabalham com protocolos rígidos, onde o distanciamento é aplicado acima do recomendado, com pelo menos uma pessoa a cada 8m², uso de máscara o dia todo, álcool em gel e pulverizador de ambientes." O dirigente do Sindilojas afirma que o Sindicato enxerga esta "situação de abre e fecha com muita preocupação". "A categoria vem amargando prejuízos grandes nos últimos 12 meses, com o comércio não essencial fechado por mais de 150 dias ano passado, não tem mais fôlego", adverte.
Segundo Piva, o Sindilojas Porto Alegre vem trabalhando para que os governos municipal e estadual "se entendam e entrem em consenso". "Do jeito que está se gera muita insegurança para o empresário e para o consumidor. As empresas estavam abrindo as portas às 8h, e às 8h30min teve o cancelamento, ficaram 30 minutos abertos, causando prejuízo e transtorno". Piva avalia que a situação não afeta somente os empresários. "Muitos vendedores dependem de comissão para ganhar melhor, e se a loja fica fechada, não vendem, portanto também não ganham os recursos que já estavam previstos para pagar as contas do orçamento doméstico."