A defesa de um modelo de cogestão permanente, sem a possibilidade de novas suspensões, que atenda às especificidades dos municípios da Região Metropolitana, e permita a reabertura responsável de comércio e serviços até o final da pandemia, mediante adoção de rígidos protocolos sanitários, é o que será defendido pelas
entidades representativas dos principais setores de Porto Alegre, e apresentado, nos próximos dias, ao prefeito Sebastião Melo e ao governador Eduardo Leite.
Em reunião com o prefeito e o secretário-adjunto de Desenvolvimento Econômico da Capital, Vicente Perrone, no final da tarde desta terça-feira (16), representantes de 20 entidades defenderam a necessidade urgente de uma "retomada responsável das atividades", sob pena de fechamento de empresas e negócios. Desde que os protocolos da bandeira preta passaram a vigorar em todo o Estado, e as restrições noturnas às atividades foram impostas, os empresários vêm enfatizando que o agravamento da pandemia não é culpa dos varejos e serviços, e buscado alternativas para reverter as medidas restritivas.
Segundo o presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre (Sindilojas-POA), Paulo Kruse, empresários e prefeitos ligados ao Consórcio dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (Granpal) deverão apresentar sugestões para a volta das atividades econômicas e elaborar um documento conjunto, a ser encaminhado aos governos. No final da tarde desta quarta-feira (17), as entidades se reúnem para consolidar suas propostas e encaminhá-las a Melo, que ficará responsável por repassá-las ao governador até sexta-feira (19). "Precisamos manter a cogestão definitivamente, mas apresentar um plano adequado às necessidades dos setores e prefeitos da Região Metropolitana", afirmou Kruse.
A medida também é defendida por Melo, que desde o início da gestão ressalta a necessidade de desvincular Porto Alegre e as maiores cidades do entorno da Região 10 do distanciamento controlado e chegou, inclusive, a cogitar a criação de um modelo próprio de bandeiras para a Capital. "Não acreditamos que a cogestão seja apenas baixar bandeiras, e sim ter corresponsabilidade nas decisões. Não se acaba com a pandemia por decreto, temos de ter apoio e conscientização da população para não aglomerar, e fazer a cidade funcionar", aponta o secretário Perrone.
O prefeito teria se posicionado nesse sentido durante a reunião com os empresários, e já defendido a Leite, em
reunião no Palácio Piratini, a necessidade de retomar a cogestão de forma permanente, sem possibilidade de nova suspensão por parte do Estado. A interlocutores, Melo teria dito que o "efeito sanfona" da cogestão tem sido mais danoso aos cofres dos municípios do que muitas restrições. Ele também se queixa do fato de a decisão de suspender a gestão compartilhada do distanciamento controlado ter sido unilateral do Executivo gaúcho, sem um amplo debate com os municípios.
"Penso que a retomada da cogestão, se houver, deva ser definitiva, até o fim da pandemia. Além disso, os municípios de uma mesma região precisam estar alinhados e participar do processo de criação dos protocolos. Somos cidades conurbadas e devemos ter uma posição única", destacou Melo, que busca a construção de uma alternativa coletiva com setores e demais prefeitos da Região Metropolitana.
Melo rejeita também a possibilidade de o RS vir a retomar a cogestão na próxima semana, porém com adoção de protocolos de bandeira vermelha mais rígidos do que antes, o que, segundo ele, não resolveria os problemas econômicos causados pelas restrições da bandeira preta. "Precisamos, neste momento, é de razoabilidade", complementa o secretário Perrone.