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Expansão energética no RS foi tímida em 2020
Rio Grande do Sul correspondeu apenas a 1,3% da ampliação da produção de eletricidade no Brasil, informa a Aneel
Apesar das dificuldades enfrentadas em 2020 com a pandemia do coronavírus, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) liberou no ano uma capacidade de geração de energia de 4.932 MW para entrada em operação comercial - uma potência suficiente para atender a 6,1 milhões de pessoas. Com esse resultado, o órgão regulador ultrapassou em mais de 800 MW a meta inicial estipulada para 2020. No entanto, analisando apenas o desempenho do Rio Grande do Sul, o Estado apresentou uma evolução de somente 1,3% do total nacional, agregando 66,57 MW.
Esse saldo coloca os gaúchos na 10ª posição do ranking dos estados que mais acresceram geração elétrica no ano passado, atrás de Sergipe (1.515,64 MW), Piauí (1.180,21 MW), Rio Grande do Norte (641,83 MW), Bahia (539,76 MW), Amazonas (230,49 MW), São Paulo (165,41 MW), Ceará (123 MW), Amapá (90 MW) e Minas Gerais (90 MW). No somatório geral, foram inauguradas usinas em 20 estados.
Os dados da Aneel indicam que cinco pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) entraram em operação no Rio Grande do Sul em 2020, somando uma potência de 62,767 MW, e ainda houve uma ampliação eólica de 3,8 MW (essa última iniciativa trata-se do incremento de potência do parque eólico do grupo Honda, em Xangri-lá).
O coordenador do Grupo Temático de Energia e Telecomunicações da Fiergs, Edilson Deitos, destaca que, nos últimos anos, vários projetos de energia ficaram represados no Estado por problemas ambientais ou por limitação no sistema de transmissão. Porém, o dirigente está otimista que essas dificuldades sejam superadas e aumente o número de empreendimentos construídos no Rio Grande do Sul.
Deitos reforça que, como o sistema elétrico nacional é interligado, o fato de não haver novas plantas gaúchas entrando em operação não significa que haverá dificuldades quanto ao fornecimento de energia local. No entanto, ele frisa que as implantações de usinas propiciam emprego e renda e, além disso, por estarem mais próximas do chamado centro de carga implicam maior segurança para o abastecimento energético regional. "E criam receita tributária para os municípios onde se instalam", ressalta o integrante da Fiergs.
Já o presidente do Sindicato das Indústrias de Energias Renováveis (Sindienergia-RS), Guilherme Sari, comenta que era esperado que em 2020 o Estado não tivesse um incremento da sua potência instalada muito relevante. " Nossa malha de conexão (de transmissão de energia) ainda não está consolidada", aponta. No entanto, o dirigente também salienta que o Rio Grande do Sul vive a iminência da entrega de obras de transmissão, no segundo semestre deste ano e na primeira metade de 2021, que deverão melhorar esse cenário. O "déficit" no sistema foi ocasionado por uma série de obras que não foram finalizadas pela Eletrosul e tiveram que ser relicitadas.
Sari acrescenta que outro fator que fez com que estados do Nordeste, por exemplo, tivessem um crescimento maior da produção de energia do que os gaúchos foi o elevado nível de competitividade de usinas eólicas e solares naquela região. Entretanto, o presidente do Sindienergia-RS vê cada vez mais próximo o dia que o Rio Grande do Sul retomará a implantação de parques eólicos de maior porte. O dirigente cita que um dos caminhos para projetos dessa natureza é o do mercado livre (formado por grandes consumidores, como indústrias e shoppings, que podem escolher de quem vão comprar a energia).
Por sua vez, o diretor do departamento de energia da Secretaria estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura, Eberson Silveira, argumenta que, apesar da participação total do Estado na ampliação da geração de energia do País não ter sido tão relevante em 2020, no segmento de PCHs o resultado é expressivo. Ele frisa que cada MW instalado dessa fonte significa investimentos na ordem de R$ 5,5 milhões. Silveira prevê que tanto esse tipo de geração de energia como outras devem se desenvolver mais intensamente no Rio Grande do Sul nos próximos anos.
Somente em projetos eólicos, Silveira informa que existem tramitando no Estado em torno de 10 mil MW de potência instalada.
Fontes térmica e eólica cresceram em todo o País
No total do Brasil, segundo a Aneel, dentre as fontes de geração com entrada em operação em 2020 aquela que apresentou o maior percentual foi a térmica, com 63 usinas e 2.235,1 MW acrescidos representando 45,3% da potência instalada no ano passado. Contribuiu para esse número a liberação para operação, em março, da usina termelétrica Porto de Sergipe I, em Barra dos Coqueiros/SE, com capacidade de geração de 1.551 MW - considerada a maior planta movida a gás natural na América Latina. Já a fonte eólica ficou em segundo lugar em acréscimo ao sistema elétrico brasileiro, com 1.725,8 MW em 53 usinas, o equivalente a 34,9% do total do ano. A fonte solar, com 793,2 MW instalados (16% da soma final) em 21 empreendimentos, foi a terceira em evolução.
O Brasil terminou 2020 com a capacidade instalada de 174.412,6 MW de potência fiscalizada. Desse volume em operação, 74,76% das usinas são impulsionadas por fontes consideradas sustentáveis, com baixa emissão de gases do efeito estufa, de acordo com a Aneel.