O Rio Grande do Sul adicionou no ano passado em sua malha de transmissão de energia apenas 58 quilômetros em novas linhas. Esse resultado considera estruturas que deslocam enormes volumes de energia e não linhas de menor tensão, que são utilizadas pelas distribuidoras e que chegam nas residências da população, por exemplo. Dos territórios que tiveram algum aumento da extensão dos complexos de transmissão, o Estado foi o que verificou menor ampliação, representando menos de 1% do total registrado no Brasil (6.159,34 quilômetros - uma vez e meia a distância do Oiapoque (AP) ao Chuí, em linha reta).
Apesar do discreto número no Rio Grande do Sul, 11 estados sequer chegaram a ter novas linhas construídas em 2020: Santa Catarina, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Mato Grosso, Piauí, Tocantins, Alagoas, Amazonas, Acre, Roraima e Amapá. De acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), os gaúchos tiveram acrescentados ainda 420 megavolt-ampères (MVA) em transformadores de subestações no ano passado, sendo que o País como um todo somou 14.485,33 MVA ao Sistema Elétrico Interligado Nacional.
O coordenador do Grupo Temático de Energia e Telecomunicações da Fiergs, Edilson Deitos, destaca que o relatório da Aneel baseia-se em obras já concluídas. No caso do Rio Grande do Sul, o dirigente projeta um futuro mais promissor para a área de transmissão do que o concretizado em 2020. "Temos no Estado mais de 3,5 mil quilômetros em linhas a serem executados", aponta Deitos. Conforme o integrante da Fiergs, esses empreendimentos devem ser colocados em operação ao longo de 2021, 2022 e 2023. Ele acrescenta que esses complexos estão dentro dos seus cronogramas ou até mesmo adiantados.
Essas estruturas estão sendo desenvolvidas em diversas regiões como a Serra, Metade Sul, Fronteira Oeste e região Metropolitana de Porto Alegre. Deitos argumenta que investimentos no fortalecimento do sistema de transmissão são essenciais por dois principais motivos. Uma malha mais robusta permite que novas usinas sejam construídas no Estado, pois se não tiverem essa condição, não há como escoar a energia a ser gerada. Outra vantagem é a maior segurança quanto ao fornecimento da energia elétrica. Quando a quantidade de linhas de transmissão é reduzida, o desarme de uma estrutura como essa, por um temporal ou outro fator, pode implicar um apagão generalizado em uma região. Se for possível contar com mais de uma linha, a remanescente pode suprir a que apresentou problemas até ser encontrada uma solução.
No âmbito geral, os estados com maior quilometragem concluída de linhas de transmissão em 2020 foram, nessa ordem, Bahia (1.428,5 km), Pará (1.011 km) e Minas Gerais (842,5 km). Em potência ativa acumulada no ano, estão na dianteira São Paulo (3.607 MVA), Pará (2.350 MVA) e Minas Gerais (2.075 MVA).