Com contrato firmado para entregar sua geração até janeiro de 2023, depois de vencer um leilão de energia promovido pelo governo federal em dezembro de 2017, o projeto termelétrico Cambará ainda não teve suas obras iniciadas.
O diretor-executivo da Omega Engenharia, Carlos Eduardo Trois de Miranda, detalha que a licença ambiental de instalação da usina já foi obtida, porém, para seguir adiante, a iniciativa ainda espera o licenciamento da linha de transmissão que conectará o complexo ao sistema elétrico interligado nacional.
Essa estrutura, com tensão de 138 kV, possuirá 43 quilômetros de extensão, ligando a térmica em Cambará do Sul até uma subestação em São Francisco de Paula. O dirigente ressalta que não adianta ter a usina pronta se houver algum problema e a linha não estiver concluída para escoar a energia. Somados, os empreendimentos absorverão um investimento estimado atualmente em R$ 320 milhões. Miranda destaca que a autorização dos dois complexos é fundamental para formatar o financiamento das ações.
O diretor-executivo da Omega Engenharia afirma que a expectativa é que a liberação da linha ocorra a qualquer momento. "Passamos um ano inteiro entregando documentos e foram pedidos mais, agora em dezembro entregamos a última solicitação da Fepam e estamos aguardando para ver o que acontece, se emitem a licença ou vão pedir mais alguma coisa", comenta o executivo. Ele adianta que, em condições normais, a implantação de uma usina como a de Cambará leva em torno de 24 meses. Miranda diz que a meta é recuperar o atraso e espera que em janeiro ou fevereiro seja possível receber a licença da linha para iniciar a implantação do projeto.
O dirigente admite que o tempo que está levando para conseguir a autorização para a linha é algo preocupante. De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul (Sema), o processo de licenciamento da termelétrica Cambará encontra-se em análise e, se não houver a necessidade da complementação de informações, deve ser definido antes do final do primeiro trimestre deste ano.
A termelétrica prevê uma capacidade instalada de 50 MW (aproximadamente 1,5% da demanda de energia elétrica do Rio Grande do Sul). A usina será alimentada por resíduos da cadeia madeireira e, produzindo à plena capacidade, a planta poderia consumir até 500 mil toneladas ao ano de madeira, porém a expectativa é que sejam utilizadas de 250 mil a 270 mil toneladas anuais.
A madeira será proveniente dos municípios no entorno da unidade. Miranda enfatiza que uma das vantagens do uso da biomassa é o fato de se tratar de uma fonte renovável. A ideia é aproveitar sobras de serrarias e reflorestamentos, cavacos, serragem, madeira fina e grossa etc.