Próxima de acabar o seu atual contrato de comercialização de energia (iniciado em 1 de janeiro de 2010 e válido pelo período de 15 anos), a termelétrica Candiota 3 estuda as possibilidades para garantir uma maneira de vender mais uma vez a sua geração e assim continuar operando. Segundo a assessoria de imprensa da CGT Eletrosul, proprietária da usina a carvão, a empresa avalia a participação da planta nos leilões de energia existentes (em que concorrem unidades já construídas e não projetos a serem implantados) que vão ocorrer ainda neste ano.
A oportunidade para o empreendimento gaúcho está aberta, pois o governo federal marcou para 11 de junho a realização de um leilão A-4 e de outro A-5 (respectivamente, quatro e cinco anos para a entrega de energia), destinados à substituição de termelétricas a óleo (cujos contratos vencerão nos próximos anos) por unidades a gás e a carvão mineral nacional. Ganham esses certames, e por consequência comercializam suas gerações para o sistema elétrico, as usinas mais competitivas.
Localizada no município de mesmo nome, Candiota 3 tem uma potência instalada de 350 MW (um pouco menos do que 10% da demanda média de energia do Rio Grande do Sul) e foi resultado de um investimento de aproximadamente R$ 1,5 bilhão. Como a termelétrica utiliza como combustível o carvão mineral, a possível manutenção do complexo divide opiniões. O presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), Francisco Milanez, afirma que o ideal seria a desativação da usina. Ele enfatiza que térmicas a carvão emitem CO2 e refletem nas mudanças climáticas, sem contar os impactos ambientais causados com a prática da mineração. "E temos vários caminhos energéticos mais limpos para substituir essa fonte", destaca o dirigente.
Milanez lembra que as gerações fotovoltaica e eólica são mais sustentáveis do que o uso de combustíveis fósseis. Outro fato ressaltado pelo presidente da Agapan é que no caso da usina de Candiota, devido a sua proximidade com a fronteira, o complexo implica também impactos no Uruguai.
Já o presidente da Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura, Paulo Menzel, vê como positiva a perspectiva da manutenção de Candiota 3. "Nós precisamos de energia, não podemos abdicar de qualquer fonte", defende o dirigente. Ele reforça que se houver uma recuperação da economia brasileira pode ocorrer dificuldades quanto à oferta de energia elétrica. Menzel argumenta ainda que as gerações renováveis vêm verificando crescimento quanto à participação nas matrizes energéticas de diversas nações. No entanto, para o presidente da Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura o mundo ainda se abastecerá, por décadas, de duas principais fontes fósseis: petróleo e carvão.