Impactados pelas
novas restrições a eventos no Rio Grande do Sul, empresários de casas de festas criticam a falta de isonomia nas novas regras impostas pelo decreto estadual, publicado na segunda-feira (30), que, entre outras medidas, veda a realização de eventos sociais, como aniversários, formaturas, casamentos e comemorações em geral.
Segundo Janaina Bercht, uma das representantes do segmento em Porto Alegre, onde administra uma casa de festas infantis, o segmento compreende e compartilha a preocupação com o avanço da Covid-19, no entanto, cobra que as medidas sejam comuns a todo os setores, para evitar que apenas alguns paguem o preço de restrições mais rígidas, como ocorre com as casas de festas e de eventos. "Impor o fechamento total apenas ao setor de eventos não é medida salutar. As casas de festas infantil têm e observam protocolos rígidos de segurança e saúde. Foram oito meses fechados e reabrimos por menos de um mês. Alguns locais sequer conseguiram realizar uma única festa. Não foram as pouquíssimas festas realizadas, com número mínimo de pessoas, que contribuíram com o avanço do vírus", avalia a empresária.
De acordo com ela, as medidas impostas pelo Executivo gaúcho "imputam ao setor de eventos a responsabilidade que parece querem lhe atribuir". "Precisamos é de equilíbrio. Precisamos de uma determinação equânime para todos os setores da economia, seja para o controle do vírus, seja para que todas as empresas possam manter a sua saúde financeira", complementa.
Serafim de Souza, representante do segmento no Vale do Sinos, já vinha criticando os limites de público estabelecidos no protocolo estadual que liberou as atividades,
no final de outubro, e que, segundo ele, inviabilizavam a realização de festas. Nesta terça-feira (1), uma carreata do setor começava a ser organizada para a próxima quinta-feira (3), em Novo Hamburgo, para mostrar a força do segmento e em protesto pela realização de uma feira de calçados que está confirmada para esta dada, nos pavilhões da Fenac. "Alegaram que tem um protocolo estadual autorizando este evento, onde vão circular mais ou menos 4 mil pessoas. E nós? Fomos lacrados novamente, não podemos fazer festa com nossos protocolos aprovados e com toda a segurança, restrições severas e limitação de pessoas por festa", destaca.
Souza ressalta ainda que a impressão que fica é de que o segmento está "pagando a conta" da irresponsabilidade dos outros. "Estamos pagando a conta de festas clandestinas, aglomerações e empilhamento de pessoas em todos os lugares, bares, restaurantes, comícios, festas de políticos, praias, shoppings, sem a mínima segurança sanitária e sem nenhuma fiscalização", desabafa.
O empresário ainda critica a suspensão temporária da cogestão, que tira a autonomia da negociação das prefeituras. "Hoje é o decreto ditatorial que manda e as prefeituras terão que seguir ou terão o Ministério Público na cola. Direitos iguais é o que queremos. Vamos mostrar a nossa força e que não podemos mais fechar", completa.