A atividade econômica no Rio Grande do Sul, medida pelo IBCR-RS, aumentou 8,2% entre junho e agosto em relação aos três meses anteriores. No entanto, o crescimento não foi suficiente para recuperar as perdas entre março e maio, os primeiros meses da pandemia de Covid-19, quando houve queda de 10,1%. Apesar da recuperação parcial na margem, o nível de atividade ainda está 2,2% aquém do período pré-pandemia (janeiro e fevereiro) e acumulou contração de 7,2% nos oito primeiros meses de 2020.
As informações constam no Boletim Regional do Banco Central (BC), divulgado nesta sexta-feira (13). O documento destaca que o Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul recuou de forma mais intensa que a média nacional, tanto na comparação do segundo trimestre com o primeiro (-9,7% no Brasil e -13,7% no RS) quanto no acumulado do primeiro semestre do ano (-5,9% no Brasil e -10,7% no RS).
Segundo a análise, a diferença deve-se aos efeitos severos da estiagem na atividade econômica gaúcha. No acumulado do primeiro semestre, o setor agropecuário do Rio Grande do Sul registrou uma perda de -33,3%, enquanto no Brasil houve alta de 1,6%. A indústria gaúcha também teve perdas maiores do que média nacional: -23,3% no Estado contra -6,5% no País.
Somente no setor de serviços o Rio Grande do Sul teve perdas um pouco menores do que o Brasil entre janeiro e junho. A atividade gaúcha nesse segmento caiu 5,4% neste período, enquanto o índice nacional foi de -5,9%. Já no comércio, o Estado registrou queda de 7,2% nos seis primeiros meses do ano, contra 6,9% da média do País.
Na análise para os três estados do Sul, o BC aponta que os indicadores mostram recuperação "gradual da economia, em linha com a evolução relativamente mais positiva da crise sanitária". "Os processos de retomada, estimulados por medidas fiscais e creditícias, mostram-se distintos entre os setores e com baixa intensidade no mercado de trabalho", diz o BC. O nível de atividade no Sul - medido pelo IBCR-S - avançou 5,1% no trimestre encerrado em agosto, na comparação com o finalizado em maio, quando a queda de 7,1% repercutia os efeitos severos da pandemia sobre a região.
Ao analisar os dados de todo o País, o BC afirma que a velocidade da retomada da atividade econômica ainda é incerta. Segundo o boletime, indicadores recentes da atividade "sugerem recuperação desigual" entre setores na economia brasileira. "Os programas governamentais de recomposição de renda favoreceram retomada relativamente forte do consumo de bens. Contudo, várias atividades do setor de serviços, sobretudo aquelas mais diretamente afetadas pelo distanciamento social, permanecem bastante deprimidas", diz a instituição.
Nas regiões do país, o BC avalia que "os movimentos das economias também foram desiguais, refletindo, em alguns casos, a estrutura produtiva distinta, e, em outros, as diferenças do aumento da mobilidade e dos impulsos dos programas emergenciais".
Além disso, o BC alerta que, apesar de melhor dimensionamento dos impactos iniciais da pandemia, “a pouca previsibilidade associada à sua evolução e ao necessário ajuste dos gastos públicos a partir de 2021 aumenta a incerteza sobre a velocidade da retomada da atividade econômica", acrescenta o banco.