Com homologação do novo calado, porto de Rio Grande poderá receber os maiores navios do mundo

Obra de dragagem removeu mais de 16 milhões de metros cúbicos de sedimentos 

Por JC

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Depois de dois anos de obras de dragagem com investimento federal de R$ 500 milhões, o principal porto gaúcho poderá receber embarcações de até 366 metros de comprimento - tamanho dos maiores navios do mundo. Em cerimônia transmitida pelas redes sociais, com a presença do governador Eduardo Leite, do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, e de outras autoridades em Porto Alegre, foi homologado o novo calado do porto de Rio Grande.
Com a remoção de mais de 16 milhões de metros cúbicos de sedimentos, o calado operacional do chamado canal interno, onde estão os terminais portuários mais importantes e com o maior fluxo de cargas, passou de 12,8 para 15 metros. A profundidade, que era de 14,2 metros, agora é de 16,5 metros. Com isso, a capacidade de movimentação passa a atender aos padrões internacionais de navegação, podendo receber embarcações de até 366 metros - uma diferença de 29 metros em relação à capacidade anterior, de 337 metros.
Durante a cerimônia, o governador Eduardo Leite afirmou que o próximo plano para o porto é atender a uma demanda histórica de investidores: tornar a dragagem permanente. "Já estamos trabalhando para evitar que aconteça o assoreamento do canal, regredindo na capacidade de cargas, para então gastar centenas de milhões de reais para recuperar o calado. Estamos montando um termo de referência para que, no primeiro semestre do ano que vem, possamos começar a fazer um investimento de R$ 30 a R$ 40 milhões anuais em dragagem no porto, garantindo permanentemente as cargas dos navios que chegam e saem do nosso RS", afirmou o governador.
Segundo o superintendente dos Portos do Rio Grande do Sul, Fernando Estima, com a homologação - ou seja, a certificação da Marinha, que é a autoridade portuária - será possível garantir fretes mais baratos e seguros. "Isso atrairá armadores internacionais e mais cargas. O porto de Rio Grande se reposiciona como um dos principais portos do Brasil, não só pela infraestrutura que construiu, mas agora pela certificação que ganha com a homologação", afirmou Estima.
Na cerimônia, também foi destacada a transformação da Superintendência dos Portos do Rio Grande do Sul de autarquia em uma empresa pública - a Portos RS. Segundo o governo, a mudança dará mais segurança jurídica e econômico-financeira aos empresários, mais eficiência aos investimentos e um planejamento de longo prazo, que não seja interrompido com a troca de gestores.
Atualmente, passam pelos terminais privados que operam contêineres, graneis agrícolas, fertilizantes, cargas petrolíferas e petroquímicas no porto de Rio Grande mais de 25% do PIB do RS, o equivalente a mais de 40 milhões de toneladas por ano, sendo que a capacidade instalada é de 50 milhões.
O secretário de Logística e Transportes, Juvir Costella, lembrou que junho foi o melhor mês da história do porto de Rio Grande. Pela primeira vez, movimentou mais de 4,4 milhões de toneladas em 30 dias. Além disso, mesmo com a pandemia, o primeiro semestre foi o segundo melhor em total de cargas, chegando a 19,9 milhões de toneladas, valor 6,97% superior ao mesmo período de 2019.
Para o secretário Nacional de Portos e Transportes Aquaviários, Diogo Piloni, a homologação chega em excelente momento, justamente quando se discute o aumento da navegação do país, a partir de projetos como o BR do Mar, de incentivo à cabotagem. "É importantíssimo que a gente tenha portos com porte, com condições, inclusive de serem grandes concentradores de carga. E por que não considerar o Porto de Rio Grande como um porto concentrador da região Sul do país, inclusive do Mercosul?", completou.
Participaram da cerimônia, ainda, o diretor-geral do DNIT, general Antônio Leite dos Santos Filho; o comandante da Capitania dos Portos da Marinha do Brasil, Reinaldo Luís Lopes dos Santos; e o comandante do 5° Distrito Naval da Marinha do Brasil, o vice-almirante Henrique Renato Baptista de Souza.
Histórico do novo calado
O contrato original da dragagem foi assinado em julho de 2015 pela União e, a partir daí, mobilizou o governo do Estado, a então Secretaria dos Transportes e a antiga Superintendência do porto de Rio Grande (SUPRG) para a obtenção da licença do Ibama. Um grupo de trabalho foi criado para atender os critérios técnicos e ambientais. O apoio da Marinha do Brasil foi fundamental ao longo do processo.
O consórcio vencedor da disputa para realizar o serviço foi formado pelas empresas Jan de Nul do Brasil e Dragabrás, que fecharam na época o acordo por R$ 368,6 milhões. Durante o processo, houve judicialização, e o período de obra parada gerou um aumento significativo no custo da obra. Ao final, com todos os aditivos realizados, totalizou R$ 500 milhões de recursos do governo federal.
A obra foi iniciada em agosto de 2018 e, desde então, foram removidos mais de 16 milhões de metros cúbicos de sedimentos do canal de acesso. A homologação do novo calado do porto gaúcho passou oficialmente de 12,8 metros para 15 metros - mais do que a previsão inicial, que era de 14 metros - nesta segunda-feira (26).
Dessa forma, pode receber navios de maior porte e com maior capacidade do que os limites atuais. O novo calado vai permitir que navios cheguem e saiam com maior carregamento de carga, levando ao barateamento do frete e melhores condições para os contratos de seguro.