"Vai poder abrir? Temos de fazer a Ceasa", a pergunta com reforço da razão foi feita por um dos dirigentes de entidades empresariais ao prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior, ao final da videoconferência com os setores, que terminou há pouco nesta quarta-feira (7). A pergunta se referia à
abertura no domingo de shopping centers e restaurantes.
O prefeito prometeu divulgar ainda nesta quarta-feira (7) a definição. A expectativa dos setores é que o aval seja dado para o dia 11, véspera do feriado de 12 de outubro, da padroeira do Brasil, e do Dia das Crianças, data que o comércio espera repor vendas que despencaram na pandemia. As lojas não abrem em
domingos desde começo de julho.
Marchezan disse que havia tido, antes da conversa com as entidades, reunião com o setor de ensino privado e que sua equipe e o comitê de enfrentamento da pandemia iriam ajustar as novas liberações. Tudo indica que a autorização para a reabertura, após dois meses sem o dia da semana em funcionamento, deve ser autorizada. Marchezan não negou a possibilidade em nenhum momento da reunião.
"Vamos ter avanços nos próximos dois meses em ampliação de atividades", limitou-se a garantir Marchezan. A reabertura aos domingos, pedida em documento enviado por 25 entidades de comércio e serviços, deve ser autorizada também pelo menor fluxo do que o esperado na volta às atividades presenciais da educação.
O prefeito citou que a intenção era fazer novas flexibilizações na economia mais à frente. Uma das propostas que surgiu na videoconferência é a de incentivar que as pessoas antecipem as compras de Natal, para evitar maior aglomeração no fim de ano com riscos à contaminação. Caso haja pressão por atendimento, a prefeitura pode ter de recuar em liberações.
"O ideal era o retorno das aulas e depois outras atividades econômicas, mas vai fazer (liberar atividades econômicas), pois há baixo retorno da educação", disse o chefe do Executivo. O prefeito atribuiu o retorno menor na educação a um "boicote explícito dos trabalhadores da educação".
"As creches públicas não retornaram, só as conveniadas, que estão eufóricas com a volta."
Marchezan ainda preveniu que, caso ocorra demanda acelerada por leitos de UTIs, as restrições serão retomadas, mas "não vai começar no ensino, será em outros, pois seria muito negativo restringir de novo no ensino". O prefeito chegou a dizer que descartava uma segunda onda da pandemia na Capital.
Os setores alegam que a Capital já poderia ter a liberação no domingo devido aos protocolos e previsão da bandeira amarela. A Capital está em laranja, mas a cogestão permite adotar procedimentos previstos na cor amarela, de baixo risco para o novo coronavírus.
"Precisa abrir aos domingos", enfatizou um dos executivos do grupo Zaffari, dono das operações do Bourbon Shopping, Claudio Zaffari. Ele reforçou que os estabelecimentos não recuperaram as vendas, mesmo com a reabertura desde começo de agosto, dos demais dias da semana.
"Não conseguimos ver lógica de horários frente à restrição de protocolos. Como não pode deixar entrar todas as pessoas (até 50% da capacidade), os horários precisam ser ampliados", argumentou Zaffari.
A reabertura do cinema foi repetida por vários dirigentes na videoconferência, muitos considerando que se trata de permissão para evitar novos fechamentos de negócios.
"Frente ao comportamento exemplar que todas as medidas geraram, pode dar um passo a frente", observou Zaffari.
A presidente da Abrasel-RS, Fernanda Tartoni, cita que os custos das operações estão voltando, como aluguéis integrais, tributos e até alimentos com aumentos "que não podemos repassar aos preços". Fernanda sugere que possa ter mais de quatro pessoas em um a mesa, limite das regras sanitárias em vigor, mas alega que há muitas famílias com mais integrantes. Marchezan disse que isso será avaliado.
Outra reivindicação foi feita pelo presidente da CDL-POA, Irio Piva, sobre a necessidade de liberar alguns eventos para elevar a atratividade dos estabelecimentos. "A gente vê que os shoppings estão extremamente vazios. É um problema para lojistas e empreendedores. Precisa horário, mas sem número de atividades é difícil viabilizar", ressaltou Piva.
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Leonardo Hoff, diz que a prefeitura trabalha com protocolos sanitários para viabilizar a realização de eventos.
Os setores relataram que as vendas estão entre 30% e 40% do que seria o normal ou frente a 2019. Piva aponta vendas até acima do normal em segmentos como o de pneus e colchões. "Calçados e vestuário sofrem muito. O maior problema é dentro de shoppings, com movimento muito fraco, máximo de 60% do valor de 2019, aquelas em situação melhor", pontuou o presidente da CDL-POA.
"Atividades mais sofridas precisam de atenção especial. É o novo normal chegando", associou Piva.