Um estudo realizado pela BLU365, fintech especialista em recuperação de crédito de pessoas físicas, aponta que os gaúchos que receberam o auxílio emergencial realizaram 10% mais renegociações de dívidas do que os que não foram contemplados com o benefício. O levantamento cruzou dados de 380 mil clientes da BLU365 no Estado com as informações do governo federal. No total, 39% da base da empresa no Rio Grande do Sul recebeu o auxílio.
“O resultado surpreende, por que se esperava que quem recebeu o auxílio, em geral pessoas com renda mais baixa, estivessem com menos capacidade financeira e dedicassem os recursos mais para consumo do que para pagamento de dívidas”, afirma João Henrique Netto, líder de ciência de dados da BLU365 e responsável pelo levantamento.
A dívida média de quem solicitou auxílio na base da fintech no Rio Grande do Sul é de R$ 429, enquanto o endividamento médio de quem não solicitou é de R$ 468 (8,8% maior). “Em geral, as dívidas dos gaúchos são menores do que na maior parte dos outros estados”, aponta Netto. Em todo o País, a média de quem recebeu a ajuda é de R$ 476, enquanto entre os que não receberam é de R$ 510.
Entre os profissionais que renegociaram suas dívidas, os revendedores de produtos cosméticos foram os que mais solicitaram o auxílio (50% deles receberam o benefício). Segundo Netto, esse movimento tem relação com o modelo de negócios do setor. “Muitas empresas de cosméticos dão crédito para as pessoas serem representantes. Esses vendedores só possuem ganho líquido das vendas quando quitarem esse débito. Portanto, acreditamos que esses profissionais buscaram encerrar essas dívidas com o dinheiro do auxílio e, dessa forma, poder efetivamente ter uma fonte de renda extra”, explica.
Segundo a BLU365, 78% dos clientes que receberam o auxílio emergencial têm renda estimada de até 2 salários mínimos. Outros 2,5% têm renda estimada acima de 10 salários mínimos. “O auxílio teve impacto positivo para as finanças dessas pessoas, que buscaram priorizar o pagamento de dívidas de prazo mais longo”, afirma Netto.
Entre todos os clientes da empresa, mais mulheres do que homens receberam o auxílio. O percentual de mulheres que receberam auxílio foi de 72,0%, enquanto 27,0% foram homens e 1,0 % não identificado. A idade média de quem solicitou o auxílio emergencial é de 38,9 anos, enquanto a idade média de quem não solicitou o auxílio é de 48,2 anos.