Bosch comenta que a usina tem possibilidade de enviar energia para os dois países, contudo a maior probabilidade é que essa eletricidade seja destinada a atender à demanda brasileira, já que o parque termelétrico argentino, conforme o dirigente, conta atualmente com suficiente disponibilidade de geração. Já no Brasil, que tem uma importante participação da hidreletricidade na matriz elétrica, em períodos de seca, as térmicas suprem o atendimento da demanda.
No momento, a usina de Uruguaiana não conta com um contrato de venda de energia, porém Bosch frisa que a intenção não é que a unidade gere apenas em situações emergenciais, como aconteceu no passado. Uma das opções para comercializar a geração do empreendimento será através do ambiente do mercado livre (formado por grandes consumidores que podem escolher de quem vão comprar a energia). No entanto, antes disso, Bosch detalha que a Saesa, que é uma comercializadora de gás, precisa assegurar o acordo de fornecimento do combustível através de um contrato com algum produtor e conseguir a liberação das autoridades argentinas para operar. Uma das possibilidades é de o insumo provir da jazida chamada de Vaca Muerta, uma nova fonte de gás de xisto, localizada nas províncias de Neuquén e Mendoza.
Segundo Bosch, para a planta voltar a gerar precisará também que o preço da energia no Brasil seja atrativo. Atualmente, como o coronavírus impactou o consumo de eletricidade no País, os valores do insumo caíram. O presidente de Saesa projeta que nos primeiros meses do próximo ano haverá um cenário mais adequado para que a térmica volte a funcionar.
Grupo AES Brasil focará
em fontes renováveis
Entre os motivos que levaram à venda da usina de Uruguaiana, salienta o CEO da AES Brasil, Ítalo Freitas, está o foco definido pela empresa nas energias renováveis, como a solar e a eólica. Outra área de interesse da AES Brasil é a da geração distribuída, na qual o consumidor gera a sua própria energia. Um dos clientes do grupo nesse segmento é a rede gaúcha de farmácias São João.
Freitas reitera ainda que, desde que entrou em hibernação, a térmica da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul somente operou em períodos especiais, quando o Brasil enfrentou crises hidráulicas. "Agora começa uma nova história", comemora o presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Retomada da Produção de Gás pela Termo Uruguaiana, deputado estadual Frederico Antunes (PP). O parlamentar comenta que o empreendimento, voltando a operar, também contribuirá para reforçar o antigo plano da construção de um gasoduto entre Uruguaiana-Porto Alegre, já que a usina funcionaria como uma "âncora" para o consumo de gás natural.