O segmento de eventos aguarda para a próxima sexta-feira (18) a apresentação de uma contraproposta do governo do Estado sobre os protocolos sugeridos pelo setor para a retomada de atividades, medida que pode destravar de uma vez por todas a flexibilização de eventos corporativos no Rio Grande do Sul, mesmo que voltados apenas para público restrito. Nesta data, é esperada a consolidação efetiva das primeiras medidas de liberação do setor por parte dos comitês científicos e de crise do governo gaúcho.
Nesta terça-feira (15), em encontro com representantes do Comitê de Dados do Executivo e os titulares das Secretarias da Saúde, de Desenvolvimento Econômico e de Planejamento, Orçamento e Gestão, o grupo cobrou uma decisão definitiva sobre a retomada gradual das atividades, paradas há seis meses. No último final de semana, o segmento promoveu
dois eventos-teste bem-sucedidos em Porto Alegre, para demonstrar ao poder público e sociedade a aplicação dos protocolos sugeridos com segurança, vislumbrando a volta do setor a partir de outubro.
Segundo representantes do Grupo Live Marketing RS, que congrega mais de 300 empresas de eventos, o governo elogiou a organização dos testes do final de semana, que simularam um
congresso e feira com palestras no Centro de Eventos da Fiergs e
um show no Auditório Araújo Vianna. Ambos os eventos foram voltados à capacitação de profissionais e fornecedores para a retomada, com aplicação dos
protocolos sugeridos pelo setor, que envolvem medidas de segurança, higiene, distanciamento e uso obrigatório de equipamentos de proteção individual (EPIs).
Diante do êxito das demonstrações, o segmento acredita ser possível obter a liberação de alguns eventos corporativos de menor dimensão, considerando o número de participantes, fluxos de circulação de pessoas, tempo de permanência e tamanho dos locais, visão já levantada pela equipe do governo. Desde agosto o setor aguarda um retorno do Executivo gaúcho a respeito da flexibilização, cobrando isonomia com outros setores que já tiveram a reabertura autorizada, como comércio, bares e restaurantes. No entanto, a autorização da retomada foi condicionada à avaliação dos dados da pandemia a partir da volta às aulas no Estado, previstas para ocorrerem entre 8 de setembro e 12 de novembro para as regiões em bandeira laranja do distanciamento controlado.
Setor de eventos e equipe do governo tiveram mais uma rodada de negociação sobre retomada de atividades. Crédito: Live Marketing RS/Divulgação/JC
Na reunião desta terça-feira, os secretários Cláudio Gastal (Planejamento, Orçamento e Gestão) e Rodrigo Lorenzoni (Desenvolvimento Econômico e Turismo) também defenderam a necessidade de uma resposta definitiva ao segmento e à sociedade gaúcha. Cobrança semelhante também já havia sido feita pelo presidente da Assembleia Legislativa, Ernani Polo, que recebe o Grupo Live Marketing RS nesta tarde para avaliar uma forma de gestionar a questão com o governo estadual.
Os entraves ao andamento da validação dos protocolos estão no Comitê de Dados, que ainda analisa os ajustes necessários para autorizar essa liberação, principalmente no que diz respeito ao teto de ocupação de público nos locais de eventos. De acordo com Rodrigo Machado, um dos coordenadores do Grupo Live Marketing RS, o setor espera que, após o êxito dos testes do final de semana, a resposta tão aguardada venha ainda esta semana. "Todos elogiaram muito a organização dos eventos-teste, que colocaram a olhos vistos os protocolos que organizamos nesse tempo. Por isso, pra nós não há razão para seguir com esse compasso de espera", afirma o empresário.
Enquanto o retorno do Executivo gaúcho não vem, o grupo estuda com a prefeitura de Porto Alegre a possibilidade de criação de uma instrução normativa alternativa para a liberação de eventos pontuais na cidade. A ideia seria contar com um tipo de "alvará pandêmico temporário" de funcionamento para teatros, cinemas, casas de espetáculos. Dessa forma, os locais apresentariam suas sugestões de adequações à prefeitura, a exemplo do que ocorreu para a realização dos eventos-teste na Fiergs e no Araújo Vianna, autorizados e acompanhados de perto pela administração municipal.
Na terça-feira (15), a Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia publicou uma lista dos setores mais prejudicados com a pandemia e elencou o de atividades artísticas, criativas e de espetáculos como o mais impactado pelos decretos de calamidade pública.