Fortemente impactado pelos reflexos da pandemia do coronavírus, o movimento do aeroporto da capital gaúcha vem registrando uma recuperação lenta, porém constante. De acordo com os dados da Fraport Brasil - Porto Alegre, em julho o Salgado Filho verificou 115.492 passageiros, contra 72.315 pessoas registradas no mês anterior. Apesar das notícias positivas, a empresa, que é responsável pela gestão do complexo, espera voltar ao patamar pré-Covid somente em 2025.
Para se ter uma ideia dos reflexos ocasionados pelo vírus, 2020 começou com janeiro tendo um total de 747.145 passageiros passando pelo aeroporto, o melhor desempenho mensal neste ano. E se em julho, apesar da recuperação gradual, foram contabilizados mais de 115 mil usurários, no mesmo mês de 2019 foram registradas 735.807 pessoas. Apesar de demorada, a elevação contínua do fluxo no aeroporto, após a propagação do coronavírus, vem sendo percebida desde abril, quando se alcançou o patamar mais baixo, com 29.228 usuários.
O consultor em aeroportos Fernando Bizarro afirma que o crescimento deverá ser uma tendência a partir de agora. "A menos que haja um retrocesso muito grande no que diz respeito às contaminações, mas quero acreditar que isso não vai acontecer", frisa o especialista. Com a pandemia sendo solucionada ou amenizada, Bizarro argumenta que alguns hábitos difundidos durante o combate ao coronavírus, como a maior utilização das videoconferências, devem fazer com que algumas movimentações não sejam mais realizadas, contudo outras demandas, como a do turismo, retornarão intensamente.
Outro ponto que favorecerá o aeroporto de Porto Alegre, quando confirmado, é a volta da operação dos voos internacionais. A Procuradoria-Geral do Estado (PGE) ajuizou no domingo (13) Ação Cível Originária (ACO), no Supremo Tribunal Federal (STF), solicitando a liberação desse tipo de voos que tenham como ponto de chegada, no Brasil, aeroportos no Rio Grande do Sul. A proibição, prevista na Portaria Interministerial nº 419 e motivada por aspectos sanitários relacionados ao coronavírus, atinge o Estado desde 30 de março.
Em seu argumento, a PGE alegou que o Rio Grande do Sul é um dos seis únicos estados que ainda permanece com restrição para voos internacionais, mesmo tendo uma das menores taxas de óbitos em decorrência do coronavírus do País. Em janeiro, dos 747.145 passageiros que passaram pelo Salgado Filho, 49.368 tinham a chegada ou a partida vinculada a um voo internacional. Uma companhia que planeja voltar a operar nessa modalidade no aeroporto gaúcho a partir de 2 de outubro, não havendo empecilhos, é a TAP, com chegadas e partidas de Lisboa. Antes da pandemia, o complexo operava ainda com ligações com Buenos Aires, Cabo Verde, Cidade do Panamá, Lima, Montevidéu, Punta del Este, Rivera e Santiago.
Sobre as medidas tomadas quanto ao enfretamento do coronavírus, a Fraport informa que, além da rotina usual de limpeza e higienização, reforçada desde o início da pandemia, ações complementares foram adotadas. Sinalizações que reforçam as recomendações feitas pelas autoridades sanitárias brasileiras, como o uso de máscaras e marcadores de distanciamento seguro foram afixadas, bem como alertas sonoros e em vídeo sobre as formas de prevenção e sintomas da Covid-19 estão sendo veiculados no terminal. Também foi disponibilizado álcool em gel nas áreas de grande circulação de pessoas. A empresa realizou ainda a desinfecção do terminal em parceria com o Exército. Além disso, em julho foi instalada uma câmera térmica que mede a temperatura de até 5 mil pessoas em meia hora, de maneira simultânea e sem contato, com alta precisão, sem a necessidade de parar o passageiro.