Em sessão volátil, o contrato futuro de ouro mais líquido fechou em queda nesta quinta-feira (27), após o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, confirmar a esperada mudança da política da autoridade monetária para a inflação. Logo após o discurso, os preços do metal avançaram, com expectativa de juros baixos por um bom tempo, mas perderam força ao longo da sessão enquanto investidores digeriam as mudanças.
Na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), a onça-troy do ouro com entrega para dezembro encerrou em baixa de 1,02%, a US$ 1.932,60.
"Nossa nova comunicação indica que vamos buscar um inflação que fique em média 2%. Com isso, após períodos em que a inflação esteja abaixo de 2%, a política monetária provavelmente buscará mantê-la acima de 2% por algum tempo", explicou Powell, em discurso no simpósio de Jackson Hole, promovido pela distrital de Kansas City do Fed.
Na prática, a política significa que os juros devem permanecer baixos em longo prazo, perspectivas que tendem a sustentar a cotação do ouro. Tanto que, inicialmente, os preços do metal subiram, antes de virar de sinal e encerrarem em baixa.
"Os metais queriam mais substância do discurso. Quando Powell começou a falar, isso impulsionou os metais, mas então os preços começaram a cair. O que o banco central está dizendo é que agora não vai injetar trilhões de dólares no sistema e, sim, focar na economia real", explicou o analista de commodities da RJO Futures, em entrevista ao site Kitco, especializado nesse mercado.
Na avaliação do Julius Baer, a tendência é que o ouro permaneça abaixo da marca de US$ 2 mil a onça-troy. "Embora as incertezas sem precedentes prevalecentes forneçam suporte de curto prazo ao ouro, ainda esperamos que os preços caiam em vez de subir no médio e longo prazo, uma vez que o ambiente econômico deve continuar a melhorar, o que deve pesar sobre a demanda por ativos seguros", destaca, em relatório enviado a clientes.